CONTRABANDO

Cresce o número de apreensões de cigarros no Estado em relação ao primeiro semestre de 2017

Polícia Rodoviária Federal apreendeu 22.379.840 maços de cigarro entre janeiro e setembro de 2017 e 31.338.450 no mesmo período deste ano

Dândara Genelhú, Pâmela Machado e Stefanny Azevedo22/10/2018 - 23h32
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O número de apreensões de cigarros no Mato Grosso do Sul aumentou com relação ao primeiro semestre do ano passado. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Mato Grosso do Sul, entre janeiro e setembro de 2017 foram apreendidos de 22.379.840 maços de cigarro, no mesmo período de 2018, a PRF confiscou 31.338.450 maços. Os dados deste ano, aproximam-se das apreensões do ano passado, que totalizou 32.198.690 maços nos doze meses.

O contrabando é considerado crime pelo Artigo 334 do Código Penal com pena de reclusão de dois a cinco anos. A Lei nº 13.008, de 26 de junho de 2014, define contrabando, descaminho e quais as sanções aplicadas. Segundo a lei, toda importação ou exportação de mercadoria proibida é caracterizada como contrabando, o descaminho é a fraude no pagamento do imposto previsto, seja pela entrada, saída ou consumo de mercadoria.  


O inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Tércio Baggio declara que os locais com maior contrabando de cigarros originários do Paraguai são as regiões de Mundo Novo e Eldorado em Mato Grosso do Sul e Salto del Guairá no Paraguai. O inspetor afirma que essa mercadoria é comercializada por quase todo o país e normalmente são distribuídos a partir do estado de São Paulo. “Muitas vezes eles ganham veículos menores, ou seja, a carga chega em determinados pontos e pode ser repassada por automóveis menores para distribuir nas cidades do interior”.

Tércio Baggio ressalta que ao contrário de outras mercadorias é impossível importar cigarro, até mesmo com recolhimento de imposto, por isso qualquer quantidade se caracteriza como contrabando. Baggio também ressalva os riscos que esses produtos oferecem à saúde do consumidor, por serem fabricados sem controle de qualidade. “Enquanto no Brasil existe uma fiscalização mínima de controle de qualidade, realizada pelas agências do país, no Paraguai não sabemos o que estão consumindo”.

O  economista-chefe da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Normann Kalmus esclarece que a população consome produtos contrabandeados devido a estabelecimentos como o Camelódromo,  que mesmo com a fiscalização do poder público vendem produtos importados ilegalmente.  Segundo Kalmus existe um desequilíbrio na economia devido a concorência  das empresas comerciais com estabelecimentos irregulares que deixam de pagar tributos. “Claro que existem questões nesses produtos que deveriam ser avaliados como qualidade, garantias e uma série de outras questões as quais estão sujeitos os produtos legalizados, mas de uma forma geral as pessoas não querem esse tipo de garantia, não querem saber desse tipo de questão, estão simplesmente interessadas no preço.”

Normann Kalmus ressalta que o contrabando é um problema econômico por afetar a arrecadação de impostos pelo estado. Kalmus comenta que a queda na arrecadação resulta em impactos negativos nas contas públicas. “Os cigarros ou qualquer outro tipo de produto contrabandeado ao pagar os tributos acaba ficando evidentemente mais caro, porque no final das contas quem paga isso é o consumidor final. Quando as empresas  constituídas pagam os tributos, elas têm custos mais altos. São fiscalizadas pelo estado e por tanto tem que pagar os tributos, inclusive antecipadamente no caso do nosso estado. E sofrem a concorrência de quem não está pagando esses impostos que é o contrabandista, que acabam trazendo esses produtos sem pagar esses impostos, portanto os produtos acabam ficando mais barato”.

O auditor fiscal e delegado adjunto da Receita Federal em Campo Grande, Henry Tamashiro de Oliveira explica que o combate ao contrabando de cigarros começa nas barreiras montadas nas estradas. “O estado tem três alfândegas nas fronteiras, em Ponta Porã, Corumbá e Mundo Novo que são independentes de Campo Grande, mas que atuam também fortemente nessa inibição do contrabando. E no trabalho de inteligência nós temos as equipes especializadas, nós também usamos cães de faro, utilizamos helicópteros e utilizamos outros recursos tecnológicos para tentar inibir esse tipo de comércio ilegal”.


Henry Tamashiro ressalta que a Receita Federal tem como missão institucional o controle aduaneiro e a entrada de produtos legais no Brasil, e que a autuação de apreensãoos é de responsabilidade dos auditores fiscais. “Na fronteira a Receita Federal atua em parceria com outros órgãos como o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e a PRF, que estão autorizadas a fazerem as apreensões. Todas as apreensões de cigarro e outros produtos das outras forças policiais são encaminhadas para a Receita Federal para que possam lavrar os autos de infração, fazer os lançamentos e eventuais recursos que julgam necessário”.

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