CRIMES CIBERNÉTICOS

Idosos são principais alvos de crimes virtuais em Mato Grosso do Sul

Criminosos objetivam aposentados e pensionistas, chamados hipossuficientes digitais, pessoas com dificuldades no manuseio de aplicativos, celulares, sem domínio de tecnologia e que informam dados pessoais com facilidade

Sarah Neres, Emilly Oliveira, Eliel Dias e Gabrielly Pedra 1/09/2024 - 13h28
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Mato Grosso do Sul registrou alto indíce de crimes cibernéticos contra idosos, de janeiro à agosto de 2024. Pessoas com mais de 65 anos são mais suscetíveis a golpes virtuais e são as principais vítimas de estelionato eletrônico. Falsos serviços financeiros são um dos golpes cibernéticos mais comuns registrados.

O Estado registrou 792 casos confirmados de estelionato eletrônico com vítimas entre a população idosa. Os números crescentes deste ano somam 18,7% comparados aos anos de 2020 e 2021. Dados do relatório apurado pela Delegacia Geral da Polícia Civíl de Mato Grosso do Sul mostram uma diferença menor comparada ao ano de 2023.

Dados do Anuário Brasileiros de Segurança Pública de 2024, registraram que a população 65+ é a faixa etária mais acometida a ataques virtuais. De acordo com o advogado especialista em Privacidade e Proteção de Dados Pessoais, Raphael Sérgio Rios Chaia Jacob a população idosa é mais suscetível a crimes cibernéticos. "Eles (golpistas) têm mirado mais hoje em aposentados e pensionistas, aqueles que chamamos hipossuficientes digitais. São as pessoas que não são tão versadas em tecnologia e acabam sendo o alvo favorito dos golpistas". 

Meire Regina Betencourt, de 72 anos, foi vítima do golpe do falso funcionário do Banco. Meire Betencourt perdeu todo o dinheiro da sua conta, e teve um empréstimo feito em seu nome. "A voz era de uma moça, ela tinha todos os meus dados pessoais e bancários. Ela foi falando e pedindo para eu confirmar (dados), e quando eu os confirmei ela pediu que eu clicasse em um link que me enviou pelo WhatsApp, com a logo do meu Banco, para confirmar meus dados".

De acordo com o Delegado Titular da primeira Delegacia de Polícia Civil,  Giulliano Carvalho Biacio, fraudes financeiras online são investigadas para confirmar a ocorrência. "A polícia civil colabora com instituição financeira para bloquear as transações ou rastrear o dinheiro. Quando uma investigação envolve depósitos, transferências bancárias ou circulação de dinheiro, principalmente de forma eletrônica, obrigatoriamente tem que fazer esse rastreamento do dinheiro para saber as pessoas que foram beneficiadas direta e indiretamente com esse recurso obtido de forma ilícita". 

PRIMEIRA NOTÍCIA · Delegado Giulliano Biacio fala dos desafios enfrentados nas investigações de crimes cibernéticos

Meire Betencourt após sofrer o golpe, procurou uma delegacia para fazer um Boletim de Ocorrência. "Contei a história e ele (atendente do banco) nos explicou que o que aconteceu é que quando eu cliquei no link que a moça me enviou foi instalado um aplicativo remoto que entrou na minha conta bancária e fez todas as transações. O atendente disse que como tudo foi feito do meu celular, o banco não poderia me ressarcir de nada, pois foi como se eu tivesse autorizado as transações". O funcionário da instituição bancária a instruiu em desinstalar todos os aplicativos e mudar a senha de acesso. 

De acordo com o advogado Especialista em Privacidade e Proteção de Dados Pessoais, Raphael Chaias são necessárias algumas medidas de segurança para evitar cair em golpes. "Desconfiar de todo e qualquer link que você receba por contato de mensagem, de e-mail, não clicar nesses links. Evitar fornecer dados sensíveis como senhas e outros elementos de identificação". 

A Lei dos Crimes Cibernéticos (12.737/2012), sancionada em 2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, determina como crimes atos como invadir computadores, violação de dados de usuários e derrubada de páginas de Internet. A Lei do Marco Civil da Internet (12.965/2014), sancionada em 2014, regula os direitos e deveres dos internautas, e protege os dados pessoais e a privacidade dos usuários, com ordem judicial essa privacidade pode ser quebrada. Crimes cibernéticos têm penas de três meses à dois anos conforme a gravidade da infração. A invasão de dispositivos eletrônicos é classificada como uma transgressão leve, e a violação de segredos comerciais ou industriais é vista como uma ofensa grave.

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