GRIPE AVIÁRIA

Embargo japonês para compra de carne de frango dos produtores de Mato Grosso do Sul é encerrado

Governo japonês suspendeu, em setembro e outubro, as importações de frango e ovos produzidos em Mato Grosso do Sul devido a notificação de um caso de gripe aviária identificado na cidade de Bonito

Luiza Vonghon, Marcus Gonçalves, Mariana Brito e Mariana Piell27/10/2023 - 20h24
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Produtores rurais de Mato Grosso do Sul retomaram as exportações de frango e ovos para o Japão após um mês de embargo econômico. O país suspendeu temporariamente as importações após a notificação de um foco do vírus da Influenza Aviária de alta patogenicidade (IAAP - H5N1) em criação doméstica em Bonito. Os produtos como ovos, aves vivas, carne de aves e derivados foram impedidos de entrar no país.

O Japão importa mensalmente uma média de 2,5 mil toneladas de carne de frango de Mato Grosso do Sul. O país ocupa a segunda posição entre os países importadores de produtos sul-mato-grossenses, com 19,56% da receita e um volume de 19,4 mil toneladas mensais. A China é o país que realiza o maior número de importações de frango sul-mato-grosssense, número que corresponde a 20,96% da receita do estado.

Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) elaboraram novos protocolos para a contenção do vírus. As medidas preventivas são a eliminação das aves infectadas, desinfecção de propriedades, monitoramento constante e a restrição do trânsito de aves e produtos avícolas na região. O Boletim Casa Rural da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) registra que a Argentina foi o segundo maior destino de exportações de Mato Grosso do Sul no primeiro semestre de 2023.

De acordo com o médico veterinário Renato Nunes Toniasso a Influenza Aviária é uma doença diagnosticada por meio de exames laboratoriais moleculares com amostras de secreção nasal ou de fezes das aves sob suspeita ou sob monitoramento. “Os exames devem ser realizados por um médico veterinário oficial ou um médico veterinário autônomo credenciado. Todavia, deve-se lembrar que é necessário a notificação às autoridades sanitárias dos casos suspeitos”.

Segundo Toniasso, evitar o contato direto ou indireto com aves silvestres e pessoas que estejam em contato com aves migratórias e aquáticas são as medidas de segurança que devem ser adotadas pelos produtores e pelos frigoríficos como forma de prevenção e controle da gripe aviária. “As instalações avícolas devem ser protegidas com barreiras físicas, químicas e biológicas a fim de controlar os canais de contaminação ou de transmissão do agente, que é um vírus”. O médico veterinário afirma que o controle do acesso e do fluxo de pessoas às instalações de frigoríficos, veículos e equipamentos presentes nas áreas de criatório, também são medidas de segurança que devem ser adotados pelos proprietários. 

Toniasso enfatiza que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) estabelecem normas sanitárias para a manutenção de frigoríficos de aves. “Existem algumas das normas que são escritas com a finalidade de manter um sistema de vigilância ativo e passivo para detectar, precocemente, qualquer caso para a prevenção, controle e erradicação, seja da alta patogenicidade ou da baixa patogenicidade. Qualquer ocorrência da doença há restrição do trânsito de aves vivas e produtos derivados entre as unidades federativas, a proibição da realização de feiras e exposição de aves vivas”.

O diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold afirma que a Lei Nº 14.696, sancionada em outubro de 2023, permite maior investimento nas ações de combate e materiais destinados à prevenção da Influenza Aviária no estado. A lei estabelece a abertura de crédito extraordinário de R$ 200 milhões para o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que será destinado a aplicação de práticas de defesa agropecuária. O governo de Mato Grosso do Sul receberá cerca de R$ 2,5 milhões do valor total repassado pelo Ministério.

Ingold explica que os recursos financeiros cedido ao estado serão usados para deslocamento de equipes de serviço veterinário oficial, na aplicação dos protocolos de vigilância agropecuária internacional, contratação de mão de obra especializada em desinfecção e na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI's). “Essas ações serão direcionadas com o recurso e contribuirão com o afastamento da gripe aviária no estado de Mato Grosso do Sul”.

O economista Eduardo Matos explica que a cautela das empresas japonesas em importar frango sul-mato-grossense permanecerá após a retirada do embargo. “Não é a primeira vez que um caso de gripe aviária acontece, mas não é algo comum e prejudica bastante a imagem do país enquanto exportador. Mesmo com a retomada, há ainda grande desconfiança por parte do consumidor”. O economista explica que a retomada das exportações é demanda do mercado interno japonês. “Eles precisam que retomem isso para o abastecimento do país deles”.

Matos pontua que a exportação de frango para a China resultou no menor impacto do embargo aos produtores sul-mato-grossenses. “O portfólio de clientes brasileiro é bastante diversificado. Grande parte da carne de frango vai para a China. Mesmo com o embargo do Japão, isso não tem grande impacto no mercado sul-mato-grossense, justamente por essa questão da China ser um grande demandante. Enquanto houver carne brasileira haverá consumidor”.

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