O plantio de eucalipto em Mato Grosso do Sul ocupa um milhão e quinhentos mil hectares na região Leste do estado e compromete a biodiversidade nas áreas ocupadas. As lavouras da espécie atendem a demanda das indústrias de celulose implantadas nos municípios de Ribas do Rio Pardo, Inocência e Três Lagoas. O eucalipto começou ser plantado na década de 1970 e hoje ocupa 99,36% da região Leste.
A extensa área de cultivo provoca desequilíbrio no ecosistema da região, com característica de mata de cerrado e exploração pecuária com plantio de pastagens. O uso de espécie exótica prejudica o manejo do solo e contribui para as mudanças climáticas. A cultura do eucalipto foi introduzida na região para produzir matéria prima para a produção de papel. O eucalipto é uma planta nativa da Austrália que exige um consumo significativo de água para o seu plantio, o que ocasiona a redução dos recursos hídricos regionais.
Os eucaliptos utilizados para extração da celulose reduzem o número de emissões de dióxido de carbono (CO2) em comparação com áreas destinadas ao plantio de outras culturas como milho. O governo do Mato Grosso do Sul utiliza do plantio de eucalipto para atingir a meta de carbono neutro até 2030. O governo do estado se comprometeu a zerar as emições de carbono no estado até 2030, na Conferência das Nações Unidas.
Pesquisa, baseada nos estudos do carbono neutro, identificou as práticas que atuam como fontes e sumidouros das emissões de gás carbônico. De acordo com o professor do curso de Agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Paulo Eduardo Teodoro é possível medir a absorção da radiação solar e a emissão do gás pelo solo. Por meio dos dados obtidos é desenvolvido um modelo matemático para uso de satélites.
O diretor executivo da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore - MS), Benedito Mário Lázaro explica que o objetivo é plantar os eucaliptos na região onde existem áreas de pastagem degradadas. "O primeiro trabalho que nós fizemos foi fazer um levantamento do estoque de quanta madeira plantada nós tínhamos e chegamos a conclusão que tínhamos 90 hectares, hoje temos um milhão e 400 mil, um milhão e 500 de área plantada".
Lázaro enfatiza que na região o plantio de eucalipto aumentou para atender as necessidades de produção de duas fábricas de celulose em Ribas do Rio Pardo. "As indústrias chegam a produzir dois milhões e 500 mil de toneladas de celulose por ano, número que representa uma área em um milhão e 700 mil hectares de madeira plantada. O eucalipto demora sete anos para ser cortado e essa é a matéria prima. Então a gente entende que as empresas que são associadas à Reflore elas têm esse interesse para suprir as necessidades da fábrica".
Segundo o diretor executivo, o estado produz cerca de cinco milhões de toneladas de celulose anualmente. "Além de servir de matéria prima, o eucalipto sequestra mais em relação aos outros biomas. Só no sequestro de carbono, estamos vendo que a pegada é muito mais positiva. Nós trabalhamos com empresas que têm a certificação do Florestry Stewardshiop Council (SFC) um selo que garante gestão sustentável da produção florestal e é uma conexão confiável entre a produção e o consumo responsável de produtos florestais". Lázaro pontua que o plantio de eucalipto em Mato Grosso do Sul contribui para a preservação e diversificação da fauna e flora da região.