A quantidade de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul diminuiu 39,24% de janeiro até agosto deste ano. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) disponibilizou R$ 1,188 bilhão em recursos para compra de imóveis em 2023, R$ 569 milhões a menos do que em 2022. Os valores de juros imobiliários e o aumento do valor do metro quadrado nos últimos quatro anos são causas da diminuição dos finaciamentos.
O valor do metro quadrado no estado em janeiro de 2020 estava em R$ 1.116,50, e em setembro de 2023 o valor era de R$ 1.615,80, aumento de 44,7% por metro quadrado. Os juros imobiliários da Caixa Econômica Federal aumentaram, neste ano, taxa de 9,7%. Mato Grosso do Sul, de janeiro até outubro deste ano, foram financiadas 3.978 residências, 2.569 a menos que em 2022.
De acordo com o economista Eduardo Matos, o valor do financiamento imobiliário, a taxa básica de juros (Selic) e o próprio mercado imobiliário provocaram baixa nos índices de financiamentos. “Uma outra questão é o próprio mercado imobiliário que está pouco aquecido. O mercado imobiliário, como a gente sabe, como a gente sempre utiliza, ele é um termômetro da economia. Quando a economia está bem, o mercado imobiliário costuma estar bem”. Segundo Matos, a construção civil também é afetada com a diminuiução dos financiamentos, pois há redução na quantidade de construções e a demissão de funcionários.
O economista enfatiza que o preço do metro quadrado influencia na diminuição dos financiamentos, que são feitos a partir de faixas de renda das pessoas que contratam o serviço. “Um imóvel, a depender do seu valor, não vai ser liberado para qualquer pessoa financiá-lo. É sempre feito a análise de crédito por parte da credora, no caso, comumente os bancos. Há esse cruzamento de dados entre a renda do contratante e o valor do imóvel”.
O corretor Bruno Cameschi afirma que o mercado de imóveis está em constante ajuste, com variáveis no valor dos juros de financiamento imobiliário. Os juros em bancos privados aumentaram a taxa para 10% neste ano, enquanto no programa Minha Casa Minha Vida os valores variam de 4% a 8%. “As oscilações fazem diferença no mercado. A renda dos clientes não acompanha essas mudanças, os juros sobem e o salário continua o mesmo”.