MERCADO IMOBILIÁRIO

Financiamento de imóveis em Mato Grosso do Sul registra queda de 39% em 2023

O mercado imobiliário em Mato Grosso do Sul teve uma queda na quantidade de financiamentos de janeiro a agosto deste ano; o valor do metro quadrado no estado aumentou 44% nos últimos três anos

Luiza Vonghon, Marcus Gonçalves, Mariana Brito e Mariana Piell14/11/2023 - 15h53
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A quantidade de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul diminuiu 39,24% de janeiro até agosto deste ano. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) disponibilizou R$ 1,188 bilhão em recursos para compra de imóveis em 2023, R$ 569 milhões a menos do que em 2022. Os valores de juros imobiliários e o aumento do valor do metro quadrado nos últimos quatro anos são causas da diminuição dos finaciamentos.

O valor do metro quadrado no estado em janeiro de 2020 estava em R$ 1.116,50, e em setembro de 2023 o valor era de R$ 1.615,80, aumento de 44,7% por metro quadrado. Os juros imobiliários da Caixa Econômica Federal aumentaram, neste ano, taxa de 9,7%. Mato Grosso do Sul, de janeiro até outubro deste ano, foram financiadas 3.978 residências, 2.569 a menos que em 2022.

De acordo com o economista Eduardo Matos, o valor do financiamento imobiliário, a taxa básica de juros (Selic) e o próprio mercado imobiliário provocaram baixa nos índices de financiamentos. “Uma outra questão é o próprio mercado imobiliário que está pouco aquecido. O mercado imobiliário, como a gente sabe, como a gente sempre utiliza, ele é um termômetro da economia. Quando a economia está bem, o mercado imobiliário costuma estar bem”. Segundo Matos, a construção civil também é afetada com a diminuiução dos financiamentos, pois há redução na quantidade de construções e a demissão de funcionários.

O economista enfatiza que o preço do metro quadrado influencia na diminuição dos financiamentos, que são feitos a partir de faixas de renda das pessoas que contratam o serviço. “Um imóvel, a depender do seu valor, não vai ser liberado para qualquer pessoa financiá-lo. É sempre feito a análise de crédito por parte da credora, no caso, comumente os bancos. Há esse cruzamento de dados entre a renda do contratante e o valor do imóvel”. 

O corretor Bruno Cameschi afirma que o mercado de imóveis está em constante ajuste, com variáveis no valor dos juros de financiamento imobiliário. Os juros em bancos privados aumentaram a taxa para 10% neste ano, enquanto no programa Minha Casa Minha Vida os valores variam de 4% a 8%. “As oscilações fazem diferença no mercado. A renda dos clientes não acompanha essas mudanças, os juros sobem e o salário continua o mesmo”. 

A dentista Ana Luiza Fonseca explica que buscou financiar um imóvel em 2020, antes do aumento dos valores no mercado imobiliário. “Especificamente no meu caso, com a pandemia, o que observei foi uma supervalorização dos terrenos, especialmente nos condomínios. Tinha a intenção de comprar à vista, mas com o aumento significativo dos terrenos acabei desistindo da aquisição. As dificuldades atuais estão associadas às taxas de juros para um financiamento. Mesmo com uma possível queda, os valores ainda são altos para assumir uma dívida num cenário de incertezas”.

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