O Índice de Negativação do Comércio (INC), elaborado pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), revelou que as taxas de inadimplência na capital sul-mato-grossense diminuíram. O INC encerrou o mês de outubro em 31 pontos, valor 91,1% menor do que no mesmo período do ano passado, quando a marca atingiu 349 pontos. Segundo os dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, cartão de crédito e carnê são as principais causas do endividamento da população.
Para o economista Normann Kallmus, ainda que o número de pessoas endividadas seja decrescente é preciso acompanhar os indicadores da negativação. “No ponto de vista do comércio, é importante ficar de olho no endividamento das famílias, porque com a crise, a economia não está se retomando com a rapidez imaginávamos".
O poder de compra do trabalhador campo-grandense registrou crescimento no trimestre encerrado em setembro deste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio real habitual ficou em R$ 2.407, valor 11,4% maior que o mesmo período de 2015, quando a estimativa foi de R$ 2.160.
Para a lojista Ana Luiza Medeiros, o endividamento ainda existe, mesmo que a pesquisa indique baixa nos índices da inadimplência. "As pessoas estão comprando menos, o próprio comércio têm registrado isso, mesmo com o IBGE dizendo que o poder de compra aumentou. Mas não quer dizer que elas não estejam se endividando. Porque elas estão. Compram menos mas compram parcelado em mais vezes e no meio tempo em que pagam essas parcelas, acabam se endividando por algum motivo ou outro".
Renegociação
A ACICG realiza todos os anos a campanha "Nome Limpo" com o objetivo de auxiliar a população no renegociamento das dívidas. Em 2015, cerca de R$ 6 milhões foram recuperados no comércio. De acordo com a coordenadora de Assistência Jurídica e Responsabilidade Social da ACICG, Letícia Ribeiro, a estimativa é ultrapassar esse valor em 2016. “Esse ano é um ano muito diferente, tanto para os associados quanto para a associação. Entendemos que há uma maior dificuldade na economia. Então, não queremos estipular uma meta, acreditamos que vamos alcançar o valor maior. Mas não estipulamos um valor específico”.
Letícia Ribeiro afirma que a campanha é feita sempre no final de cada ano para que o consumidor inadimplente tenha a possibilidade de realizar suas compras no final do ano. “Logo após a primeira parcela do décimo terceiro, nós fazemos esse evento. As pessoas vem, se regularizam e voltam a ser positivas no comércio. Na realidade, isso além de ajudar o consumidor que deixa de ser inadimplente, ajuda também o comércio a fazer novas vendas”.
Para a revendedora de cosméticos Eva Maria Dias da Silva, a negativação do nome no Serviço de Proteção ao Crédito causa constrangimentos na vida pessoal e profissional. "Nada você pode comprar a prazo porque tem o nome sujo. É muito humilhante quando você vai comprar alguma coisa e chega lá, seu nome está sujo. Ainda mais para quem não tem um salário fixo".