Em Campo Grande cerca de 65% dos endividados afirmaram que não conseguiram quitar o cartão de crédito em 2015. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) e foram divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio) em julho de 2015. O levantamento entrevistou 500 famílias da Capital durante o mês de março de 2015.
A taxa de juros rotativos do cartão de crédito aumentou 16,1% do mês de novembro para dezembro de 2015, com o percentual total de 431,4% ao longo de um ano. Os dados foram divulgados pelo Banco Central em janeiro de 2016, que apontou que essa foi a maior taxa registrada desde abril de 1995.
O contador Anderson da Silva Campos orienta o pagamento do cartão e renegociamento das dívidas. "Se o consumidor possui muitas dívidas é recomendado não usar mais o cartão, tentar negociar a dívida com a operadora do cartão de crédito e pleitear uma forma de juros que seja mais barata. O ideal é não usar mais, e após quitada a dívida recomenda-se cancelar os cartões para evitar uma possível recaída".
Silva alerta sobre as taxas elevadas. "O aumento que está ocorrendo é um sinal para as pessoas não entrem nesse tipo de financiamento, que nada mais é que um empréstimo com as taxas mais altas do mundo. Estamos em recessão, ou seja, quem entrar nessa vai acabar tendo um prejuízo".
O valor rotativo é cobrado quando o consumidor do cartão de crédito paga menos que o valor total da fatura. Segundo a pesquisa do Banco Central, a média de compras parceladas com juros subiu 1,4% nos dois últimos meses de 2015 e finalizou com 136,2% ao ano. A taxa do cheque especial também teve alta e chegou a 287% ao ano em dezembro de 2015 em relação a novembro e, se comparado ao ano 2014, a alta chegou a 86% pontos percentuais.
O empresário Elton Pinheiro faz uso do cartão de crédito constantemente. Ele explica suas estratégias para fugir dos juros rotativos. “Eu tenho três cartões de créditos com datas diferentes de vencimento, uma no início do mês, outra no meio e no final. Quando percebo que o valor da fatura está alto, começo a pagar algumas contas à vista para não acumular na data do vencimento”.
O comerciante, Raymundo dos Santos Filho utiliza o cartão de crédito somente em compras pela internet. “Eu prefiro pagar as contas em dinheiro porque muitas vezes com o cartão a gente nem sente o dinheiro indo embora”.