ECONOMIA

Mato Grosso do Sul cai duas posições no Ranking de Competitividade dos Estados

Infraestrutura, capital humano e potencial de mercado foram os fatores que tiveram as notas mais baixas na avaliação geral do Estado

Gabriela Santos, Lua Souza e Renata Barros30/09/2018 - 13h26
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Mato Grosso do Sul caiu duas posições no Ranking de Competitividade dos Estados realizado pela organização não governamental (ONG) Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com as empresas B3Economist Intelligence Unit e Tendências Consultoria Integrada. Em 2017, o Estado ocupou a quinta posição e em 2018 está na sétima colocação. O ranking foi divulgado no último dia 14 de setembro.

O ranking é uma ferramenta que indica a atuação dos governos na melhoria da competitividade entre os estados. Dez pilares estratégicos são avaliados de 0 a 100. Os pontos avaliados são capital humano, educação, eficiência da máquina pública, infraestrutura, inovação, potencial de mercado, segurança pública, solidez fiscal, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social. Mato Grosso do Sul apresentou nota superior em relação a 2017 em dois dos dez pilares analisados: educação e segurança pública. Os demais tiveram suas notas menores, com destaque para os pilares capital humano, potencial de mercado e infraestrutura.

O capital humano é avaliado de acordo com os indicadores de custo de mão de obra, população economicamente ativa com ensino superior, nível de qualificação dos trabalhadores, que diz respeito aos anos de estudos da população economicamente ativa e produtividade do trabalho, o Produto Interno Bruto (PIB) pelo total de pessoas ocupadas no período.

A nota do potencial de mercado é o resultado da análise da taxa de crescimento de acordo com a média anual do PIB, tamanho de mercado e crescimento potencial da força de trabalho para os próximo dez anos, população com idade entre 15 e 64 anos. O economista Renato Prado explica que o potencial de mercado influencia a atividade econômica estadual. “O potencial de mercado de um estado pode ser definido como a capacidade total da produção de bens e serviços, é um conceito muito próximo do Produto Interno Bruto. Então quanto maior o potencial de mercado mais o estado produz, comercializa, demanda bens de outros estados.”

Prado afirma que capital humano e potencial de mercado são fatores que estão diretamente relacionados. “Quando você tem uma baixa no quesito de capital humano e potencial de mercado você tem uma menor expectativa de crescimento”. O economista ressalta que pesquisas como o Ranking de Competitividade dos Estados auxiliam na transparência da situação dos estados. “Quanto maior a quantidade e qualidade desses estudos, mais nós teremos informações que podem ajudar a direcionar os gestores públicos em suas políticas. Esses tipos de estudo ajudam na transparência e contribuem para o debate”.

Os indicadores de infraestrutura vão de investimento à gestão das obras, como o custo de combustíveis, tarifa média do saneamento básico, acesso, custo e qualidade da energia elétrica, mobilidade urbana, qualidades das rodovias e qualidade do serviço de telecomunicações. Segundo o professor e engenheiro elétrico, Jéferson Ortega o conhecimento de como o estado é independente energeticamente é importante para a gestão pública. "Observe que um gestor, para ter capacidade de gerir o estado, ele precisa ter conhecimento da sua independência, da sua autonomia".

Segundo Ortega, a energia é disponibilizada até nos locais de difícil acesso com programas atuais do governo, como o "Luz Para Todos". A tributação de uma fatura de energia chega ao percentual de 34,5%. "O maior problema do Mato Grosso do Sul é que o estado tem uma baixa densidade populacional por quilômetros quadrados, então isso faz com que haja concentração de carga em distâncias relativamentes grandes. A energia que chega à nossa casa, ao comércio e à indústria é computada por diversos fatores e o primeiro fator é o custo de energia. Hoje nós estamos em bandeira vermelha em que existe uma sobretaxa indicando que os reservatórios estão baixos e, consequentemente, a energia fica mais cara porque temos que acionar as termelétricas. O segundo é o da transmissão de energia, o terceiro é o fator de distribuição e o quarto é a tarifação".

   Para Miranda, o estudo tem alcance limitado
   (Foto: Gabriela Santos)

Para o professor doutor em Ciência Política, Daniel Estevão de Miranda a abrangência de ferramentas como o Ranking de Competitividade dos Estados é restrita. “Todos esses indicadores são muito importantes, mas eles têm um alcance limitado quando a gente pensa na população de maneira geral.” Miranda afirma que há grupos mais interessados na ferramenta. “Eles têm uma importância localizada, são determinados grupos, gestores públicos, empresários, pesquisadores, determinadas organizações e uma parte do eleitorado que é interessado nisso, mas eu acho que é um eleitorado minoritário”.

 

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