A Pesquisa Trimestral do Abate de Animais realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que Mato Grosso do Sul é o segundo estado do Brasil com maior número de abates de bovinos. De acordo com o relatório, Mato Grosso do Sul apresentou 913.867 abatimentos no segundo trimestre de 2019, atrás do estado de Mato Grosso, com 1.426.711 abates. Mato Grosso do Sul abateu 374.939 cabeças de boi e 260.712 cabeças de vaca nesse mesmo período.
O número representa cerca de 11,3% do total no segundo trimestre de 2019 no país, 8.036.428 cabeças de gado. Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2019, o estado teve aumento de 893.557 cabeças abatidas para 913.867. Em 2019 Mato Grosso do Sul teve aumento de 12,17% no saldo de abates, 99.222 bovinos a mais se comparado com o mesmo período do ano passado.
De acordo com o agropecuarista Murilo Rezende a pesquisa apresenta os resultados de um período de aumento nos investimentos da área de abate de gado e de desenvolvimento tecnológico. "Esse resultado mostra que o estado começou a investir bastante na produção de pastagem e intensificação da suplementação animal. Por isso o abate teve um aumento significativo. A produção é oriunda da tecnologia que nós utilizamos para aumentar o ganho de peso dos animais e nesses últimos anos a gente vem aumentando muito a tecnologia, o que fez com que a gente aumentasse nossa produção".
Segundo Rezende, o aumento no abate de ruminantes ocorreu devido a condições espefícas do mercado e pela valorização do preço da arroba do boi gordo e jovem. "O mercado é soberano. Houve um aumento no valor da arroba o que incentivou os produtores a inserir mais animais no confinamento. Um fato muito importante nesse resultado é que pelo valor da arroba, uma parte dos animais que seriam abatidos em 2020 foi antecipada para 2019 o que provavelmente pode também afetar no valor dos animais ano que vem".
Segundo o economista Renato Prado, Mato Grosso do Sul conseguiu manter o patamar de produção diante da diminuição do abate em outros estados devido aos impactos nacionais da greve dos caminhoneiros em 2018. "Independentemente de fatores externos, o frigorífico precisa do animal para abater então se tem maior oferta dos produtores, dos fazendeiros, você tem maior oferta para os frigoríficos, que acabam abatendo mais animais nas suas plantas".
Prado indica que a indústria do agronegócio tem impacto na economia local devido ao seu valor estimado entre R$ 90 e R$ 91 bilhões em Mato Grosso do Sul e o crescimento no abate tende a desencadear aumento de empregos e ofertas dentro do setor. "O maior abate de animais movimenta mais o setor e os setores ligados. Nesse ciclo você sempre tem uma maior quantidade de empregos demandados, de procura por emprego dessa área e os setores ligados a ele também. Com a maior oferta de abate, é razoável que esses preços tendem a reduzir para o consumidor".