PANDEMIA

Mato Grosso do Sul flexibiliza toque de recolher para o Dia das Mães

O comitê do Programa de Saúde e Segurança da Economia (Prosseguir) atendeu demanda de comerciantes um dia após ter classificado a capital com grau de risco elevado para a Covid-19

Adriana Acosta, Evaldenir Amaral e Luciano Pinheiro29/04/2021 - 13h50
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Municípios de Mato Grosso do Sul foram classificados com a bandeira laranja pelo Programa de Saúde e Segurança da Economia (Prosseguir), devido ao Dia das Mães. A decisão tomada no dia anterior ao categorizar Campo Grande e outras 57 cidades com bandeira vermelha, que determina grau de risco elevado para a Covid-19, foi revogada em reunião extraordinária do Comitê do programa na última quinta-feira, 29. O Governo do Estado atendeu a um pedido feito por entidades do comércio para flexibilizar as restrições e determinar o toque de recolher a partir das 22h00, entre os dias 5 e 9 de maio.

decreto nº 10.489 publicado no Diário Oficial do Governo de Mato Grosso do Sul na sexta-feira, 30 de abril, considera os requerimentos apresentados pela Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (Fecomércio/MS) e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/MS). O documento determina o aumento em uma hora no horário permitido para circulação de pessoas em municípios que obtiveram progressão na situação epidemiológica, no último levantamento do Prosseguir. As entidades justificam a mudança com base na probabilidade do aumento no fluxo de consumidores no comércio, no período que antecede o feriado do Dia das Mães.

Segundo o relatório do Prosseguir do dia 28 de abril, a recomendação era manter as atividades essenciais e as não essenciais que possuem baixo risco de contaminação nos 58 municípios classificados com a bandeira vermelha. O toque de recolher recomendado para esta classificação é das 21h00 até às 5h00 nessas cidades. De acordo com o decreto, as classificações servem para nortear os agentes públicos a tomarem decisões com base no grau de risco da Covid-19 nas cidades do estado.

Geraldo Resende afirma que a taxa de contágio está dentro da meta da Secretaria de Estado de Saúde (SES)Geraldo Resende afirma que a taxa de contágio está dentro da meta da Secretaria de Estado de Saúde (SES) (Reprodução/Facebook)

Campo Grande esteve na bandeira cinza, de risco extremo para a doença, entre os dias 14 e 27 de abril. Mato Grosso do Sul chegou a ter 1316 pessoas internadas com Covid-19 e foi o estado com maior índice de ocupação de leitos de UTI do país, conforme levantamento da Fiocruz 4 e 17 de abril. A mudança para a bandeira vermelha ocorreu em um cenário com declínio de 250 internações em comparação ao pico do último mês, além da diminuição da fila de espera por leitos, segundo o secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende. “Estamos com cerca de 58 pacientes em fila de espera na central de regulação de Campo Grande, Dourados e do estado”.

Resende afirma que a taxa de contágio é a menor desde dezembro de 2020. O mês somou 588 óbitos no estado, menos da metade do número registrado em abril deste ano, com 1276 mortes. “Já superamos março em mais de 130 casos e já dobramos [o número de óbitos] do mês que foi o pior de 2020. Abril se torna o mês mais trágico da doença em Mato Grosso do Sul”.

Efeitos das restrições 

De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL), Adelaido Vila as restrições de circulação aplicadas ao longo do último ano fez com que muitos comerciantes fechassem seus estabelecimentos. “No início da chegada da pandemia em Campo Grande tínhamos cerca de 122 mil CNPJ’s [sic]. Terminamos março de 2021 com 94 mil, isso é um impacto muito significativo”.

Mato Grosso do Sul teve um saldo positivo de mais de cinco mil empregos em março deste ano. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que indica a primeira colocação do estado no crescimento de empregos em relação ao mês anterior em todo o país, com índice de 0,95%. O crescimento ocorreu principalmente no setor de serviços, com saldo de 2555 novos empregos.


Para o doutor em Ciências Políticas Daniel Estevão Miranda, os municípios possuem uma capacidade limitada de ação diante de um problema como uma pandemia. Ele diz que apenas uma coordenação nacional e mundial são capazes de traçar normas eficazes neste contexto. “Quando a Covid-19 chegou ao Brasil, Campo Grande tomou medidas de isolamento social, depois a cidade adotou uma estratégia mais incerta de idas e vindas. Adotava eventualmente medidas aparentemente mais severas e às vezes relaxava essas medias”.

Miranda discorda das ações da prefeitura de Campo Grande no combate à pandemia. “O prefeito ficou perdido e cedeu aos grupos de pressão local, como os comerciantes, igrejas etc. É normal um comerciante se preocupar com o seu comércio e com as contas que tem que pagar, isso é absolutamente legítimo. O prefeito não tem força para enfrentar essas pressões, então Campo Grande acabou relaxando até demais”.
 

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