ECONOMIA

Mato Grosso do Sul tem a terceira maior tarifa de energia do Brasil

A Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou o reajuste médio de 18,16% para mais de um milhão de consumidores em 74 município e Mato Grosso do Sul sai da oitava para a terceira maior tarifa do país

Karine Gonçalves, Feyth Jaques e Waldir Rosa30/04/2022 - 15h12
Compartilhe:

Mato Grosso do Sul passou a ter a terceira maior tarifa de energia do Brasil a partir de 16 de abril. Os diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) homologoram  reajuste médio de 18,16%. O reajuste foi aplicado pela Energisa. O aumento foi de 18,16% para os consumidores industriais (alta tensão), 17,93% para os  residenciais (baixa tensão) e 25% para a área rural.

O reajuste, que seria realizado no dia cinco de abril, foi adiado devido a vigência da bandeira de escassez hídrica. A 12ª reunião pública ordinária da diretoria da ANEEL, realizada no dia 12 de abril, também homologou a bandeira verde, que entrou em vigor no dia 16 de abril. A redução do impacto nas tarifas dos consumidores residenciais convencionais tem desconto de 2,76%.

O coordenador Comercial da Energisa de Mato Grosso do Sul, Jonas Ortiz afirma que o reajuste é um alerta aos consumidores para reduzirem o consumo de energia elétrica. “A arrecadação extra na fatura de energia sinaliza a escassez de água nos reservatórios das usinas. É um alerta aos consumidores para reduzirem o consumo em virtude do elevado custo de geração do país”. Ortiz destaca que o principal motivo do reajuste é o aumento do custo de energia durante a pandemia. “As principais causas do reajuste foram 4,74% do aumento dos programas sociais do setor de energia, mais  5,8 % da Energisa e 8,69% do custo do empréstimo da pandemia e custo da escassez hídrica não coberta pela tarifa”. Jonas Ortiz relata que a posição de terceira maior tarifa terá alterações, pois a maioria das distribuidoras deixou de ajustar as tarifas do ano de 2022. 

A presidente do Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energisa/MS (CONCEN), Rosemeire Costa informou que os custos operacionais da empresa e a influência da bandeira representam o custo de R$ 390 milhões. Rosemeire Costa destaca que o reajuste aprovado é alto para o consumidor que possui outras obrigações. “Ele tem que se alimentar, tem que pagar aluguel, transporte. Então, serviços essenciais como água e energia elétrica precisam do princípio basilar da regulação que é a modicidade tarifária". 

A professora da Rede Estadual de Ensino (REE), Adelia Echeverria afirma que terá que retirar o valor da fatura de outros débitos para pagar o valor da energia, porque é um serviço essencial. “O reajuste não comporta o meu salário e com certeza trará prejuízos. Nós precisamos da energia e terei que largar de fazer alguma coisa, gastar, diminuir ou não vou poder comprar alguma coisa que eu queira para pagar a energia”. Adelia Echeverria relata que o reajuste é uma "imposição" para os consumidores. “Esse reajuste na verdade, é uma arbitrariedade, porque ele não está perguntando ou preocupado em saber se as pessoas terão condições de pagar ou não, simplesmente é uma imposição e você não pode fugir dela”.

Primeira Notícia · Adelia diz que terá que economizar após reajuste da fatura de energia

De acordo com a economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Andreia Ferreira é importante planejar e cobrar do governo federal ações para conter o aumento dos preços. “Já ultrapassamos o ponto de realizar somente ajustes pessoais para melhorar as receitas. É preciso cobrar, especialmente do governo federal, ações mais diretas para conter a alta deste e de outros preços administrados”. Andreia Ferreira explica que para diminuir as despesas de energia elétrica, o consumidor deve atentar-se a alguns costumes em sua residência. “Aquelas dicas que aprendemos quando crianças, verificar as instalações elétricas da moradia para ver se não há fuga de energia por problemas na fiação ou mesmo furto, apagar as luzes e equipamentos ao sair dos ambientes, retirar das tomadas os aparelhos elétricos que não estiverem em uso, controlar o tempo do banho no inverno, não ligar a máquina para lavar poucas peças de roupa, o que também vale para o ferro. Uma dica é separar por tipo de tecido e juntar uma boa quantidade de peças, e daí usar o equipamento, vale também o investimento de trocar lâmpadas convencionais pelas de LED”. 

Andreia Ferreira explica que a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) até 2022, com o objetivo de diminuir o impacto para os consumidores diante das faturas altas, fica sem eficácia e prejudica as receitas do governo do estado. "Fica sem tanta eficácia diante de mais um aumento sucessivo na tarifa, que já acumula alta de 54,60% no período 2019 a 2022, enquanto o salário mínimo teve aumento acumulado de 37,72%. Tanto as finanças do estado ficam prejudicadas para fazer frente tanto às necessidades do serviço público prestado à população quanto para investimentos, pois segundo cálculos da Sefaz, deixarão de ser arrecadados R$ 36 milhões de reais por trimestre quanto às finanças pessoais, já que nenhuma categoria profissional teve um reajuste salarial de 18% como ocorreu com as contas de energia neste ano”.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também