O número de desocupados em Campo Grande diminuiu 2,6% no segundo trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De um trimestre para outro, o Centro-Oeste registrou a segunda maior queda do país em percentual de desocupados, foi de 10,5% para 9,5%. O índice corresponde à quarta queda consecutiva da região, que é a segunda do país com os menores índices de desocupados.
Campo Grande reflete o cenário nacional, 27% das pessoas de 25 a 39 anos estavam desocupadas no segundo trismestre de 2018. Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, o número de trabalhadores autonômos cresceu 1,5% de março a agosto deste ano no país. Em relação ao mesmo período do ano passado, a categoria obteve alta de 1,9%, equivalente a mais de 437 mil pessoas.
O diretor-presidente da Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat), Cleiton Franco explica que a porcentagem de desocupados diminuiu em decorrência da realocação das pessoas no mercado. “Existem muitas pessoas que faziam determinada atividade de trabalho e que hoje estão fazendo outro tipo de atividade. Elas estão tentando se encaixar no mercado de trabalho de outra maneira”.
Patrícia Cabreira, 50, possui licenciatura curta em Ciências Biológicas e Matemática, e há mais de 10 anos trabalha como autônoma. Atualmente, desenvolve atividades como freelancer em áreas da gastronomia e afirma que, ao longo dos anos, ficou mais difícil conseguir um emprego formal. A alternativa para garantir a renda da família foi ingressar no trabalho informal. “A minha volta para o mercado de trabalho foi na informalidade com aquilo que eu sabia fazer, mesmo com uma formação acadêmica, tendo pouca experiência comprovada fica mais difícil, então eu fui para a informalidade”.
O professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Manoel Rebêlo explica que a distribuição das vagas de emprego para profissionais sem formação e para os que possuem nível superior impacta na estruturação do mercado. “Se tem alguém que tem ensino superior, você prefere contratar essa pessoa com salário baixo para fazer uma atividade menos qualificada e os que não tem a formação média ficam de fora. Passa a ser uma concorrência desleal, acaba que quem tem formação trabalha com salários mais baixos e não na função que gostaria de estar”.
(Foto: Jhayne Lima)
O mecânico desempregado César Aparecido de Sousa, 32, está à procura de vaga no mercado há seis meses e ressalva que enfrenta dificuldades para comprovar sua formação e experiência profissional. “Eu queria em outro tipo de serviço, como caixa, auxiliar de caixa, repositor até trabalhar com venda, porque quando eles procuram mecânico eles pedem o certificado de que fiz o curso e eu perdi o certificado. Eles querem com experiência e eu não tenho registro na carteira. Essa experiência que pedem dificulta muito”.
O economista Renato Prado explica que o desemprego impacta na economia, porque as pessoas ficam sem receber renda e perdem poder de compra. “A economia funciona como uma espécie de ciclo, quando tem menos demanda você precisa de menos empregados, que por sua vez gastam menos na compra de coisas e o empresário acaba precisando de menos gente para produzir ou vender”.