Campo Grande é a capital do país com maior desigualdade salarial entre homens e mulheres em 2023. A remuneração salarial da mulher é diferente de acordo com o cargo ocupado e a raça. Mulheres negras recebem menos que homens e mulheres brancas, indígenas, pardas, entre outras.
Mato Grosso Sul possui 324.742 empresas ativas até março de 2024. A população feminina com vínculo empregatício no estado é de 73.542 mulheres, 41% a menos que os homens, conforme dados da Transparência Salarial. Homens representam a maior porcentagem dos cargos de liderança entre os gêneros com 62%.
Dados do Painel do Mercado de Trabalho da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) registra que até julho de 2024, 8.843 mulheres foram contratadas. O número de contratações masculinas foi de 13.252 neste período.
O advogado Ricardo Sitorski destaca que o Art.5º da Constituição Brasileira determina a igualdade salarial entre gêneros, que regulamenta que todos são iguais perante a lei e assegura direitos como vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. “Se existe uma igualdade formal, se há uma determinação de igualdade entre todas as pessoas, é daí que vem esse conceito, inclusive para fins remuneratórios”.
De acordo com o economista Eduardo Matos, “alguns empresários avaliam os riscos e têm percepções específicas sobre candidatas mulheres a determinados cargos”. Segundo o especialista, “Esse tipo de empresário tem uma visão distorcida que a mulher irá engravidar e tirar licença maternidade. Se ocorrer uma emergência familiar imaginam que quem vai socorrer é a mulher e não o homem". Matos complementa que a desigualdade salarial entre os gêneros está relacionada às oportunidades oferecidas às mulheres.
A pedagoga e presidente do Grupo Trabalho, Estudo Zumbi (Grupo TEZ), Bartolina Ramalho Cantante comenta que a disparidade salarial “é uma das muitas violências que a mulher sofre na sociedade patriarcal" e são necessárias políticas públicas. "A mulher cuida. Cuida dos filhos, sobrinhos, netos, pais, dos tios. E quem cuida dessa mulher?". Bartolina Ramalho acrescenta que a realidade da mulher negra é mais negligenciada. "São elas quem fazem a sustentação do lar, sozinhas, geralmente, e não tem essa valorização salarial".