DESIGUALDADE SALARIAL

Mulheres em Mato Grosso do Sul recebem 32,6% a menos que homens

Mato Grosso do Sul é o quarto estado com maior desigualdade salarial entre homens e mulheres e Campo Grande é a capital com maior desigualdade salarial e baixo incentivo à contratação de mulheres

Anne Marinho, Beatriz Barreto, Milena Caetano e Sandy Ruiz13/09/2024 - 15h30
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Campo Grande é a capital do país com maior desigualdade salarial entre homens e mulheres em 2023. A remuneração salarial da mulher é diferente de acordo com o cargo ocupado e a raça. Mulheres negras recebem menos que homens e mulheres brancas, indígenas, pardas, entre outras.

Mato Grosso Sul possui 324.742 empresas ativas até março de 2024. A população feminina com vínculo empregatício no estado é de 73.542 mulheres, 41% a menos que os homens, conforme dados da Transparência Salarial. Homens representam a maior porcentagem dos cargos de liderança entre os gêneros com 62%. 

Dados do Painel do Mercado de Trabalho da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab)  registra que até julho de 2024, 8.843 mulheres foram contratadas. O número de contratações masculinas foi de 13.252 neste período. 

O advogado Ricardo Sitorski  destaca que o Art.5º da Constituição Brasileira determina a igualdade salarial entre gêneros, que regulamenta que todos são iguais perante a lei e assegura direitos como vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. “Se existe uma igualdade formal, se há uma determinação de igualdade entre todas as pessoas, é daí que vem esse conceito, inclusive para fins remuneratórios”.

PRIMEIRA NOTÍCIA · Advogado Ricardo Sitorski Explica A Busca Legal Por Igualdade Salarial

De acordo com o economista Eduardo Matos, “alguns empresários avaliam os riscos e têm percepções específicas sobre candidatas mulheres a determinados cargos”. Segundo o especialista, “Esse tipo de empresário tem uma visão distorcida que a mulher irá engravidar e tirar licença maternidade. Se ocorrer uma emergência familiar imaginam que quem vai socorrer é a mulher e não o homem". Matos complementa que a desigualdade salarial entre os gêneros está relacionada às oportunidades oferecidas às mulheres. 

A pedagoga e presidente do Grupo Trabalho, Estudo Zumbi (Grupo TEZ), Bartolina Ramalho Cantante comenta que a disparidade salarial “é uma das muitas violências que a mulher sofre na sociedade patriarcal" e são necessárias políticas públicas. "A mulher cuida. Cuida dos filhos, sobrinhos, netos, pais, dos tios. E quem cuida dessa mulher?". Bartolina Ramalho acrescenta que a realidade da mulher negra é mais negligenciada. "São elas quem fazem a sustentação do lar, sozinhas, geralmente, e não tem essa valorização salarial".

Rita Maria Gomes de Lima, mulher negra, relatou ter recebido menos do que uma mulher branca em dois locais de trabalho, restaurante e posto de gasolina. A cozinheira aposentada de 72 anos acredita que a diferença salarial era determinada pela cor da pele. “Quando eu trabalhava, eu dava o meu melhor na cozinha e sempre era diminuída. Eu sabia que era por causa da cor que eu ganhava menos, então ficava depressiva mas tinha que aguentar, porque eu tinha meus filhos para criar”.

 

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