As mulheres recebem em média 72% do salário de homens, em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua). A pesquisa indica que trabalhadores homens receberam em média R$ 2.525 por mês e as mulheres receberam em média R$ 1.820 no segundo trimestre de 2019, diferença de R$ 705. Em Campo Grande homens tiveram rendimento mensal de R$ 2.992 e mulheres tiveram rendimento de R$ 2.208 em média.
A geógrafa e docente nos cursos de Ciências Sociais e Ciências Economicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Mara Aline Ribeiro explica que a diferenciação salarial é reflexo de uma condição histórica de desvalorização do trabalho feminino. “A partir dessa constituição social, que aumentou, sobretudo, desde as últimas décadas do século passado, quando as mulheres adentraram ao mercado de trabalho com o intuito de complementar a renda familiar, mas tomou um rumo no qual apenas uma parcela da população feminina é provedora da família”.
Segundo Mara Aline Ribeiro, Mato Grosso do Sul reflete a desigualdade mundial e possui grande número de serviços relativos a pecuária e agricultura que, apesar do setor ter maior presença feminina a partir de 2010, é associado ao trabalho masculino. “No campo, para plantar, colher, dirigir ou pilotar colheitadeira, a ideia é a de que apenas os homens se encarreguem desses serviços mais pesados. As mulheres sempre fizeram parte disso, mas vistas como uma atividade secundária, ou está lá pra acompanhar o marido, ou tá lá pra acompanhar o filho”.