Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF/MS), Flávio Shinzato o aumento nos preços está diretamente ligado demanda. “O índice aumento é de toda a produção, pois os insumos tiveram aumento e com isso as indústrias precisam pagar mais por isso, o que encarece o produto a ser vendido aos empresários, que precisam repassar também ao consumidor final”.
Segundo Flávio Shinzato, as vitaminas, analgésicos, antitérmicos e medicamentos do “kit-covid”, como Ivermectina, Azitromicina e Hidroxicloroquina, tiveram maior procura. “O preço dos medicamentos sobe devido ao fato da grande procura por parte da população de medicamentos que, supostamente, fazem prevenção a Covid-19, por exemplo. Isso provoca desabastecimento, desde a fase de matéria prima nas indústrias, e afeta toda a cadeia de produção”.
A orientação do presidente do CRF é evitar a automedicação. “Se precisar realmente de uma medicação que seja por orientação médica ou farmacêutica. Muitas vezes a pessoa faz uso desnecessário de um medicamento, e além de causar malefícios à saúde, causa também malefícios ao meio ambiente. Logo o farmacêutico deve ser procurado sempre para orientar a sociedade tudo que for relacionado aos medicamentos. O que é? Pra que serve? Se posso usar? Por quanto tempo? Se causa efeito colateral? Tem complicações se usar com outro remédio? Com que eu tomo? Água ou leite? Ou seja, todas essas dúvidas que podem influenciar na vida da pessoa".
Para a confeiteira Thauane Arruda, de 29 anos, a alta procura pela Hidroxicloroquina afeta o controle do lúpus. Uma caixa de 400 miligramas e 30 comprimidos é encontrada por R$94 e R$123,90 em Campo Grande, uma variação de 98%. “Antes, eu pagava cerca de R$60,00. Depois começou a aumentar, e já fiz orçamentos de R$400,00, R$500,00. Um absurdo.”
Thauane Arruda teve que recorrer a Casa da Saúde, projeto estadual que atende mais de 60 mil sul-mato-grossenses e distribui medicamentos de difícil acesso para pacientes carentes. “Corri atrás de ajuda. Mas também gastei quase mil reais na documentação para conseguir a medicação. A Azatioprina, imunossupressor corticoide essencial no acompanhamento, ainda tento comprar. Pedindo ajuda ali, pedindo ajuda aqui... Está saindo muito caro.”
Grizelda Carvalho busca promoções para economizar (Foto: Letícia Monteiro)
Grizelda Gualberto de Carvalho, de 66 anos, toma cinco remédios por dia, como vitaminas, imunossupressores para o coração e controle da pressão. Segundo ela, as variações no preço desses medicamentos demandam uma pesquisa em várias drogarias. “Em um estabelecimento é um preço, noutro é outro, no próximo o remédio estava em falta. Só neste mês, fui a três farmácias. A minha peregrinação é constante".
Após três infartos, Grizelda Carvalho passou a utilizar o antiplaquetário Somalgin Cardio. “É um remédio muito caro e que não encontro no Sistema Único de Saúde (SUS). Sou diabética e hipertensa, a medicação é essencial e contínua. Não dá para interromper, isso faz parte da minha vida. Um aumento anual afeta meu dia-a-dia. Deixo de comer uma mistura para comprar remédios. Vou comer só arroz e feijão? Mas vou levando”.
Serviço
A sede do Procon/MS em Campo Grande é localizada na Rua 13 de Junho, 930.
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