AGRICULTURA

Produção de soja alcança 15 milhões de toneladas em Mato Grosso do Sul

Marco histórico da safra 2022/2023 ocorreu pela utilização de áreas antes degradadas pela pecuária extensiva e a implementação de biotecnologias como melhoramento genético e o uso de grãos transgênicos

Daphyne Schiffer, Maria Eduarda Metran e Thauana Luares 7/06/2023 - 10h37
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Mato Grosso do Sul registra produção histórica de 15 milhões de toneladas de soja na safra 2022/2023. Os produtores rurais destinaram quatro milhões de hectares para o plantio do grão, uma expansão de 6,5% em relação ao período anterior. A colheita recorde no primeiro período do ano ocorreu devido a boa produtividade e a recuperação de áreas degradadas, antes utilizadas pela pecuária extensiva.

O clima favorável e o uso de biotecnologias no campo foram determinantes para o aumento de 38% da produtividade. O melhoramento genético e o uso de grãos transgênicos também auxiliou no aumento da produção. A baixa incidência de plantas daninhas e pragas nas lavouras, reduziu o uso de agrotóxicos em várias áreas analisadas pelo Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga).

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck afirma que a expansão do plantio para áreas ocupadas pela pecuária foi essencial e acompanha a crescente demanda de Mato Grosso do Sul. “O aumento na produção da soja, e também do milho, reflete no crescimento das unidades de armazenagem e esmagamento de grãos”. O estado ocupa o quinto lugar no ranking nacional de produção e exportação do grão.

De acordo com informações do boletim divulgado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) de Mato Grosso do Sul, foram colhidas 61,44 sacas de soja por hectare neste ano, devido à manutenção da produtividade principalmente na região norte do estado. O presidente da Aprosoja/MS, André Figueiredo Dobashi afirma também que o avanço no uso de biotecnologias foi determinante para o aumento da produção do grão. " Propriedades antes ocupadas para criação de gado deram lugar para a agricultura, e a produtividade por área plantada fez com que a gente expandisse ainda mais a produção no estado”.

A engenheira agrônoma, Mayara Oliveira afirma que a alteração do uso do solo ocorre por demanda econômica devido aos prejuízos causados pela monocultura da pastagem pela pecuária. “Há empobrecimento do solo quando só uma cultura é cultivada porque esgota os nutrientes mesmo que haja adubação”. Segundo ela, os pecuaristas realizam poucas ações sustentáveis como adubar e rotacionar o pasto para impedir o pisoteamento até que o solo seja integralmente desgastado.

Primeira Notícia · Engenheira Agrônoma, Mayara Oliveira fala sobre formas de melhoramento do solo

Segundo informações do Boletim Casa Rural da Aprosoja/MS, desde a safra 2012/2013, a área plantada aumentou 90,7%. O estudo aponta que o norte do estado apresentou na última safra a maior média de produção em relação às outras regiões, com produtividade de 64,80 sacas de soja por hectare. Os municípios de Alcinópolis, São Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul, Costa Rica, Água Clara e Sonora se destacaram nesta safra.

A plataforma Terra Brasilis aponta que em 2022 mais de 70 mil km² foram desmatados na região norte de Mato Grosso do Sul, o que corresponde a cerca de 32% do desmatamento ocorrido no estado. A representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Noemi Artiaga afirma que a apropriação de vegetação nativa no ano passado foi um dos fatores favoráveis para a expansão da área de produção da soja. “Em dez anos são 1.553.346,4 km² de desmatamento conforme dados do INPE”.

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