CIDADANIA

Programa de Carteira Nacional de Habilitação gratuita é aprovada em Mato Grosso do Sul

O programa pagará todos os custos da Carteira de Habilitação para cinco mil beneficiários de baixa renda que residem em Mato Grosso do Sul por pelo menos dois anos

Ayanne Gladstone, Beatriz Saltão, Débora Oliveira, Roberta Martins 18/11/2021 - 16h14
Compartilhe:

O Programa CNH MS Social foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e disponibilizará a carteira de motorista gratuita para pessoas de baixa renda inseridas no Cadastro Único (CadÚnico) com investimento total de R$ 45 milhões nos próximos três anos. O programa cobrirá todos os custos para a emissão da primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias  A, B ou AB, adição de categoria A ou B e mudança para as categorias C, D ou E. A Carteira Nacional de Habilitação gratuita atenderá pessoas atingidas pela crise econômica ocasionada pela pandemia de Covid-19 e fará a promoção da educação e segurança no trânsito.

A Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) será responsável pela verificação da situação de vulnerabilidade social dos beneficiários. Pessoas com infrações de trânsito ou que tiveram a CNH ou a Permissão para dirigir (PPD) cassada ficarão sem o benefício. O projeto de lei 297/2021 foi aprovado em duas votações em plenário e seguirá para a sanção e regulamentação do governador Reinaldo Azambuja. 

Cerca de cinco mil pessoas serão contempladas por ano em Mato Grosso do Sul a partir de 2022. É necessário morar no estado por pelo menos dois anos e ter uma renda per capita de até um salário mínimo e meio ou renda mensal de até dois salários mínimos. Os estados que oferecem a CNH Social são o Espírito Santo, Paraíba, Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

A diretora de Educação para o Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Elijane Coelho explica que a habilitação gratuita é uma política pública proposta pelo Governo do Estado, Detran e a Consultoria Legislativa do Governo (Conleg). Ela relata que o novo modelo de CNH auxilia pessoas de baixa renda sem condições de pagar o valor da habilitação tradicional. “É um projeto que vai fornecer a carteira de habilitação de forma gratuita. Hoje o processo de habilitação é composto por custos do Detran, taxas de serviço e custos de terceiros. Tem a avaliação psicológica, a avaliação médica feita pelos profissionais de saúde, os cursos teóricos e práticos, além de todos os exames e partes administrativas feitas pelo Detran. Os beneficiários desse programa não terão custo algum”. 

A diretora explica que o programa atende pessoas que farão a primeira habilitação e quem deseja mudar a categoria da CNH. Ela ressalta que pessoas com deficiência terão direito a cinco por cento das vagas destinadas com cursos teóricos e práticos do Detran e centros de formação de condutores credenciados. É necessário ter mais de 18 anos, ser alfabetizado, imputável, ter documentos de identificação, como o CPF e o RG, e comprovação de renda familiar para participar do programa.

Elijane Coelho afirma que para retirar a primeira via da carteira de motorista cada cidadão gasta em média R$ 2.800,00. Ressalta que o programa oferece legalidade à locomoção dos condutores e possibilita mais oportunidade de trabalho para pessoas de baixa renda. “A gente não tem um número preciso, mas, por exemplo, em Campo Grande, dos acidentes de trânsito com motocicleta, 40% não tem habilitação. É uma situação onde a pessoa tem pouco recurso e investe esse recurso no financiamento de uma motocicleta, e aí ela não tem pra investir na habilitação. Ela prefere ter a motocicleta e se arriscar do que ter a habilitação”.

Primeira Notícia · Elijane Coelho fala quais são os critérios para tirar a CNH Social

O professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo explica que é necessário distinguir as  regras do projeto para que o beneficiário saiba se de fato economizará os dois mil reais investidos na carteira de habilitação tradicional. O economista afirma que a política pública precisa dar resultado e que a carteira de motorista englobe beneficiários de baixa renda e proíba o fácil acesso a indivíduos que burlem o sistema. O programa deve utilizar boas auto-escolas para que o beneficiário seja aprovado durante o teste de direção e o investimento econômico do governo bem aproveitado. “Além de melhorar a renda, dará mais oportunidade de trabalho e vamos tirar alguns [motoristas] da ilegalidade. Isso tudo é muito favorável”.  

A pedagoga Luciana Najara de Campos tirou a habilitação gratuita em 2015 porque seu salário era insuficiente para custear o teste de habilitação. Ela afirma que o resultado da seleção foi divulgado no início de 2019 e que a habilitação trouxe uma melhora em sua mobilidade urbana. “A CNH dá mais liberdade porque eu trabalho como pedagoga, então eu preciso de rapidez para poder me deslocar”. 

A agente Comunitária de Saúde (ACS), Isabela Borba tirou a CNH Social entre 2014 e 2015. Ela relata que conheceu o programa enquanto procurava cursos virtuais. Isabela Borba afirma que a habilitação gratuita surgiu no momento em que sua condição financeira dificultava o pagamento da carteira tradicional. “Eu não teria condições financeiras de pagar e eu nem sonhava com isso ainda. Quando vi que teria essa oportunidade, que teria essa chance de tirar minha habilitação sem custo, foi que eu me interessei. O programa traz oportunidade para jovens realizarem esse sonho de ter a carteira de motorista. Quando eu tirei ainda não tinha esses aplicativos e hoje eu acho muito mais necessário até para poder trabalhar com isso”.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também