A Rota Bioceânica se constituirá num corredor para exportação agrícola de Mato Grosso do Sul e de outros estados do Brasil para os portos de Antofogasta e Iquique no Chile e não mais aos portos da cidade de Santos. O projeto foi tema do 2º Seminário do Corredor Bioceânico e a rota é um acordo de construção de estradas entre o Brasil, Chile, Argentina e Paraguai para que a produção agrícola chegue em menor tempo a Ásia.
A implantação da Rota Bioceânica, discutida há nove anos, irá favorecer a exportação da produção agrícola como, por exemplo, a soja, para o mercado Asiático e para países da América do Sul. Segundo o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, a produção do estado sairá da cidade de Porto Murtinho, divisa com o Paraguai, onde será construída uma ponte sobre o rio Paraguai.
No trajeto atual, a carga para a exportação do estado é enviada para o porto de Santos, em São Paulo, e despachada de navio para o Chile, em um período de até 14 dias. A Rota Bioceânica será um trajeto terrestre, que interligará Mato Grosso do Sul aos portos das cidades de Iquique e Antofagasta no Chile. Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Carlos Parkinson, o tempo de duração entre Porto Murtinho e os portos do Chile, será de até três dias.
A Rota Bioceânica foi tema do 2º Seminário Corredor Bioceânico realizado em Campo Grande, em julho, com a proposta de impulsionar as exportações da América do Sul. O ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga; ministro do Interior, Obras Públicas e Habitação da Argentina, Rogelio Frigerio; e o ministro de Obras Públicas do Chile, Alberto Undurraga foram algumas das autoridades presentes no evento, para tratar das obras em cada país e do sistema de alfândega. É a segunda vez que o Brasil e os três países se reúnem para debater a implantação do corredor, que tem previsão de ser inaugurado em 2021.
O governador Azambuja ressaltou que para a eficiência nas exportações serão usadas tecnologias nas cargas que saírem do Brasil. “O ministro das Relações Exteriores, José Carlos Parkinson, está tratando principalmente, das questões alfandegarias. Há possibilidade de criar um sistema de carga lacrada com chip aqui no Brasil e apenas ser aberto nos portos chilenos. Isso é uma discussão bilateral que acontecerá futuramente”.
O governador Azambuja destacou que a Rota Bioceânica vai além das questões econômicas e atinge também as sócio-culturais. “Nós não temos que olhar a rota só por uma concepção de obras físicas e o término das rodovias, vamos se dizer. É principalmente, integração das regiões”.
Investimentos
Para interligar Mato Grosso do Sul ao Paraguai, será construída, na cidade de Porto Murtinho, uma ponte com valor orçado em R$ 127 milhões. De acordo com o governador Azambuja, o investimento será custeado tanto pelo Brasil quanto pelo Paraguai.
Na Paraguai, a rota passará por reservas indígenas na região do Chaco. Segundo o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, as questões ambientais e licenças necessárias estão aprovadas.
Ainda segundo Leite, o trecho de obras rodoviárias da rota está licitado. A previsão é de que as obras sejam iniciadas em 2017, com investimento de mais de US$ 1 milhão.
Rota para a educação
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e os representantes dos quatro países, que fazem parte do corredor bioceânico, se reuniram para a criação da Rede Universitária do Corredor Bioceânico. O intuito é promover a integração entre os países para a troca de conhecimento e pesquisas acadêmicas, com parceria entre governo, universidades e setores privados.
Um dos integrantes é o professor e diretor da Escola de Administração e Negócios (Esan) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), José Carlos de Jesus Lopes. Ele afirma que a Rota Bioceânica é uma boa oportunidade para o desenvolvimento de pesquisas por se tratar de algo que envolve também pesquisa científica. “Para a UFMS é uma oportunidade muito boa no que diz respeito às pesquisas. A região do Chaco, por exemplo, é um ecossistema que requer estudos em ecologia e sustentabilidade. Há o fato de que não é apenas construir estradas, que passará toneladas de carga e o cara que quer montar um posto de gasolina, ambos terão impacto ambiental. É necessários estudos de como a riqueza pode ser melhor distribuída por onde passar por este corredor.”
Lopes também afirma que o Brasil é um país rico em produção e precisa de novas rotas para a exportação. O Mato Grosso do Sul é um ponto estratégico geograficamente e de produção por causa do agronegócio.