A obra da Rota de Integração Latino-americana (Rila), em Mato Grosso do Sul, será construída no município de Porto Murtinho e ligará a cidade à Carmelo Peralta, no Paraguai. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, o trajeto deverá ser inaugurado em agosto de 2023 e tem como um dos objetivos promover melhorias na importação e exportação de produtos para países da América e Ásia. A construção da Rota proporcionará uma economia de oito mil quilômetros náuticos até a China, principal importador dos produtos sul-matogrossenses.
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em janeiro, os chineses importaram do Estado o equivalente a 28,4% do total exportado, correspondentes a U$97,138 milhões. O principal produto adquirido pela China foi a celulose, que correspondeu a 85,33% do total das aquisições, equivalentes a US$ 82,892 milhões. Os chineses também adquiriram soja, pedaços e miudezas comestíveis de aves congelados, couros e peles de bovinos em vários estágios de processamento e produtos derivados de peixe.
De acordo com o coordenador-geral de Assuntos Econômicos da América do Sul, Central e do Caribe, João Carlos Parkinson o comércio com estes países se tornará mais rápido e seu custo será reduzido. “De Antofagasta para Xangai, por exemplo, levaria apenas 37 dias, e você contaria também com as vantagens decorrentes das melhores condições portuárias do Chile, com frequências marítimas maiores, menores fretes e a possibilidade de não só atingir o Continente Asiático, em particular o grande mercado chinês, mas também a Costa Oeste dos Estados Unidos”.
O presidente do Sindicato de Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog MS), Cláudio Cavol afirma que, apesar do aumento no frete rodoviário, as economias em fretes náuticos e taxas portuárias serão maiores. “Vamos ganhar muito em tarifas portuárias, porque os portos chilenos são muito mais eficientes que os portos brasileiros e as tarifas portuárias lá custam menos de 1/3 do que custam no Brasil. Ao mesmo tempo, nós temos um frete mais barato dos navios, por que nos portos chilenos, que são portos de grande calado, podem atracar os maiores navios do mundo, enquanto no Brasil, poucos portos podem ter esses navios”.
Cavol ainda explica que, inicialmente, a previsão é de que produtos manufaturados sejam os mais transportados pela Rota e que, em um segundo momento, o transporte de produtos primários como a soja, o milho e o algodão torne-se mais comum. Além disso, o produtor industrial, agricultor ou pecuarista terá maior rentabilidade, com preços melhores no mercado internacional.