SAFRA 2023

Setor agrícola de Mato Grosso do Sul registra recorde de produção na Safra 2023

Produtores agrícolas devem faturar 42 bilhões de reais com a produção de 27,9 milhões de toneladas de cereais; a soja com colheita de 14 milhões de toneladas e o milho é o segundo produto, com produção de 13,3 milhões

Giovanna Andrade, Giulia Mariê e Isadora Prado Goulart22/09/2023 - 19h16
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O setor agrícola de Mato Grosso do Sul apresentou um rendimento recorde de produção, com 27,9 milhões de toneladas na safra de cereais, oleaginosas e leguminosas deste ano. O valor representa 5,9 toneladas a mais do que o valor arrecadado em 2022. A área dedicada ao cultivo pelos produtores agrícolas estaduais foi de 6.246.165 hectares.

A produção de grãos do estado é a quinta maior do país e representa 8,9% da produção nacional. A soja é o grão com a produção mais expressiva na safra de 2023, com uma colheita de 14 milhões de toneladas. O milho é o segundo produto com maior expectativa de produção, 13,3 milhões de toneladas.

De acordo com o analista de economia da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Jean Carlos Silva Américo o valor bruto de produção desta safra para o estado é de 42 bilhões de reais. Segundo Américo, o clima e o aumento de rendimento produtivo provocado pela aquisição de máquinas agrícolas de alta tecnologia foram elementos determinantes para esses valores. “Hoje a gente tem vários estudos avançados, máquinas, equipamentos, que tudo favorece para que a gente tenha uma alta produção. Então os principais fatores que favorecem o aumento de produção é a questão climática, que o Brasil tem uma vantagem competitiva muito boa e a questão da tecnologia, que está favorecendo esse aumento de produção”. 

Dados da Carta de Conjuntura da Agropecuária, produzida pela Secretária de Estado, de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), mostram que a produção agrícola total estimada para Mato Grosso do Sul em 2023 é de 70,57 milhões de toneladas, número 10,51% maior do que o valor registrado no ano anterior. O produtor de grãos e presidente do Sindicato Rural de Maracaju, Fábio Caminha explica que os produtores do Sindicato investiram no aprimoramento das técnicas de tratamento do solo e na compra de sementes resistentes às pragas para o aumento no volume de produção. “Temos investido bastante na fertilidade do solo, em melhorar o sistema radicular, que garantem que, em uma eventual seca, a gente consiga manter uma produtividade razoável. Com relação à safra anterior não teve muita novidade, a gente tem buscado um material resistente a cigarrinha, que é uma praga do milho, então temos buscado híbridos resistentes porque ela tem afetado bastante a produção”.

O economista da Famasul, Jean Carlos Silva Américo aponta que “outro fator que favorece a política agrícola é a questão do Plano Safra”. O Plano, instituído pelo Governo Federal em 2003 e gerenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), concede verba para custeio, industrialização e comercialização de produtos agrícolas. De acordo com informações divulgadas pelo Ministério, o Plano Safra 2023/2024 concederá 364,22 bilhões de reais a médios e grandes produtores rurais até junho de 2024. 

O produtor rural Fábio Caminha gerencia uma área de 1050 hectares destinada para a produção de grãos, e relata que utiliza os subsídios governamentais do Plano Safra para custear a produção. “O que a gente tem buscado e utilizado são os recursos do plano safra, então a gente usa aí um pouco de recurso controlado que é um pouco mais subsidiado pelo governo mas não atende toda nossa demanda não, então é bem parcial o que esse recurso significa para nós”. O economista Jean Carlos Américo afirma que o lançamento do Plano Safra 2023/2024 viabiliza “ uma disponibilidade [de recursos], então isso é um fator preponderante com a questão das taxas [de juros] reduzidas. A bola da vez agora é como que isso está chegando ao produtor, porque tem muitos produtores que estão reclamando que várias instituições financeiras, os bancos, não conseguem ter acesso a esse crédito”. 

Primeira Notícia · Economista da Famasul, Jean Carlos fala sobre o acesso dos produtores aos recursos

De acordo com dados da Carta de Conjuntura do Setor Externo, divulgada pela Secretaria de Estado, de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), as exportações de Mato Grosso do Sul de janeiro a agosto contabilizaram 7.230 bilhões de dólares, número que representam um superávit na balança comercial, 28,90% maior em relação ao mesmo período de 2022. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), André Dobashi explica que “exportamos muito da nossa produção, a gente tem também uma característica de tentar fazer com que a produção fique no estado, mas a nossa produção de soja vai predominantemente para a China. Como a produção do milho sul-mato-grossense tem uma participação importante na industrialização no próprio estado, a gente já tem etanol de milho, a gente tem cooperativas que fazem o processo industrial, mas grande parte dele ainda vai para fora do Brasil”. 

André Dobashi esclarece que a expectativa para a próxima safra é de queda em relação a produção de 2023. “Quando a gente vai fazer uma perspectiva para a próxima safra, a gente precisa considerar essa quebra de safra, por isso a gente vem com 13% a menos de produtividade em relação a essa safra, que é uma mega consolidada praticamente”. O produtor rural Fábio Caminha relata que a queda do valor de comercialização e o fenômeno meteorológico El Niño são fatores de risco para os agricultores. “Com relação a próxima safra a gente tá um pouco receoso por dois fatores principais, a questão de preço né, os valores caíram muito em relação à safra passada e a questão do El Niño, que a gente sabe que pra nossa região é meio perigoso com relação a falta de chuvas, então isso faz com que o produtor fique um pouco mais receoso em investir demais principalmente na segunda safra”.

 
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Fonte: IBGE - Autor: Giovanna Andrade

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