As obras do Reviva Centro em Campo Grande, projeto de readequação das principais vias da cidade, afetam em até 70% o fluxo de vendas na região central da cidade deste setembro deste ano. Os dados são da Pesquisa de Intenção de Consumo, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS). Ainda conforme a pesquisa, com 2.546 entrevistados, cerca de 80% da população campo-grandense pretendia realizar suas compras no centro da capital.
Segundo os comerciantes da região, entre as ruas 14 de Julho e Maracaju, as vendas foram insuficientes para cobrir os prejuízos financeiros ocasionados pela queda do movimento nas lojas. A economista da Fecomércio-MS, Daniela Teixeira Dias afirma que, na pesquisa, os indicadores relacionados à intenção de consumo das famílias foram otimistas em relação ao ano passado. "Neste ano, 20% da população está comprando mais que em 2017, que tinha um percentual de 16%. Então aos poucos nós percebemos que está aumentando esse indicador". A pesquisa apontou uma preferência dos consumidores em comprar no centro, devido ao baixo custo dos produtos, apesar das reclamações.
Em nota, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDLCG) afirma que as empresas previam o fechamento das ruas e a diminuição de clientes apenas para o próximo ano. A situação obrigou-os a adotar políticas de redução de gastos, como demissões.
O empresário Laércio Paulo Falcarte depende da venda de produtos para o público infantil há onze anos e é proprietário de três lojas no centro da capital. Ele relata que o Dia das Crianças é o momento em que as vendas aumentam e, neste ano, o rendimento caiu em relação ao ano passado. “Tivemos uma queda brusca. Com um percentual de 20% a 30% a menos nesta data”. O comerciante ressalta que, para manter o empreendimento, reduziu o quadro de funcionários.
De acordo com a economista da Fecomércio-MS, as lojas no centro da cidade são uma alternativa de compra mais barata, o que garante um alto fluxo de compras no local. Há mais de cinco anos na área , Eliane Salvatierra, vendedora na loja Bua Kid, afirma que, desde o começo deste ano, as reformas influenciam na redução das vendas, que em 2018 ficaram abaixo do esperado para o Dia das Crianças. “Uma grávida não vai querer andar no meio da poeira, porque às vezes tem alergia. As pessoas entram e perguntam como nós aguentamos tanto barulho. Um dia uma pedra até atingiu o rosto de uma moça que passava perto das obras”.
Estabelecimentos mais afastados do centro e até mesmo os shoppings da cidade passaram a ser um atrativo para os consumidores. Isadora Alves, acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), afirma que o hábito de ir ao centro da cidade fazer compras é comum. Devido às obras, relata preferência para outros lugares. “É mais prático, principalmente para estacionar. Aqui no centro tem muita poeira também".
O taxista Genésio Alves da Silva reconhece os transtornos causados pela obra e ainda realiza compras na região central. Ele acredita que a revitalização será benéfica para a população campo-grandense.