DIA DAS CRIANÇAS

Obras do Reviva Campo Grande reduzem vendas do Dia das Crianças

Pesquisa da Fecomércio-MS apontou que 79,39% dos consumidores tinham intenção de comprar no centro da capital

Geovanna Yokoyama, Nicolle Ignácio e Tábata Rauschkolb16/10/2018 - 23h47
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As obras do Reviva Centro em Campo Grande, projeto de readequação das principais vias da cidade, afetam em até 70% o fluxo de vendas na região central da cidade deste setembro deste ano. Os dados são da Pesquisa de Intenção de Consumo, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS). Ainda conforme a  pesquisa, com 2.546 entrevistados,  cerca de 80% da população campo-grandense pretendia realizar suas compras no centro da capital.

Segundo os comerciantes da região, entre as ruas 14 de Julho e Maracaju, as vendas foram insuficientes para cobrir os prejuízos financeiros ocasionados pela queda do movimento nas lojas. A economista da Fecomércio-MS, Daniela Teixeira Dias afirma que, na pesquisa, os indicadores relacionados à intenção de consumo das famílias foram otimistas em relação ao ano passado. "Neste ano, 20% da população está comprando mais que em 2017, que tinha um percentual de 16%. Então aos poucos nós percebemos que está aumentando esse indicador". A pesquisa apontou uma preferência dos consumidores em comprar no centro, devido ao baixo custo dos produtos, apesar das reclamações.

 

Em nota, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDLCG) afirma que as empresas previam o fechamento das ruas e a diminuição de clientes apenas para o próximo ano. A situação obrigou-os a adotar políticas de redução de gastos, como demissões.

O empresário Laércio Paulo Falcarte depende da venda de produtos para o público infantil há onze anos e é proprietário de três lojas no centro da capital. Ele relata que o Dia das Crianças é o momento em que as vendas aumentam e, neste ano, o rendimento caiu em relação ao ano passado. “Tivemos uma queda brusca. Com um percentual de 20% a 30% a menos nesta data”. O comerciante ressalta que, para manter o empreendimento, reduziu o quadro de funcionários.

De acordo com a economista da Fecomércio-MS, as lojas no centro da cidade são uma alternativa de compra mais barata, o que garante um alto fluxo de compras no local. Há mais de cinco anos na área , Eliane Salvatierra, vendedora na loja Bua Kid, afirma que, desde o começo deste ano, as reformas influenciam na redução das vendas, que em 2018 ficaram abaixo do esperado para o Dia das Crianças. “Uma grávida não vai querer andar no meio da poeira, porque às vezes tem alergia. As pessoas entram e perguntam como nós aguentamos tanto barulho. Um dia uma pedra até atingiu o rosto de uma moça que passava perto das obras”.

Estabelecimentos mais afastados do centro e até mesmo os shoppings da cidade passaram a ser um atrativo para os consumidores. Isadora Alves,  acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), afirma que o hábito de ir ao centro da cidade fazer compras é comum. Devido às obras, relata preferência para outros lugares. “É mais prático, principalmente para estacionar. Aqui no centro tem muita poeira também".

O taxista Genésio Alves da Silva reconhece os transtornos causados pela obra e ainda realiza compras na região central. Ele acredita que a revitalização será benéfica para a população campo-grandense. 

De acordo com o empresário Ali Omas, proprietário de duas lojas na região central há 40 anos, a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG), por meio da coordenação do Programa Reviva Campo Grande propôs ações para reduzir os impactos das obras atrasadas, como eventos culturais, campanhas publicitárias que estimulem o comércio, reuniões com lojistas e empresários, para explicar o andamento e cronograma das obras, implantação de sinalização visual e promoções. Ali Omas afirma que as iniciativas foram insuficientes. “Desde o começo das obras, as vendas caíram de 45% a 50%. Estamos com um prejuízo grande há três meses”.

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