EDUCAÇÃO

Manifestantes ocupam avenida Costa e Silva em protesto contra cortes no orçamento da UFMS e IFMS

Alunos, professores, pesquisadores e profissionais da educação de Campo Grande participaram da paralisação nacional pela educação na manhã do último dia 15 de maio

Ketlen Gomes, Lua Souza, Mariana Alvernaz15/05/2019 - 22h52
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Estudantes, professores, pesquisadores e profissionais da educação realizaram uma paralisação contra o bloqueio de verbas orçamentárias nas universidades e institutos federais do país, anunciados pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo a organização do evento, compareceram cerca de 10 mil pessoas ao ato. A concentração começou as 8h00 na avenida Costa e Silva, em frente ao portão dois da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Depois manifestantes seguiram, me passeata, até o Terminal de transporte urbano público de Campo Grande, Morenão, quando voltaram a UFMS.

A UFMS teve 29 milhões de reais bloqueados de sua receita, aprovada em 2018, pelo governo do ex-presidente Michael Temer. O Instituto Federal do Mato Grosso do Sul(IFMS) teve mais de 40% do seu orçamento travado. Outra instituição federal do estado que foi afetada é a Universidade Federal da Grande Dourados(UFGD), com 12,4 milhões de seu orçamento bloqueados, representantes da também estiveram na manifestação do dia 15 de maio.

A acadêmica do curso de Engenharia de Produção da UFMS, Bruna Ribeiro comenta que parte de seus professores são contra as manifestações, mesmo com os laboratórios e pesquisas do curso afetados diretamente com o contingenciamento, “vai cortar as bolsas, eu faço parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e não vai ter mais semestre que vem,  diz que vai terminar o que tá tendo e vai parar”. Ribeiro também comenta que as atividades em alguns laboratórios estão "com os dias contados", e que os que continuam são laboratórios em que aulas são ministradas.

Estudantes de todas as áreas compareceram ao ato, como o acadêmico do curso de Medicina, Gabriel Vilela que destacou as condições precárias do Hospital Universitário. A estudante do curso de pós-graduação em Biologia Animal, Suziele Galdino compareceu ao ato em defesa da manutenção das pesquisas e das bolsas, que são os salários dos cientistas e que foram cortadas devido ao bloqueio do governo federal.

Segundo a secretária geral da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Ana Maria Souza o sindicato estava presente na manifestação pelo impacto direto que os cortes na educação apresentam para os trabalhadores. Segundo a secretária geral, a retirada dos recursos na educação afeta todas as etapas na educação.

A professora da Rede Estadual de Enisno, Juliana Silva levou seus filhos Ana Clara e Caio Silva de sete quatro e anos de idade para a manifestação. Juliana Silva  realizou toda sua graduação na UFMS e na UEMS e afirma que é impensável que a universidade pública se constitua como uma universidade privada. “Eu acho que os meninos desde pequenos tem que ter essa consciência política de que precisam lutar pelo que é de direito deles. Eu acho que trazendo eles, é uma forma de mostrar isso pra eles na prática. É pública, é nossa e tem que ser de qualidade”.

De acordo com o coordenador da escola indígena da aldeia Água Azul, Enoque Roberto existem diversos aspectos que dificultam o acesso-permanência de alunos indígenas na universidade. Segundo ele, é possível perceber a dificuldade nas escolas pelo acesso das crianças das aldeias à informações e tecnologias, que é menor do que o das crianças da área urbana.

O estudante filiado à União Nacional dos Estudantes (UNE), Pedro Assunção afirma que a instituição decidiu participar do ato nacionalmente após o bloqueio das verbas destinadas às universidades federais. “Os estudantes estão nas ruas porque a gente acredita que a o sonho da juventude brasileira hoje é ingressar em uma universidade pública. Quando o Bolsonaro anuncia esse corte, a gente acredita que ele está indo contra a juventude brasileira. A gente está na rua convocando os estudante a se manifestarem porque a gente vai lutar para que isso não aconteça”.

A estudante do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Mariana de Brito esteve nas ruas com cerca de 200 alunos da escola técnica em defesa a educação. Segundo a aluna, há muitas atividades e prestação de serviços à população realizadas no instituto. “Tem muitas coisas lá, fic de libras, fic de inglês para outros alunos que também não são do IF, tem projetos para deficientes visuais, deficientes auditivos, e como que o Brasil vai melhorar se não tiveram projetos que auxiliam o Brasil ir pra frente?”. Mariana de Brito comentou que há alunos que só conseguem ir para as aulas devido aos auxílios transporte, a instituição se comprometeu a manter os auxílios aos estudantes, os mesmos estão apreensivos com os bloqueios.

 

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