VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Escolas e universidades são ameaçadas de atentados em Campo Grande

Instituições foram pichadas com discursos de ódio e intimidações aos alunos, as ameaças foram feitas em redes de ensino público e particular da Capital e causaram insegurança em pais e estudantes

Clara Farias, Maria Eduarda Schindler e Rafaella Moura18/04/2023 - 05h52
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Ameaças de atentados em Centros de Educação Infantil (Ceinf), escolas de Ensino Fundamental, Médio e instituições de Ensino Superior em Campo Grande provocaram insegurança à pais e alunos da Capital. As intimidações feitas por meio de redes sociais e nos ambientes internos das instituições descrevem atentados a estudantes. O governo do Estado de Mato Grosso do Sul implementou o Plano de Segurança nas Escolas que monitora de forma permanente instituições, um sistema que aciona a Polícia Militar em seis minutos, criação de núcleos de pesquisa e inteligência policial para evitar atantados e cartilhas para orientar pais e educadores, como uma forma de conter as ameaças.

Escolas da Rede Estadual de Ensino do Mato Grosso do Sul e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foram pichadas com ameaças de ataques. Na Funlec Oswaldo Tonini, um estudante foi encontrado com uma lista de alvos. As datas dos ataques nas redes de ensino estavam previstas para os dias 18 e 20 de abril. A Secretaria de Estado da Educação (Sed) autorizou a liberação dos alunos de escolas estaduais no dia 19 de abril para que as escolas organizassem as atividades de prevenção para atentados. O assessor de imprensa da Sed, Marcus Vinícius Espíndula informou que a liberação dos alunos foi facultativa "para as escolas que julgaram necessário". A Escola Estadual Hercules Maymone optou por realizar os procedimentos de preparação de segurança e dispensou os estudantes das aulas.

O governo do Estado de Mato Grosso do Sul elaborou o Plano de Segurança nas Escolas, com escolta nas instituições públicas do estado. As rondas policiais estavam previstas no programa Escola Segura, Família Forte e foram ampliadas devido às ameaças, o programa incluiu helicópteros no monitoramento escolar. A presidente do Conselho de Diretores e Diretoras da Rede Municipal de Ensino (REME), Maria Lúcia de Fátima Oliveira ressalta que o uso de segurança armada agrava casos de violência entre os alunos e professores.

Segundo o coordenador do Fórum Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (FEEMS), Onivan de Lima os professores não receberam treinamento para situações de violência nas escolas do estado nos anos anteriores. Lima acredita que a situação de violência que os estudantes enfrentam no ambiente externo e familiar influenciam no comportamento dos jovens, e que as instituições podem "acolher" esses jovens. “Nós acreditamos em uma escola acolhedora e democrática para todas e todos, inclusive aqueles que possuem atos infracionais, com problemas na justiça ou com histórico de agressões. É preciso pensar no sujeito como um todo”. Para o coordenador, o combate a violência nas escolas será resolvido com o estímulo de uma "cultura de paz", desde a Educação Básica.

A psicóloga Lóren Dutra realizou uma roda de conversa na Escola Estadual Orcírio Thiago de Oliveira, devido a insegurança relatada pelos alunos. “A situação que nos encontramos causa muito medo nas pessoas e a escola carrega uma função social muito importante na vida das famílias. A roda de conversa tem o intuito a escuta e validação dos sentimentos”. Lóren Dutra relata que a Psicologia Escolar estuda o contexto das instituições, diferente da psicoterapia que é prevista em ambiente clínico. "Os psicólogos nas instituições possuem a função de atuar com a comunidade escolar, entendendo a relação do índividuo com o ambiente de ensino, por isso pode ser uma grande aliada ao combate da violência escolar".

No bloco Complexo Multiuso 2 da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), ameaças de atentados e símbolos nazistas foram desenhados nas portas dos banheiros. A acadêmica do curso de Psicologia da UFMS, Joana Costa*, relata que souberam da informação enquanto estavam em aula no bloco e que a professora comunicou a equipe de segurança da universidade. “Eu lembro que a sensação de voltar pra casa depois da aula era uma sensação de medo. Um dia que era pra eu estar tendo aula normal, tive que voltar pra minha casa porque eu estava com medo de acontecer algo em um espaço que eu deveria me sentir segura”. A estudante reforça a necessidade de checar a veracidade das informações e tomar medidas de segurança adequadas para controlar as recentes suspeitas de violência.

Primeira Notícia · Acadêmica de Psicologia da UFMS aponta que é preciso ter cuidado com informações sobre violência

Na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), episódios que envolvem ameaças também ocorreram no Whatsapp, em que estudante da instituição fez apologias à violência e ameaças a outros estudantes. A Reitoria da Universidade acionou a Polícia Militar, na manhã de terça-feira (18), devido as denúncias que foram feitas. O autor das mensagens foi detido e suspenso preventivamente das aulas. A acadêmica do curso de Publicidade e Propaganda, Letícia Cardoso* acredita que é necessário que a Universidade adote medidas de segurança, como revista.

 

Primeira Notícia · Estudante de Publicidade e Propaganda da UCDB relata o medo dos estudantes após ameaças

O pró-reitor de Administração e Infraestrutura da UFMS, Augusto Malheiros informou que aumentou os postos de segurança da Universidade, como forma de monitorar, previnir e combater atentados. O Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) criou o canal Pacifique IFMS+Seguro, para receber denúncias de ameaças. O Governo Federal criou o canal Escola Segura, com objetivo de receber denúncias de instituições no Brasil. Escolas do estado foram incluídas no Plano de Segurança estebelecido pelo governo do Mato Grosso do Sul.

Serviço

As denúncias também podem ser feitas pelos telefones 190 e 100, da Polícia Militar.

*Joana Costa e Letícia Cardoso são nomes fictícios para preservar as fontes

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