EDUCAÇÃO

Aplicativo que monitora a frequência de aluno é implementado no Estado

Aplicativo “Mira Aula”, lançado pela Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, objetiva facilitar o trabalho do professor na realização das chamadas e reduzir o índice de evasão escolar

AMANDA FRANCO, ANA KARLA FLORES E LETHYCIA ANJOS 5/09/2018 - 12h01
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O aplicativo “Mira Aula”, lançado no dia 8 de agosto pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED-MS) em parceria com a empresa Mira Educação, é um software que substitui o Diário de Classe e agiliza o trabalho do professor ao fazer a chamada dos alunos durante as aulas. Por meio do Serviço de Mensagens Curtas (SMS), os pais ou responsáveis podem monitorar as faltas e o desenvolvimento do estudante no ambiente escolar. O projeto utiliza tecnologia educacional e, até o momento, 81% das 353 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul fazem uso da plataforma digital.

A Mira Educação é um projeto que busca promover o desenvolvimento do processo educacional e diminuir a evasão na educação pública brasileira. O fundador e diretor executivo do projeto, Rangel Barbosa explica que o aplicativo foi desenvolvido em dois anos e meio e teve a participação de 50 profissionais, entre professores, engenheiros de software, pesquisadores, administradores financeiros e especialistas em recursos humanos. “A ideia é que o aplicativo chegue ao maior número possível de estados e municípios no Brasil. Inicialmente, Mato Grosso do Sul foi quem abraçou a causa. A primeira versão foi adaptada a partir do feedback dos professores e dos diretores do estado”.

Barbosa afirma que um dos diferenciais para a escolha da aplicação do projeto é o interesse do governo do estado para as inovações tecnológicas e a presença do Professor Gerenciador de Tecnologias Educacionais e Recursos Midiáticos (Progetec) nas escolas estaduais. Barbosa ressalta que a equipe de desenvolvimento trabalha para melhorar e ampliar o aplicativo. “A curto prazo é a aplicação de uma avaliação por meio do Mira Aula na rede estadual do Mato Grosso do Sul e isso deve acontecer ainda esse semestre. E, posteriormente, lançar um aplicativo para o aluno”.

O aplicativo foi testado em cinco escolas antes de expandir para toda a rede estadual de ensino. O coordenador de Tecnologia Educacional (Coted) da SED-MS, Paulo Cezar Rodrigues explica que a ferramenta é de uso exclusivo do professor e o gestor da escola realiza um controle do sistema. Ele afirma que a plataforma foi bem recebida pelos usuários e conta com mais de um milhão de chamadas realizadas e integradas à base de dados. “É muito mais rápido e fica registrado no nosso diário. Para trazer a família, o aplicativo busca a base de dados do sistema, o contato do responsável e o envia um SMS. Estamos aprimorando algumas questões porque ele registra a falta do dia e queremos que registre a falta do tempo”.

Rodrigues ressalva que 79 municípios do estado foram contemplados com o aplicativo e que o sistema Diário de Classe da SED funciona normalmente. “A plataforma é um plus a mais porque não podemos obrigar o professor a usar o aplicativo. Temos trabalhado muito para que o professor não use isso como um fator coercitivo dentro da sala de aula, o objetivo não é esse”.


   Para Tékão, iniciativa trouxe melhorias à escola
   (Foto: Lethycia Anjos)

A Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes foi uma das cinco escolas selecionadas para participar do projeto piloto do aplicativo. O diretor da instituição, Marcelo Tékão acredita que o Mira Aula auxilia a escola no processo de formação e acompanhamento da vida escolar. “Vejo com bons olhos esse recurso que chega, que precisa ser uma ferramenta melhorada, mas que traz pontos positivos. É bom ver que temos uma iniciativa no Mato Grosso do Sul de colocar um aplicativo, que é uma linguagem hoje da juventude, e que os professores estão aprendendo a ter, para poder fazer um acompanhamento do aluno e criar uma relação entre pais, alunos e escola”.

Tékão ressalta que a plataforma proporciona uma resposta rápida e fácil para a família e para a escola, além de otimizar a rotina do professor em sala de aula. O diretor afirma que o aplicativo ainda está em processo de desenvolvimento. “Muita coisa ainda vai ser aperfeiçoada e melhorada. Então a gente entende que essa política, esse investimento que o estado fez com essa ferramenta em pouco tempo, fará com que a escola colha bons resultados”.

Evasão escolar

Um dos objetivos do aplicativo “Mira Aula” é reduzir o alto índice de evasão escolar em Mato Grosso do Sul. Para o diretor executivo do projeto Mira Educação, Rangel Barbosa o aplicativo é importante por informar a falta e o rendimento escolar do aluno por meio do envio de torpedos. “Se melhorar a frequência, a gente tem esperança de que o aluno, frequentando mais a aula, tenha menor tendência a evadir no ano seguinte”.

A última edição do estudo “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil”, da Fundação Abrinq, indica que Mato Grosso do Sul possui o maior número de jovens de 15 a 17 anos fora da escola e lidera o ranking nacional de evasão escolar. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e mostram que 22% dos jovens nesta faixa etária estão sem estudar, um total de 26.952 adolescentes.

A taxa de abandono do Ensino Médio em Mato Grosso do Sul foi de 8,1% em 2016. Em Campo Grande, foi de 9,4%, o que corresponde 2,8% a mais que a média nacional, de 6,6%. O levantamento feito pela ONG Todos pela Educação, também com base nos resultados da Pnad, revela que 65,5% dos jovens com 16 anos concluíram o Ensino Médio em 2015 no estado e que apenas 50,5% dos estudantes voltaram à escola para concluir os estudos.

O superintendente de Políticas Educacionais da SED-MS, Hélio Daher relata que, com o alto índice de evasão escolar no estado em 2015, foram desenvolvidos uma série de programas para reduzir esse cenário. “Quando nós assumimos a gestão, desenvolvemos o “Família na Escola”, que é um programa que incentiva a vinda da família na escola em quatro datas fechadas durante o ano. Julgávamos necessário um outro programa justamente para além desse contato família e escola. Levar para o pai, o dia a dia da sala de aula do filho”.

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