Alunos e professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) retornaram ao câmpus após o término da paralização das universidades federais no país. As aulas iniciaram no dia 13 de outubro e têm prazo até o dia 18 de dezembro para a conclusão do primeiro semestre. Dividido em dois calendários, o dos grevistas e não grevistas, estudantes buscam se adaptar ao retorno das atividades acadêmicas no período estabelecido pelo Conselho de Ensino de Graduação (COEG). Conforme a resolução do COEG, o segundo semestre do ano letivo de 2015 será concluído em março de 2016.
Acadêmicos reconhecem as consequências do calendário duplo. A estudante de Odontologia, Anelise Lima, 26, comentou que não foi a favor da paralisação. “Fui contra a greve, pois o país está em crise, endividado e com rombo nos cofres públicos não é difícil de se deduzir que a presidente Dilma não iria atender aos reclames dos professores”.
Segundo a estudante, após o período de paralisação um novo calendário determinou a reposição das aulas, e então todas as suas provas e trabalhos foram acumulados em uma semana, além de ter perdido aulas práticas. “Eu não pude terminar de cumprir a carga horária das clínicas e perdi de realizar atendimentos durante um mês e, como consequência, perdi experiência”.
A recém-formada em Odontologia, Larissa Costadele Rosa de Souza, 22, solicitou com a turma um mandado de segurança para conseguir concluir a graduação. “Foram dois, um para a gente conseguir pegar o certificado de conclusão do curso e outro para podermos realizar a cerimônia de colação de grau”.
A acadêmica de Psicologia, Thaís Barros de Andrade, 19, apoiou os docentes. Segundo ela, os professores grevistas explicaram os motivos da greve e ela decidiu colaborar com o movimento. Durante o período de paralisação, com apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE), ela esteve envolvida com a organização de atividades extras abertas a todos os cursos. “Decidimos, em parceria com um professor nosso, realizar algumas aulas abertas com temas ligados à Psicologia e também fazer exibições de filmes com debates no final”. Os temas discutidos eram escolhidos com antecedência e os horários das aulas e exibições marcados pelas redes sociais.
Conforme o calendário acadêmico divulgado pelo COEG, as aulas deverão ser repostas de acordo com o turno de funcionamento de cada curso. O cronograma de aulas definiu o dia 13 outubro de 2015 como início do segundo semestre e dia 28 de março de 2016 o término das aulas. O início do primeiro semestre do próximo ano letivo está previsto para iniciar no dia 13 de abril de 2016.
Os docentes também se adaptam ao retorno das aulas. O professor do curso de Ciências Contábeis, Itzhak David Kaveski ressalva a influência da greve nas disciplinas que leciona. “As minhas aulas do primeiro semestre não foram prejudicadas, pois consegui finalizar antes. Entretanto possuo alunos que eram para colar grau em julho e por causa da greve não puderam colar grau e foram prejudicados na questão profissional. No segundo semestre, alguns alunos foram prejudicados, pois a maioria é militar e iram ser transferidos em janeiro. Como as aulas vão até março de 2016, os alunos militares poderão perder o semestre.”
Reivindicações
De acordo com assessor do Sindicato dos Professores das Universidades Federais Brasileiras (ADUFMS), Gerson Jara, essa foi uma das maiores greves na instituição. Ele ressalta que além dos interesses docentes, a greve deste ano também mobilizou acadêmicos.
Jara explicou algumas das questões que estavam na pauta do sindicato. “Foi incorporado na pauta a necessidade de ampliação de sala de aula em sintonia com a abertura de concurso público, a expansão do restaurante universitário e também questões da manutenção das bolsas de iniciação científica”.
O assessor não descarta a possibilidade de uma nova greve no ano de 2016. “A inflação desse ano vai ser em torno de 9.6% segundo a previsão e os professores tiveram só 5% de reajuste em virtude do acordo anterior e vão ter mais 5% ano que vem. Então, provavelmente, vai ter greve de novo, porque os professores não vão aceitar ficar com perda salarial”.
Os principais acordos reivindicados pelos professores foram o reajuste dos benefícios; auxílio-alimentação; auxílio à assistência saúde; auxílio-creche; reestruturação das tabelas salariais com índice de 10,8%, com recebimento de 5,5% em agosto de 2016 e 5% em janeiro de 2017, além da formação do comitê provisório para discussão da carreira.