EDUCAÇÃO

Conselho Tutelar notifica pais e responsáveis que deixaram de assinar termo escolar

Assinatura de termo de comprometimento para a volta às aulas presenciais causou medo e insegurança com cenário da Covid-19

Alicce Rodrigues, Ana Klara Tortoza, Feyth Jaques, Waldir Rosa31/10/2021 - 21h02
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Pais e responsáveis de alunos das escolas municipais de Campo Grande que deixaram de assinar termo com preferência para o aluno voltar às aulas presenciais ou continuar de forma remota foram encaminhados ao Conselho Tutelar. O termo foi produzido de acordo com a realidade de cada unidade escolar e está previsto na Resolução 214 da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de 22 de dezembro de 2020. O documento dispõe sobre o retorno às aulas na Rede Municipal de Ensino (REME) e estabeleceu como prazo máximo para a assinatura dos responsáveis o dia 30 de setembro.

O aviso da SEMED com orientações para assinatura do termo escolar, obrigatório para a volta às aulas, foi divulgado de forma ampla na mídia e nas redes sociais durante o mês de setembro. O Conselho Tutelar de Campo Grande foi acionado pelas escolas para aqueles que deixaram de comparecer ou prestar esclarecimentos a partir do dia 1 de outubro. O ensino presencial escalonado, que alterna entre aulas presenciais e atividades remotas, acontece nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e nas escolas de ensino fundamental.

O ensino básico na REME de Campo Grande retornou ao modo presencial escalonado desde o dia 26 de julho de 2021. A retomada aconteceu conforme o Decreto nº 14.797 de 9 de julho de 2021, que dispõe de normas e providências a serem tomadas para o retorno de forma segura. Os procedimentos do plano de biossegurança a serem seguidos por todas as instituições da REME estão na Resolução 223, publicada dia 13 de julho no Diogrande.

Primeira Notícia · Waldir Leonel explica sobre o plano de retorno às aulas presenciais

A SEMED disponibilizou três Termos de Responsabilidade e Compromisso na aba "Downloads". Os pais se comprometem a levar seus filhos para a escola no sistema de escalonamento das turmas, modelo em que uma semana o aluno tem aulas presenciais, e na outra fica em domicílio, com as atividades passadas pelos próprios professores de modo presencial. Os horários de entrada e de saída dos alunos também são diferenciados conforme cada unidade escolar, para evitar aglomerações.

O conselheiro tutelar, Sérgio Norte diz que o número de pais notificados pelo órgão será divulgado em dezembro. A justificativa mais frequente dos responsáveis foi a falta de tempo para ir até as escolas assinar o termo. “Quando os pais chegam aqui, são advertidos, mas até agora sempre conseguimos resolver o problema de imediato”.

O professor Augusto Lobo ministra aula para a turma do quinto ano do ensino fundamental na Escola Municipal Professor Licurgo de Oliveira Bastos e diz que os alunos precisam se adaptar à nova rotina. “Números reduzidos de alunos preenchem as salas, com mesas e cadeiras distanciadas dois metros umas das outras e durante os intervalos são proibidos de aglomerar”. O superintendente de gestão da Superintendência de Políticas Educacionais (SUPED), Waldir Leonel relata que os pais tiveram influência na decisão da SEMED para o retorno às aulas. A diretora da EM Professor Licurgo de Oliveira Bastos, Claudeci Almeida analisa a volta às salas de aula como "essencial" para garantir o direito de aprendizagem, o monitoramento e a avaliação dos estudantes. “O retorno às aulas é fundamental para recuperarmos a formação psicossocial que o ensino presencial oferece e foi interrompido pela pandemia”. 

As escolas públicas de Campo Grande fecharam de março de 2020 até julho de 2021, durante um ano e quatro meses. A prefeitura e o governo do Estado adotaram o retorno presencial às aulas com o avanço da vacinação. As escolas da SEMED cumprem o chamado plano de retorno escalonado das aulas presenciais na REME. A Secretaria de Estado de Educação (SED) determinou o número de alunos permitidos por sala de aula conforme a cor da bandeira da cidade, estabelecida pelo Programa de Saúde e Segurança na Economia (Programa Prosseguir).

A revendedora autônoma, Yzaura Fileno relata que a assinatura do termo de volta às aulas dificultou a decisão de autorizar suas duas filhas a voltarem ao modo presencial. O medo persiste sobretudo por ter pessoas em sua família que foram a óbito devido à Covid-19. “Eu estava com muita dificuldade para ensinar as crianças em casa”.

Os estudantes portadores de deficiência (PcD) requerem atenção dedicada de forma exclusiva. Alguns necessitam de medicação em horário marcado e cuidados psicopedagógicos. A professora Leonida Infran diz que o retorno às salas de aula deixou esses estudantes motivados a estudarem mais. “O apoio dos professores para os alunos com deficiência é um ponto positivo desta volta às aulas presenciais”.

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