Estudantes e integrantes de movimentos sociais e políticos se reuniram na última sexta-feira (11) na Praça do Rádio com pedidos para mais investimentos na infraestrutura da rede pública de ensino e universidades públicas da capital. Os manifestantes reivindicaram a criação de ações afirmativas para a população transexual, recomposição orçamentária para instituições de ensino público e o aumento do programa de permanência estudantil. A principal demanda foi a revogação do Novo Ensino Médio, implantado em 2022 para alunos do primeiro ao terceiro ano da rede pública de ensino.
O ato foi organizado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Fundação da União Nacional dos Estudantes (Une). A manifestação aconteceu na Praça do Rádio e na Praça Ary Coelho. O ato também ocorreu em Corumbá, em defesa de oportunidades de estágio para alunos do Campus do Pantanal.
O presidente da União da Juventude Socialista (UJSMS), Renan Rubens defende que a Lei de Cotas é uma oportunidade para que negros, pardos e indígenas possam cursar uma graduação, por isso é necessário ampliar as cotas para pessoas transexuais terem a mesma oportunidade. "A sociedade deixa essas pessoas à margem e sempre criminaliza os seus corpos, e nós queremos elas dentro das universidades, pois sabemos que a educação muda vidas. Mesmo sendo apenas 2% da população, pessoas trans e travestis ainda são menos que 0,3% no ensino superior".
A vice-presidente da Une, Kamilly Vitória Gomes da Silva reforça que a presença de representantes da União da Juventude Socialista (UJS), União da Juventude Comunista (UJC), Secretaria Nacional de Juventude (JPT), Juventude Anticapitalista (Rua) e Juventude Socialista Brasileira (JSB) fortalece o movimento. De acordo com Kamilly Gomes, o ato organizado alcança mais pessoas que compartilham pensamentos semelhantes sobre o tema tratado durante a manifestação. "Cada um dentro do ato vai ter a liberdade de colocar e pontuar as questões especificas do grupo, ou seja, cada grupo irá direcionar de alguma forma e isso é resolvido em congresso por meio de cartilhas e reuniões". Segundo Kamilly Gomes, "é preciso que haja um debate interno entre a organização do ato e os participantes para que o movimento seja bem sucedido e tenha resultados".
O deputado estadual Pedro Kemp é contra o modelo do Novo Ensino Médio implantado por meio de uma Medida Provisória pelo Congresso Nacional sem consultar a comunidade escolar e os professores. "Realizamos debates para aprofundar as discussões e encaminhamos nossa posição para Brasília pedindo a revogação do novo ensino médio destacando que o modelo de ensino que queremos para atender as demandas e os anseios da comunidade escolar é aquele que garante todo o conhecimento para a formação cidadã". O deputado afirma que o ensino médio deve garantir uma educação de qualidade para que os jovens optem pela vaga na universidade.
Kemp relata que a redução orçamentária prevista pelo Arcabouço Fiscal "de maneira alguma paralisa evita o projeto de país que garante acesso para a classe trabalhadora". Segundo o deputado, o Governo Federal irá liberar quatro bilhões para a criação de matrículas em tempo integral. A meta é alcançar até 3,2 milhões de matrículas até 2026. "A Lei 14.640 de 2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cria o Programa Escola em Tempo Integral, prevê assistência técnica e financeira da União aos entes federados para aumentar matrículas no Ensino Básico em tempo integral".
O professor de História da Rede Estadual de Ensino, Francisco dos Santos é contra o Novo Ensino Médio. "Essa grade curricular afeta os alunos ao propor uma ilusão dos chamados Itinerários Formativos, à medida que transfere para os estudantes um processo de escolha ilusório. Em muitas situações, as escolas no Brasil não estão em condições de oferecer essas possibilidades de escolha, quando você adentra no conteúdo dessas escolhas, é praticamente do nada para lugar nenhum".
A deputada federal Camila Jara afirma que o Congresso Nacional está comprometido em melhorar a infraestrutura da educação pública. "Nós conseguimos aprovar agora a renovação da Lei de Cotas que estava há mais de um ano parada no Congresso Nacional de modo com que chegasse para mais estudantes". Camila Jara acrescenta que o Governo Federal está ciente das revindicações como a recomposição orçamentária abordadas durante o ato. "Agora nós estamos pensando e reestruturando todo o pacote de assistência estudantil. Sabemos que é preciso pensar na permanência dos estudantes e estamos tentando diminuir os efeitos causados pela desestruturação da educação feita pelo governo Bolsonaro".