EDUCAÇÃO

Educadores e estudantes ocupam as ruas pela revogação do Novo Ensino Médio

Manifestação ocorreu na Capital após o Governo Federal suspender implementação do modelo de ensino e permanecer com os itinerários formativos previstos no projeto

Clara Farias, Maria Eduarda Schindler e Rafaella Moura25/04/2023 - 16h24
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Estudantes e profissionais da educação realizaram Ato em Campo Grande a favor da revogação do Novo Ensino Médio, estabelecido pela Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Os manifestantes realizaram uma passeata na Avenida Afonso Pena, que iniciou na Praça do Rádio e foi em direção à Escola Estadual Joaquim Murtinho. O Sindicato Campo-grandense dos Profissionais de Educação Pública (ACP) realizou panfletagens em frente à Escola.

A manifestação foi organizada por estudantes e pelo Comitê MS Pela Revogação do Ensino Médio, e recebeu o apoio da ACP e da Federação dos Trabalhadores em Educação (Fetems). A nova organização de ensino é rejeitada por professores e alunos das redes públicas de ensino da Capital por retirarem do currículo disciplinas da Educação Básica e as substituírem por Itinerários Formativos. O segundo ato na Capital foi promovido em decorrência da suspensão do novo modelo de ensino pela Portaria Nº 627.

A publicação da Portaria, que suspende por 60 dias o calendário de implementação do Novo Ensino Médio ocorreu após o primeiro Ato pela revogação do modelo. A medida mantém o calendário dos estudantes da Rede Pública de Mato Grosso do Sul que cursam a nova metodologia de ensino. A Portaria também prevê que a organização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 fique suspensa por 60 dias para que mudanças no Novo Ensino Médio sejam implementadas e assim se adequem a prova com novas questões e formatos adequados às alterações.

O secretário de Educação do Estado, Hélio Daher afirma que o modelo do Novo Ensino Médio está implementado em todas as escolas de Mato Grosso do Sul. "No nosso cronograma, não interrompeu em nada porque não podemos mudar nada durante o ano letivo. O aluno não pode começar o ensino médio de um jeito e terminar de outro. Esse ano não muda nada, a proposta é que com as discussões, entre em vigor novas alterações para melhorar o ensino médio". Hélio Daher ressalta que as mudanças propostas ao novo modelo de ensino serão feitas a partir de 2024.

A professora do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e representante da Associação de Docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Érika Porceli afirma que a suspensão do Novo Ensino Médio é um processo de transição do Governo. “A suspensão indica um ponto de parada que chama a sociedade para parar e pensar sobre esse novo modelo de ensino, mas ela não é suficiente, é necessário um modelo que apoie a educação pública brasileira”. Érika Porceli ressalta que Mato Grosso do Sul antecipou o processo de implementação do Novo Ensino Médio com o Programa de oferta do Ensino Médio em Tempo Integral.

A vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Mato Grosso do Sul, Ingryd Trigilio apoiou o Ato e relata que os manifestantes foram às ruas pelo direito dos jovens prejudicados com o novo modelo de ensino. "Os estudantes contam que querem estudar e ingressar em uma universidade, mas com o Novo Ensino Médio esse sonho se torna distante. Então eles querem fazer um cursinho para recuperar esse ensino defasado e nós entendemos que no Brasil fazer um cursinho particular é um previlégio". Ingryd Trigilio considera o modelo atual um retrocesso na educação pública.

Primeira Notícia · A estudante e vice-presidente da Une, Ingryd Trigilio comenta sobre o novo ensino médio

O professor de Língua Portuguesa, Paulo Rosa promoveu panfletagens durante dois dias na Escola Estadual Joaquim Murtinho e na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). A diretoria da União da Juventude Comunista (UJC) elaborou e distribuiu o documento que possui informações do ensino atual com perguntas e respostas sobre os processos de revogação e suspensão. "Elaboramos o material de acordo com um resgate histórico, com documentos antigos que tínhamos. Foi uma construção coletiva de profissionais da educação. A gente quer revogar esse modelo para retomar um projeto que atenda as demandas. Revogar é para resgatar e não para regredir".

Primeira Notícia · O professor Paulo Rosa comenta sobre as ações de mobilização feitas

O Ministério da Educação disponibilizou na segunda-feira (24), uma Consulta Pública sobre o Novo Ensino Médio. A "Avaliação e Reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio" está aberta na plataforma Participa + Brasil para coletar opiniões sobre o novo modelo de ensino. A iniciativa promove audiências públicas, webinários e outros espaços de debate para readequar o currículo do Ensino Médio.

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