EDUCAÇÃO

Estudantes da Universidade Federal realizam protesto contra bloqueio de verba destinada à Educação

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) teve bloqueio orçamentário de R$ 13 milhões, que afeta a manutenção da Cidade Universitária e as atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação

9/06/2022 - 22h05
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Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) realizaram uma manifestação em frente à Reitoria na Cidade Universitária no dia nove de junho em forma de protesto aos cortes orçamentários destinados à Educação. Os alunos caminharam até o corredor central da Cidade Universitária e realizaram uma aula pública sobre o bloqueio de verba e a proposta de cobrança de mensalidade nas universidades públicas. Os estudantes também se manifestaram contra a tentativa de institucionalização do ensino domiciliar, chamado de homeschooling, e o aumento no valor da refeição do Restaurante Universitário (RU).  

Governo Federal aprovou um corte de R$ 1,6 bilhões em orçamentos destinados às universidades e institutos federais. A UFMS teve um bloqueio orçamentário de R$ 13 milhões, corte que afeta o custeio e investimento da Universidade. Mais da metade dos R$ 952,8 milhões aprovados pelo Congresso Nacional em 2022 é destinado ao pagamento de funcionários ativos e aposentados, enquanto R$ 64 milhões são reservados para a manutenção e funcionamento da UFMS. A junta de Execução Orçamentária é o órgão responsável pelo bloqueio orçamentário, que também dificulta a continuidade de pesquisas científicas, projetos de extensão e assistências estudantis aos alunos de baixa renda. 

Os manifestantes argumentam que os cortes orçamentários podem representar o início da privatização das universidades públicas nacionais e o aumento na evasão de estudantes. O ato faz parte de uma mobilização nacional convocada por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet). A manifestação também teve o apoio dos Centros Acadêmicos (CAs) dos cursos de História e Jornalismo da UFMS, da Associação dos Docentes da UFMS (ADUFMS) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). 

Créditos: Ayanne Gladstone

O presidente da ADUFMS e professor do curso de Engenharia da Computação da UFMS, Marco Aurélio Stefanis explica que a manifestação também ocorreu no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e que o bloqueio de verbas afeta de forma direta o funcionamento da UFMS. Ele afirma que a falta de verba deve prejudicar o pagamento de água e energia elétrica da Cidade Universitária e na manutenção de laboratórios e projetos de pesquisa. “Também tem a discussão que os estudantes estão levantando, que é a possibilidade de cobrança da mensalidade nas universidades”. 

Primeira Notícia · Presidente da ADUFMS, Marco Aurélio fala sobre a manifestação realizada pelos estudantes

A estudante do curso de Ciências Socias e representante da UNE de Mato Grosso do Sul, Ingryd Trigilio explica que a manifestação é pelos direitos dos estudantes. Ela afirma que a intenção dos manifestantes é dialogar e incentivar outros estudantes a exigirem do poder público uma educação de qualidade e a valorização dos professores. “A gente tenta mudar o macro, não o micro. Se a gente consegue fazer uma pequena diferença, já basta. As pautas do protesto foram o homeschooling, a questão do RU. Quinze reais é um absurdo. Cada vez mais temos evasão dentro das universidades federais. Cada bloco está cada vez mais sucateado, principalmente o Bloco Seis”. 

Primeira Notícia · Acadêmica de Ciências Sociais, Ingryd Trigilio fala sobre o objetivo da manifestação

O estudante do curso de História e presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Mato Grosso do Sul, Vitor Teixeira comenta sobre a ausência de manutenção da energia elétrica nos corredores da Cidade Universitária. Ele explica que suas aulas ocorrem no período noturno e que a escassez de iluminação pública facilita furtos e os crimes de violência sexual no Campus. “Hoje a UFMS vive um apagão. Se você vem no Campus à noite, parece que não existe iluminação pública. Tanto que há uma grande demanda da própria comunidade acadêmica quanto ao grande número de estupros que acontecem aqui dentro do Campus, e assaltos também. Esse ato hoje, ele está acontecendo aqui no Campus de Campo Grande, mas está acontecendo no estado inteiro. Em Nova Andradina, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana também. Os outros campos estão se mobilizando também”.  

Primeira Notícia · Acadêmico de História, Vitor Teixeira fala sobre a proposta de mensalidade em universidades publicas

Restaurante Universitário

A estudante do curso de Psicologia, Galelo Gabriel Garcia afirma que o reajuste no valor da refeição do Restaurante Universitário prejudica toda a comunidade acadêmica e os servidores da UFMS. Ela argumenta que a empresa terceirizada Paladar Nutri Eireli deve oferecer uma refeição que represente o valor de R$ 15,00 para os alunos que possuem Cadastro Único (CadÚnico) e pagam R$ 3,00. “A quantidade de proteína que eles estão dando para os estudantes é absurda, é pouquíssimo. É urgente que entre ali alguma equipe de nutrição efetiva, porque se a que está ali já existe, ela não está sendo efetiva. Eu pago três reais, mas o recurso que vem para a minha alimentação é de quinze reais, então o mínimo por esse preço absurdo de licitação é que a comida valha esse preço”.

Primeira Notícia · Acadêmico de Psicologia, Galeão Garcia fala sobre o serviço oferecido pelo RU da UFMS

A acadêmica do curso de Jornalismo, Evelyn Mendes se informou sobre o protesto por meio de publicações nas redes sociais da UNE, que convidaram a comunidade acadêmica para participar do ato. A estudante afirma que os cortes de verba representam o primeiro passo para a privatização da universidade pública, e é necessário que os estudantes reivindiquem seus direitos. "Desde que eles [Governo Federal] vejam que esses protestos têm tido bastante aderência no contexto nacional, talvez percebam que os alunos não vão ficar calados diante de um assunto desses. Caso seja arquivado essa pauta, a gente também vai continuar lutando para que seja uma pauta esquecida”.

Primeira Notícia · Acadêmica de Jornalismo, Evelyn Mendes fala sobre a proposta de cobrança de mensalidades
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