Os manifestantes argumentam que os cortes orçamentários podem representar o início da privatização das universidades públicas nacionais e o aumento na evasão de estudantes. O ato faz parte de uma mobilização nacional convocada por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet). A manifestação também teve o apoio dos Centros Acadêmicos (CAs) dos cursos de História e Jornalismo da UFMS, da Associação dos Docentes da UFMS (ADUFMS) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).
Créditos: Ayanne Gladstone
O presidente da ADUFMS e professor do curso de Engenharia da Computação da UFMS, Marco Aurélio Stefanis explica que a manifestação também ocorreu no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e que o bloqueio de verbas afeta de forma direta o funcionamento da UFMS. Ele afirma que a falta de verba deve prejudicar o pagamento de água e energia elétrica da Cidade Universitária e na manutenção de laboratórios e projetos de pesquisa. “Também tem a discussão que os estudantes estão levantando, que é a possibilidade de cobrança da mensalidade nas universidades”.
A estudante do curso de Ciências Socias e representante da UNE de Mato Grosso do Sul, Ingryd Trigilio explica que a manifestação é pelos direitos dos estudantes. Ela afirma que a intenção dos manifestantes é dialogar e incentivar outros estudantes a exigirem do poder público uma educação de qualidade e a valorização dos professores. “A gente tenta mudar o macro, não o micro. Se a gente consegue fazer uma pequena diferença, já basta. As pautas do protesto foram o homeschooling, a questão do RU. Quinze reais é um absurdo. Cada vez mais temos evasão dentro das universidades federais. Cada bloco está cada vez mais sucateado, principalmente o Bloco Seis”.
O estudante do curso de História e presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Mato Grosso do Sul, Vitor Teixeira comenta sobre a ausência de manutenção da energia elétrica nos corredores da Cidade Universitária. Ele explica que suas aulas ocorrem no período noturno e que a escassez de iluminação pública facilita furtos e os crimes de violência sexual no Campus. “Hoje a UFMS vive um apagão. Se você vem no Campus à noite, parece que não existe iluminação pública. Tanto que há uma grande demanda da própria comunidade acadêmica quanto ao grande número de estupros que acontecem aqui dentro do Campus, e assaltos também. Esse ato hoje, ele está acontecendo aqui no Campus de Campo Grande, mas está acontecendo no estado inteiro. Em Nova Andradina, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana também. Os outros campos estão se mobilizando também”.
Restaurante Universitário
A estudante do curso de Psicologia, Galelo Gabriel Garcia afirma que o reajuste no valor da refeição do Restaurante Universitário prejudica toda a comunidade acadêmica e os servidores da UFMS. Ela argumenta que a empresa terceirizada Paladar Nutri Eireli deve oferecer uma refeição que represente o valor de R$ 15,00 para os alunos que possuem Cadastro Único (CadÚnico) e pagam R$ 3,00. “A quantidade de proteína que eles estão dando para os estudantes é absurda, é pouquíssimo. É urgente que entre ali alguma equipe de nutrição efetiva, porque se a que está ali já existe, ela não está sendo efetiva. Eu pago três reais, mas o recurso que vem para a minha alimentação é de quinze reais, então o mínimo por esse preço absurdo de licitação é que a comida valha esse preço”.
A acadêmica do curso de Jornalismo, Evelyn Mendes se informou sobre o protesto por meio de publicações nas redes sociais da UNE, que convidaram a comunidade acadêmica para participar do ato. A estudante afirma que os cortes de verba representam o primeiro passo para a privatização da universidade pública, e é necessário que os estudantes reivindiquem seus direitos. "Desde que eles [Governo Federal] vejam que esses protestos têm tido bastante aderência no contexto nacional, talvez percebam que os alunos não vão ficar calados diante de um assunto desses. Caso seja arquivado essa pauta, a gente também vai continuar lutando para que seja uma pauta esquecida”.