A presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT) e o ministro da Educação, José Henrique Paim, assinaram a alteração na Lei 9.394 que obriga as escolas de todo o país a exibirem, mensalmente, duas horas de filmes nacionais. A modificação foi publicada no Diário Oficial da União no dia 27 de junho.
O presidente da Associação de Cinema e Vídeo do Mato Grosso do Sul, ACV-MS, Orivaldo Mendes afirma que a medida vai causar uma transformação ao longo do tempo na população, “quando você se vê na tela ou quando vê o seu povo, ela acaba se entendendo e criando sua própria identidade. Isso vai mexer no mercado de uma forma brutal e vai ser necessário aumentar a produção local”.
A responsável pelo Núcleo de Audiovisual da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, FCMS, Lidiane Lima, acredita que o "problema do cinema brasileiro era sua difusão, a grande maioria da população não é atingida”.
Para o presidente da ACV-MS, a educação e a cultura são meios transformadores da sociedade e que o cenário do cinema nacional está em crescimento. “É só assim que a gente transforma o Brasil. Estamos vivendo uma transformação e evoluindo, e essa lei é uma consequência”.
Na escola Estadual Orcírio Thiago de Oliveira, na Vila Progresso em Campo Grande, a opinião dos professores está dividida quanto a lei. O professor de matemática, Ernane Otoboni, acredita que não há quantidade suficiente de filmes nacionais para suprir todas as salas e idades, “o cinema nacional é de extrema importância para valorizar o país em que vivemos, mas tem filme que não convém passar nas escolas, muitas palavras que não são viáveis de se falar. Eu creio que não tem tantos filmes disponíveis assim, para passar uma vez por mês”.
Para o professor de história, Francisco Fernando de Souza, é importante a exibição dos filmes para os estudantes terem acesso à cultura brasileira, “acho importante conhecer a cultura brasileira de um modo geral, que essa cultura não fique só como uma coisa teórica, junta-se a teoria e a prática. O povo brasileiro precisa ter acesso a este acervo cultural para que possa conhecer sua história, realmente exercer a cidadania e possa ter um conhecimento mais amplo do seu país e, consequentemente, em âmbito mundial, porque a história do Brasil se mistura com a história africana e com outras. Então é interessante passar estes filmes, mas que sejam filmes realmente significantes”.
A lei também prevê a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. A música também deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular, assim como o ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais.
A diretora regional do Centro-Oeste do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, Carol Sartomen explica que a medida é de extrema importância para a população aprimorar uma sensibilidade pela arte e estética.