EDUCAÇÃO

Pais e tutores cobram auxiliares pedagógicos especializados nas escolas municipais de Campo Grande

A Rede Municipal de Ensino teve evasão de mais de 300 alunos neurodivergentes devido a falta de professores especializados para o acompanhamento dos estudantes durante as aulas

Clara Farias, Maria Eduarda Schlindler e Rafaella Moura13/06/2023 - 12h36
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Audiência Pública na Câmara Municipal de Campo Grande reuniu mães, responsáveis e especialistas em educação especial no último dia cinco de junho para solicitar profissionais especializados que acompanhem crianças e adolescentes com neurodivergência, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), na Rede Municipal de Ensino (Reme). A Audiência Pública debateu ainda a necessidade de realização de um concurso público para educação especial antes de 2024.

A Secretaria Municipal de Educação (Semed) realizou processo seletivo ao final de 2022 para atender os alunos da educação inclusiva em 2023. A Reme possui 3.500 alunos com deficiência matriculados regularmente e mais de um terço desses alunos possuem o Transtorno do Espectro Autista. O número de alunos que precisam de acompanhamento superou a demanda de profissionais qualificados devido a troca contínua de auxiliares pedagógicos especializados. 

De acordo com a vice-presidente da Associação de Pais Responsáveis Organizados pelas Pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista (Prodtea), Naína Dibo são 1480 alunos diagnosticados com TEA matriculados na Reme em 2023. Naína Dibo afirma que a troca constante de professores afeta a rotina dos alunos com TEA. Tutores relataram que outra "preocupação" é o período das eleições municipais de 2024, que suspende a realização de concursos para contratação de novos professores para educação inclusiva. A vice-presidente afirma que até a primeira reivindicação realizada pelos professores e responsáveis na Câmara Municipal de Campo Grande, em 23 de maio, 300 alunos estavam afastados das escolas devido a falta de profissionais especializados. “É um dever de toda sociedade, não só do Estado, fazer com que essas crianças tenham direito à socialização".

O secretário Municipal de Educação (Semed), Lucas Bitencourt afirma que a avaliação dos alunos afastados das escolas por falta de laudo de diagnóstico foi uma ação conjunta com a Secretaria Municipal da Saúde (Sesau). “Nós vamos trabalhar com a saúde e com a família para dar celeridade no processo de levantamento”. Bitencourt afirma que 1.350 profissionais de educação receberam formação continuada para acompanhar crianças com TEA.

Primeira Notícia · O secretário Municipal de Educação, Lucas Bitencourt ressalta sobre formação continuada

A coordenadora da Associação Juliano Varela, Mara Rúbia Gamon relata que o Auxiliar Pedagógico Especializados (APE) oferece suporte individualizado a alunos com necessidades educacionais especiais ou dificuldades de aprendizagem. De acordo com a Resolução n° 184, de 31 de janeiro de 2018, da Secretaria Municipal de Educação, um APE atende de um a seis alunos com necessidades especiais na sala de aula. “Essa abordagem pode funcionar bem, desde que haja um planejamento adequado, apoio da equipe escolar e recursos adequados para atender às necessidades individuais de cada aluno”.

A professora de ensino fundamental Eliane Pereira dos Santos afirma que o Mato Grosso do Sul foi referência de atendimento especializado no Brasil por muitos anos. “Para conter os gastos estabeleceram a quantidade de alunos por auxiliar. O apoio individualizado é essencial porque às vezes a criança não tem autonomia para comer ou ir ao banheiro sozinha”. Segundo a professora de ensino fundamental Magali Varela, a formação que os auxiliares recebem é insuficiente para atender os alunos. “Estão chegando na sala de aula sem uma formação mínima, não conseguem desenvolver uma atividade. Além disso, é humanamente impossível atender, com qualidade, seis alunos ao mesmo tempo”. 

Serviço 

Os pedidos para solicitar extraordináriamente auxiliar pedagógico especializado devem ser agendados pela página da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul ou presencialmente em uma unidade de atendimento, de segunda a sexta-feira, das 12h00 às 19h00.

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