MULHERES NA CIÊNCIA

Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências na UFMS atinge número recorde de mulheres inscritas

A Fetec de Mato Grosso do Sul realizada este ano registrou participação feminina de mais de 50%; as mulheres também foram as mais premiadas na feira

Luiza Vonghon, Marcus Vinícius Munhoz Gonçalves, Mariana Brito e Mariana Piell20/10/2023 - 11h11
Compartilhe:

A Feira de Engenharia, Tecnologia e Ciência do Mato Grosso do Sul (Fetec) incluiu a participação de 396 mulheres com idades entre 13 a 19 anos, número que corresponde a 62,17% total de alunos integrantes. Os projetos finalistas, 59,1% foram elaborados pelo gênero feminino. As mulheres foram as mais premiadas, com 65,9% dos prêmios.   

A Fetec recebeu mais mulheres participantes do que homens. A maioria dos avaliadores dos trabalhos eram mulheres, representando 51,02% do total. A Feira contemplou 214 projetos no ano passado, dos quais cerca de 67,5% foram submetidos por mulheres.

A estudante do curso de Quimíca da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Júlia Umada participa do Grupo Arandú de Tecnologias e Ensino de Ciências (GATEC) e da Fetec. Júlia Umada enfatiza que as feiras representam a iniciação das alunas participantes no espaço de trabalho e no ambiente acadêmico. "Considerando o cenário científico atual, em que as mulheres ainda são minoria na ciência, trazer para uma feira do ensino fundamental e médio uma participação maior feminina quer dizer que para o futuro essas meninas podem se tornar cientistas, mudar esse cenário".

A estudante do Ensino Médio da escola Estadual Dom Bosco, Eloize Inês Cáceres Duarte foi uma das alunas participantes desta edição da Fetec. De acordo com a estudante, há trabalhos com temáticas diversas, como plantio sustentável, doenças como o câncer, educação financeira. Eloize Duarte destaca que “a Feira de Ciências, leva essa vastidão, ela leva esse peso de estar representando vários projetos, não é em um só, por isso a importância da ciência em todos os campos”.

Eloize Inês Cáceres Duarte faz parte do projeto “Teste de viabilidade em sementes e inoculação de potenciais bactérias para um crescimento em hortaliças”, que realiza pesquisa sobre bactérias que possuem a capacidade de estimular o crescimento de plantas. “Quando a gente fala do uso desse tipo de bactéria em hortaliças, é um campo que não é tão avisado comparado a microbiologia. Quando foram feitos testes com essa bactéria em plantas, é sempre em milho, em algodão, nunca em hortaliças. Logo nosso projeto pega as hortaliças como objetos de estudo”. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 2015 o Dia Internacional da Menina e Mulher na Ciência. Segundo Eloize Duarte, há mais colegas envolvidas nos projetos de pesquisa este ano e a participação feminina se torna um incentivo para outras mulheres se inscreverem no evento. “Em todas as regiões do país, eu creio que tenha algum projeto que incentive as meninas a estarem dentro da ciência, o que é muito importante. Para que, por exemplo, a gente possa ver em um futuro breve, mulheres exercendo papéis incríveis, criando vacinas, estudando microbiologia como eu ou até mesmo programas de computador”.

A historiadora Manuela Arruda avalia projetos na Fetec desde 2008. Manuela Arruda afirma que o número de participantes mulheres na feira aumentou nos últimos anos. "Os projetos submetidos pelas inscritas abordam temas político-científicos pouco explorados por instituições de pesquisas científicas, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência". Manuela Arruda pontua que os trabalhos da Feira abordam temáticas sobre as ciências humanas, linguagens e formação histórica da cultura brasileira.

A coordenadora do Núcleo de Animação e Roteiro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Marta Luzzi trabalha com o projeto "Heroínas Brasileiras: As Histórias Nunca Contadas". Marta Luzzi destaca que criar um ambiente que motive as alunas a se envolverem na pesquisa científica incentiva as jovens para o campo da ciência e tecnologia. "Para nós como professoras, pesquisadoras, a gente precisa motivar da melhor maneira possível. Fazer com que elas tenham essa vontade de estar não só na área de humanas, mas também na área das exatas. A área da ciência. Fazer que elas descubram por meio da iniciação científica como a ciência pode ser um passo muito grande, e que todas podemos almejar". 

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também