Campo Grande tem 8.736 crianças de zero a cinco anos na fila de espera para matrícula em escolas municipais de Educação Infantil. A capital possui 106 unidades que atendem as crianças da faixa etária. A região urbana do Anhanduzinho apresenta a maior demanda por vagas.
Mato Grosso do Sul tem 31 escolas com obras inacabadas e paralisadas que fazem parte do Pacto Nacional pela Retomada de Obras e de Serviços de Engenharia Destinados à Educação Básica. As reformas serão finalizadas até o próximo ano e 500 novas vagas sejam ofertadas para a população. As famílias procuram vagas próximas às residências e a transferência de irmãos para mesma unidade. A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul atendeu mais de 900 famílias que entraram com ação judicial contra o estado para solicitar que seus filhos sejam matriculados.
Segundo o conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE/MS), Célio Lima de Oliveira o estado tem cerca de 32 mil crianças que aguardam na fila por vagas. Oliveira ressalta que o Governo do Estado foi autorizado a retirar do duodécimo do Tribunal de Contas o valor de R$ 500 mil reais durante um ano para a construção de creches, o que contribui para a redução do déficit de falta de vagas. “A falta de vagas nas creches é um dos problemas que atinge essa etapa da vida das pessoas e é um ponto muito importante. Sem vagas nas creches para as crianças, muitas mães deixam de trabalhar, o que impacta na sociovulnerabilidade das crianças, que ficam expostas a situações que as colocam em perigo”.
A confeiteira Danielle Matos deixou o trabalho formal para cuidar da filha mais nova, que está na fila de espera para ser matriculada na creche. Danielle Matos explica que para complementar a renda foi preciso produzir e vender balas baiana. “Eu tenho que trabalhar, e para eu pagar uma escolinha particular que é praticamente um salário mínimo, não compensa. Não dá para trabalhar e para pagar creche, então, eu fico em casa. Por isso espero essa vaga e me viro do jeito que eu posso”.
De acordo com o secretário administrativo da Escola Municipal de Ensino Infantil Ipiranga, Edjeferson Guedes Brito o tempo de espera para que as crianças possam ser matriculadas é sem data estabelecida. Novas vagas são disponibilizadas quando um dos alunos é transferido para outra unidade. “Normalmente as Emeis são pequenas, são menores mesmo, até porque as crianças ficam integralmente aqui, então a gente tem 65 alunos, mas se você for contabilizar é o dobro”.
Segundo a diretora pedagógica do Centro Educacional Infantil do Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul (CEI Detran MS), Ordália Alves de Almeida a instituição de Educação infantil oportuniza que as crianças adquiram conhecimentos sobre a cultura de Mato Grosso do Sul e a produção de músicas, pinturas, danças típicas, como a responsabilidade no trânsito e a preservação do ambiente. Ordália Alves de Almeida destaca que o espaço físico e a oferta de profissionais qualificados e habilitados são condições necessárias para atuar na educação infantil. “Nós, ao trabalharmos com as crianças, dizemos que o espaço é o terceiro educador na vida da criança. As instituições, muitas vezes, pela falta de profissionais qualificados, desconhecem a dimensão do que significa este espaço como terceiro educador. É necessário que uma instituição crie espaços de qualidade”.