CRISE NA EDUCAÇÃO

Manifestações em defesa da educação reúnem estudantes e servidores na praça Ary Coelho

Medidas do governo Jair Bolsonaro como o programa Future-se e a Nova Previdência foram os temas mais abordados no protesto

GABRIELA DALAGO, GABRIELLE TAVARES RODRIGUES13/08/2019 - 12h00
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Professores, estudantes e servidores da educação foram às ruas de Campo Grande na manhã do dia 13, em adesão ao terceiro Ato em Defesa da Educação, contra os recentes contingenciamentos nas universidades federais, o programa Future-se  e a Nova Previdência. A concentração aconteceu em frente ao prédio do Sindicato Campo-Grandense de Profissionais da Educação Pública (ACP),  às 8h. Em seguida, os manifestantes se dirigiram à Praça Ary Coelho, onde o protesto foi finalizado, às 12h. 

Participaram da manifestação representantes da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems),  do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Institutos Federais de Ensino de Mato Grosso do Sul (Sista-MS),  da Organização Sindical dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Adufms) e da União Nacional dos Estudantes (UNE).

No dia 20 de fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes apresentaram ao Congresso Nacional a proposta de Reforma da Previdência. O texto-base do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) foi aprovado pela Câmara dos Deputados e deverá ser votado no Senado Federal nas próximas semanas. O Future-se, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 17 de julho, também estava entre as propostas criticadas. Segundo informações publicadas na página de Internet do MEC, o programa tem como objetivo fortalecer gestões administrativas e financeiras das universidades e institutos federais. A população deve enviar sugestões sobre o Future-se por meio de uma consulta pública, que estará disponível à contribuições até as 23h59 do dia 29 de agosto. Até agora, o sistema da consulta  registrou mais de quinze mil comentários nos capítulos explicativos da proposta.

O professor de Física e Matemática do ensino médio, Ernesto Ferreira Lopes defende que seria mais efetivo fazer a reforma tributária e política antes da Previdência. “Ela [Nova Previdência] foi feita de uma forma indireta, a classe mais atingida é a classe dos proletários, dos menos favorecidos. Nós estamos sendo prejudicados com essa reforma, ela deveria ser de cima para baixo, não como foi feita. Eu continuo dizendo, essa reforma política tem que sair, a reforma tributária tem que ser bem pensada e a reforma da previdência estamos vendo o caos aí que está acontecendo”. 

O presidente da Fetems, Jaime Teixeira disse que a organização foi às ruas como forma de resistir e envolver a sociedade nos debates sobre a Nova Previdência e os contingenciamentos. “Cortar sete bilhões e meio da educação pública esse ano, isso significa desmontar a escola pública”. 

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) compareceu à praça Ary Coelho e declarou que a Nova Previcência dificultará a aposentadoria dos trabalhadores. "Neste momento é preciso cortar aquilo que pode ser cortado, reduzir gastor supérfulos".

 

A coordenadora geral do Sista, Cleodete Candida Gomes disse que setembro é a data limite para que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) consiga cobrir seus gastos de consumo, como água e energia elétrica, e para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico  (CNPq) pagar as bolsas de pesquisa e extensão. Para ela, o programa Future-se é o início da privatização das universidades públicas. "Se o governo liberar o dinheiro que bloqueou, o Future-se não precisa nem ser discutido. Várias universidades como a do Rio de Janeiro, o conselho universitário da UFMG, a Universidade Federal de Fluminense, a Universidade de Brasília, a Universidade do Paraná já disseram não, então a nossa universidade também precisa se posicionar”. 

Acadêmicos também compareceram ao protesto, como é o caso da estudante do curso de Letras da UFMS, Mayara Santos Severino que foi afetada pelos cortes sofridos pela Universidade. “Um dos programas que foram cortados, foi o Idioma Sem Fronteiras, que os alunos de Letras podiam estagiar, dar aulas, e a comunidade acadêmica podia ter aulas de inglês e espanhol de graça”.

A estudante do curso de Pedagogia, Agnes Viana teme que o programa Future-se acabe com a função social das universidades públicas, como acesso gratuito ao ensino superior e a contribuição com pesquisas acadêmicas. "A universidade tem um caráter humano, de melhorar a vida das pessoas. Quando a gente vai para uma lógica de que a administração da universidade vai precisar ficar mais preocupada com de onde o recurso vem, pra que é que vem, e deixa de ficar preocupada em garantir a qualidade da pesquisa e da extensão, muda efetivamente o caráter da universidade”.

Para o professor de História do ensino básico, Amarildo Sanches da Silva é dever dos professores participar de atos favoráveis à educação e que interessam à carreira dos trabalhadores. "É um momento que não podemos ficar na inércia, hoje temos que pelo menos lutar para manter os direitos adquiridos. Esse é só o começo, tem todo um desmonte e precarização da educação pública que é inadmissível. Trouxe minhas filhas, uma de nove anos que estuda em uma escola pública, outra filha que tem 24 anos e que estuda em uma universidade federal, para elas entenderem que tudo que nós conquistamos e que elas vão conquistar, está ameaçado”.

Estudantes ocuparam a Praça Ary Coelho para manifestação contra o projeto da Nova Previdência e o programa Future-se (Foto: Gabriela Dalago)

 

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