EDUCAÇÃO

Crise econômica em Mato Grosso do Sul deixa 70% de jovens aprendizes fora do mercado de trabalho

Balanço estatístico do Caged aponta que de 13.034 jovens aprendizes que deveriam estar no mercado de trabalho, 2.539 estão contratados

Jéssica Fernandes, Lyanny Yrigoyen e Monique Faria 1/09/2018 - 21h58
Compartilhe:

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou em agosto balanço sobre o número de jovens contratados por meio da Lei da Aprendizagem. Em Mato Grosso do Sul, a estimativa indica 13.034 contratações e que 2.539 estão empregados. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nove mil jovens deveriam estar empregados como aprendizes e existem quatro mil em todo o estado que estão contratados, cerca de 30% da cota legal.

A Lei da Aprendizagem, sancionada em 2000, determina que empresas de médio e grande porte possuam porcentagem de 5% a 15% de aprendizes em trabalho ou estágio, calculada sobre o total de empregados com formação profissional. Cabe ao empregador, dentro dos limites fixados, contratar o número de aprendizes que melhor atender às suas necessidades. 

A psicóloga do Instituto Mirim de Campo Grande (IMCG), Neuma Macedo afirma atender cerca de mil adolescentes em situação de vulnerabilidade social anualmente. "Oferecemos serviços como apoio sócio-familiar, apoio psicológico, por meio dos nosso técnicos de serviço social, psicologia, odontologia, nutrição, bem como da educação profissional”.

O estudante Leonardo Affonso Gomes cursa o segundo ano do ensino médio e é associado ao Instituto Mirim há oito meses. Atualmente, trabalha no Ministério Público Estadual (MPMS), com jornada de 20 horas semanais. Segundo a psicóloga Neuma Machado, Gomes é um dos estudantes que estão inseridos no mercado de trabalho por iniciativa do MPMS, que possui 80 jovens-aprendizes contratados para incentivar  os empresários a cumprirem a Lei da Aprendizagem.

O Instituto Mirim de Campo Grande mantém, atualmente, a empregabilidade de, aproximadamente, 1.075 adolescentes, entre 16 e 18 anos. Os jovens atuam como aprendizes de ofício e são matriculados em cursos de aprendizagem em instituições qualificadoras responsáveis pela certificação.

   Marini determina o registro jovem-aprendiz
   (Foto: Monique Faria)

O coordenador estadual da inserção de aprendizes do MTE, Paulo Roberto Marini afirma que o Ministério tem a responsabilidade de fiscalizar as entidades participantes do programa de aprendizagem e cobrar as empresas pelas contratações. “Quando a empresa cadastra um curso ela tem que arquivar aqui comigo, então eu tenho que analisar, ver se ele atende as normas certinho, a partir disso ela pode começar a dar o curso”.

A Superintendência Regional do Trabalho do Mato Grosso do Sul notificou 100 empresas em 2018 pela inexecução da cota de aprendizes empregados. As empresas notificadas participaram da 3º Feira de Aprendizagem de Mato Grosso do Sul realizada em agosto.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS) atende a demanda de agroindústrias e empresas rurais do estado e participa do programa Jovem Aprendiz Rural (SEJA). A gerente da Unidade Educacional do Senar, Luciana Baumhardt explica que o jovem empregado pela empresa adere ao programa e é acompanhado por um monitor durante o período de contratação. "A empresa deverá designar um monitor que irá acompanhar os aprendizes durante todo o programa, em especial nas atividades praticas desenvolvidas". Luciana Baumhardt ressalta que, em 2019, o Senar-MS lançará novos cursos de aprendizagem profissional para atender às cadeias produtivas do estado.  

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também