No mês de combate a homofobia aconteceram em Campo Grande eventos públicos com o objetivo de estimular o debate sobre o preconceito à diversidade sexual. Em 27 de abril de 2011 foi aprovada a lei que estabelece o dia 17 de maio como o Dia Estadual de Combate à Homofobia. A data faz referência ao dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade como doença.
Em comemoração à data, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) publicou em sua página na internet o calendário “Maio da Diversidade 2015”, que divulgou palestras, oficinas, seminários e reuniões sobre o tema. Segundo o professor Dr. Aparecido dos Reis, “há ainda pouca disposição do poder público em discutir a homofobia e a transfobia, então é importante proporcionar essas discussões. Esse ano o enfoque está mais em como o Estado tenta controlar os corpos, como ele entra na nossa vida privada e como tenta nos controlar”.
Neste ano a Lei Estadual 3.157/2005, que prevê medidas protetivas de combate à discriminação à orientação sexual, completou uma década. Em maio, a data também foi celebrada em razão da iniciativa de combater o preconceito e violência contra as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais (LGBTs). De acordo com Reis, a homofobia e a transfobia devem ser discutidas para mostrar à sociedade como a diversidade deve ser respeitada e considerada por todos. “O que deve haver não é eliminação da diferença, é justiça, é sermos tratados de forma justa pelo poder público. Quanto mais ignorância em relação a essa criminalização, mais preconceito e mais discriminação”. O projeto de lei que estabelece a criminalização da homofobia no Brasil ficou em tramitação por oito anos no Senado Federal e foi arquivado.
O combate a homofobia foi um dos temas discutidos durante simpósio na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O Simpósio de Gênero e Sexualidade (Sigesex) trouxe o debate para conscientizar os estudantes e professores sobre a falta de informação em relação a homossexualidade, bissexualidade e transsexualidade. Segundo Reis, a pouca informação é uma das causas do preconceito. Ele afirma que “a intenção é fomentar esse ensino como uma forma de dar informação adequada, principalmente aos professores vão dar aulas a crianças e adolescentes”.
A estudante de pedagogia, Claudilene Fukushi, destaca que as palestras e discussões sobre a homofobia devem ser mais divulgadas nos cursos da universidade e para toda a sociedade. “Eu parto do princípio de que a homofobia é falta de informação, é você não conhecer o outro, é você não se colocar no lugar do outro, e aí você rejeita o que não conhece. Então tanto na academia e em outros espaços sociais se as pessoas tivessem mais essas informações talvez não tivéssemos tantos casos de preconceito”.
Na UFMS, além dos grupos de estudo sobre gênero e sexualidade, Laboratório de Estudos sobre Violência, Gênero e Sexualidade (LEVS) e Núcleo de Estudo de Gênero (NEG), existem projetos de extensão que estimulam a maior participação dos estudantes nesses debates. O projeto Encontros de Leitura sobre Gênero e Sexualidade, coordenado pelo professor Dr. Tiago Duque, busca incentivar os participantes a estudarem os problemas sociais por meio de leituras mais críticas e teóricas. Duque ressalta que “é necessário entender os processos de produção da diferença, como essas diferenças são hierarquizadas, contextualizadas ou potencializadas”. Ele ainda destaca que apesar de projetos como esse serem promovidos na universidade, ainda há resistência em relação a participação dos estudantes por causa do preconceito com o tema.
Para a socióloga Ana Gomes, eventos que têm como tema a homofobia devem ser mais promovidos entre a sociedade. “Na medida que que você discute a homofobia e todos os outros tipos de preconceito, você também realiza um trabalho de conscientização das pessoas para esses tipos de problemas. Então ele é importantíssimo do ponto de vista acadêmico, mas também é importantíssimo do ponto de vista da homofobia dentro da sociedade”.