Das 94 escolas municipais de Campo Grande, apenas 46 oferecem ensino de música, segundo dados da Secretaria Municipal de Educação (SEMED). As escolas são responsáveis pelo ensino básico público no município e devem cumprir a Lei nº 11.769, de 2008, que tornou obrigatória a educação musical em todo Brasil.
De acordo com o presidente da Associaçao Brasileira de Educação Musical (Ebem), Luís Ricardo Silva Queiroz da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) falta parâmetros para a adequação da estrutura curricular. "É preciso ter muita cautela nessa transição, as definições precisam estar muito claras. Não podemos cobrar das escolas algo que não podem oferecer sem o mínimo de estrutura necessária"
Para a professora de música, Laune Ferraz, a aprovação da lei significa uma formação mais humanística dos estudantes, com foco no desenvolvimentos de habilidades motoras, concentração e trabalho em grupo. Ela acredita que a introdução da música no ensino é fundamental. "Torna o ser humano mais sensível, mais humano. Uma formação em que a música não está incluída é incompleta, superficial."
Lauane Ferraz, que tem alunos de até 12 anos de idade, leciona somente em escolas particulares e projetos sociais. Segundo a professora, no ensino público faltam vagas e estrutura. "Em Campo Grande, poucas escolas oferecem música. Geralmente professores de artes é que introduzem algumas noções musicais dentro da disciplina de artes, o que é muito pouco."
A escola pública em que Fernanda Junqueira, 8 anos, estuda desde a pré-escola não oferece ensino de música, por isso, sua mãe Andréia Junqueira procurou um projeto social. Segundo ela, a filha participa das aulas há sete meses e os resultados são positivos. "Eu percebo que ela está mais disciplinada, mais sensível. São coisas pequenas nos dia a dia, mas a gente percebe."
O professor da UFPB, Luís Queiroz explica que após uma série de debates, fóruns e conferências, as novas diretrizes para o ensino de música foram definidas em dezembro de 2013. Segundo o professor, com a homologação do documento a fiscalização será mais severa e a tendência é que as escolas se adequem rapidamente.