Professores, técnicos e estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) organizaram paralisação das atividades letivas durante os dias 2 e 3 de outubro, em protesto contra o programa Future-se. O ato teve várias atividades na UFMS com objetivo de discutir o projeto apresentado pelo Governo Federal, e mostrar o posicionamento dos servidores e estudantes, como Rodas de conversa, aulas públicas, júri simulado e manifestações foram realizadas para a comunidade acadêmica e público externo.
A paralisação teve participação da Associação de Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Adufms), do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Institutos Federais de Ensino de Mato Grosso do Sul (Sista-MS) e do movimento estudantil Eu Defendo a UFMS.

O Future-se é uma proposta do atual ministro da Educação, Abraham Weintraub e objetiva oferecer autonomia administrativa e financeira às universidades públicas por meio de financiamento de Organizações Sociais (OS), que criam uma dependência de recursos privados pela instituição. O reitor da UFMS, Marcelo Turine adiou votação, decidida pelo Conselho Universitário da UFMS (Coun), que estabelece adesão ao programa pela Universidade, de 27 de setembro para 31 de outubro.
No primeiro dia de manifestação foi realizado um júri simulado aberto à toda comunidade com a participação de professores e alunos do curso de Direito da UFMS. O objetivo da atividade foi debater o programa Future-se por meio de julgamento em que o projeto era representado por um réu, realizada no Complexo Multiuso da UFMS.
O professor do curso de Direito da UFMS, Rogério Mayer participou como defensor no júri e explica que por meio dessa atividade foi possível esclarecer o projeto que impacta diretamente as universidades públicas. “Foi um ganho de discernimento, o tribunal do júri é uma estratégia fictícia onde trazemos informações as pessoas, quanto mais informações tivermos a respeito disso teremos também mais inclusão social”.
O estudante do curso de Direito da UFMS, Pedro Dias Marques esteve no júri e relata que a experiência foi positiva e proporcionou um ambiente de discussão aberto aos estudantes, servidores e à população em geral. “Eu senti que quem tinha dúvida pôde perguntar, quem era a favor ou contra pôde falar também, e foi tudo bem tranquilo, gerou esclarecimento e discussão”. Marques participou da organização da atividade e sugere que os estudantes devem se informar sobre o projeto. “Uma coisa até que o professor [Rogério Mayer] falou é verdade, a comunidade universitária, e eu me incluo nisso, precisa parar, ler e pensar o que está escrito para ter uma ideia melhor do projeto”.
A estudante do curso de Pedagogia da UFMS, Agnes Viana representou a juíza durante a simulação do julgamento. Agnes Viana explica que é importante estabelecer diversas formas de diálogo com os estudantes e servidores da educação para gerar senso crítico sobre o projeto. "O Future-se não atinge apenas nós estudantes do movimento estudantil, ou os professores que se engajam no sindicato e técnicos também, mas sim diz respeito a forma como a universidade vai funcionar”.
A segunda atividade do dia 2 foi a roda de conversa, com o tema “Educação em tempos de crise”, realizada na Concha Acústica da UFMS. A professora, doutora em Educação a UFMS, Maria Dilneia destacou que é importante os movimentos, sindicalistas, e manifestações estudantis para garantir uma instituição de ensino de qualidade e acessível. A roda de conversa teve participação de estudantes, professores e técnicos. O objetivo foi relatar as atividades do movimento estudantil na UFMS. Maria Dilneia ressaltou que reivindicações de movimentos sociais auxiliaram na promoção de ensino gratuito e acessível.