FEIRA DE CIÊNCIAS

Pesquisa no ensino fundamental e médio cresce 376% em Mato Grosso do Sul

Estudantes de 12 a 18 anos têm projetos de pesquisa apresentados em feiras científicas

Gustavo Zampieri, Larissa Ivama e Sarah Santos13/11/2017 - 22h37
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A Feira de Engenharias, Tecnologias e Ciências de Mato Grosso do Sul  (FETEC MS) registrou o aumento de 376% na produção de pesquisa científica por jovens no estado. No ano de 2017, foram 320 trabalhos recebidos. Os projetos são executados por estudantes de 12 à 18 anos, do ensino fundamental, médio e técnico, da rede pública e privada do estado. Os trabalhos dos estudantes foram inscritos nas categorias de Ciências Humanas, Ciências Biológicas, Ciências Exatas, Agrárias, Engenharias, Linguagens, Ciências Sociais e Júnior, esta com ampla concorrência de alunos do 6º ao 9º ano.

A primeira edição do evento aconteceu em 2011, com 85 projetos inscritos. Nos últimos sete anos, o Instituto Federal de Mato Grossod do Sul (IFMS), Colégio Status, Escola Gappe, Centro de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades e Superdotação (CEAM/AHS) e Secretaria Estadual de Educação (SED) investiram na qualificação de professores para melhorar o desempenho dos alunos na produção da pesquisa.

Os estudantes de Mato Grosso do Sul participam de feiras nacionais, como a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), de São Paulo - SP e Mostratec, de Novo Hamburgo - RS. Nos últimos quatro anos jovens cientistas do estado representaram o país na Intel ISEF,  maior feira científica pré-universitária. Para o reitor do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Luís Simão Staszczak o sucesso do estado nestes eventos acontece devido à qualificação dos docentes. “Um professor bem qualificado, que passe por uma ação de orientação, vai fazer com que a pesquisa seja reproduzida de forma motivadora, que atraia os estudantes.”

Os autores do trabalho “Estudo comparativo da Síndrome de Burnout em professores de escolas estaduais e privadas de Campo Grande - MS” e estudantes do terceiro ano do ensino médio, Matheus Vyctor Espíndola e Luan Tatsuhiko receberam o primeiro lugar na categoria Ciências Humanas e foram classificados para representar o estado na Mostratec. De acordo com Espíndola, a escolha do tema foi devido ao afastamento de uma docente de sua instituição por causa da Síndrome de Burnout. Tatsuhiko comenta que em sua escola a disciplina de metodologia científica é obrigatória.

A mestre em Biologia Vegetal e docente do Colégio Status, Danielle Boin Borges é orientadora do projeto de pesquisa estudo comparativo da Síndrome de Burnout. Danielle Borges explica que os pais são importantes para incentivar os filhos a participarem das feiras. “Às vezes, encontramos trabalhos onde os pais não incentivam e isso deixa o aluno desmotivado”. Um outro incentivo para os estudantes é a oportunidade de conhecer todas as etapas do processo da elaboração de um projeto científico que pode ser aplicado nas futuras pesquisas acadêmicas.

Na categoria Júnior, do 4º ao 7º ano do ensino fundamental,  foi apresentado o projeto “Libras para ouvintes e séries iniciais do Ensino Fundamental” pelas alunas Amanda Barbosa, Rayanne Ferreira e Sofhia Duarte, do 7º ano da rede pública. Amanda Barbosa explica que a motivação para aprender libras nas séries iniciais de sua escola foi a inclusão de alunos com deficiência auditiva. “Quando somos pequenos, nos adaptamos mais. Aí, quando a pessoa estiver no ensino médio, já vai ser fluente em libras”. Sofhia Duarte compartilha que “quando não entendemos uma pessoa, deixamos ela de lado. E quando uma pessoa fica só, ela pode desenvolver depressão profunda e até querer se suicidar".

Para o desenvolvimento da metodologia do projeto de pesquisa e aplicação nos alunos da escola, as estudantes aprenderam com o professor orientador, Heitor Cameschi Felix de Souza o alfabeto em libras.

O doutor em química e organizador da FETEC MS, Ivo Leite Filho comenta que a atividade da pesquisa deve ser prazerosa para o aluno. “A ciência não pode ser impositiva, se não, ela não cria um laço com a pessoa”. O professor também ressalta a falta de apoio do Estado para a implantação e ampliação de políticas públicas na pesquisa jovem. “O Brasil perde muito por acreditar que na educação básica o aluno não pode produzir conhecimento”.

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