A Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul capacitará os professores da rede pública e privado para promover a inclusão de alunos autistas. Os cursos serão realizados pelos Centros Avançados de Estudos para Capacitação de Educadores de Redes Pública e Privada de Ensino do Estado de Mato Grosso do Sul, aprovados pela Lei Estadual 4.770, em dezembro de 2015, de autoria do deputado estadual Professor Rinaldo (PSDB).
A diretora adjunta da Escola Estadual Profª Alice Nunes Zampiere, Márcia Moreira explica que a escola desenvolve a inclusão de crianças especiais há mais de 15 anos de forma casual. “Os pais matriculavam os filhos em outras escolas, inclusive particulares e lá eles tinham um grande problema. E eles traziam para cá. O pai quer a socialização e quando ele encontra isso, fica feliz. Aqui é trabalhada toda a parte de aprendizado também, como uma ação conjunta”.
De acordo com a diretora, a capacitação para trabalhar com alunos autistas auxilia a profissão do educador. “Um centro de capacitação vai ajudar bastante, porque muitos professores não tem formação para trabalhar com o aluno especial”. Ela ressalta que também é necessário ter um perfil adequado. “Não é só a capacitação, tem que ver o perfil do professor. Ele tem que estar bem preparado”.

A escola possibilita uma sala de recurso, que é um espaço para o aluno permanecer no período extra, além do horário escolar. A diretora explica que o material da sala de recurso é obtido com recursos estaduais, especificamente para isto. “O Estado de Mato Grosso do Sul está de parabéns em relação à educação especial. Falta muito? Falta, mas em relação a outros estados, ele é referência, porque todo esse material que tem na sala de recurso é oriundo de investimento público”.
A professora Jéssica Gauto trabalha na escola Profª Alice Nunes Zampiere e faz cursos de capacitação para atender alunos especiais. Ela ressalta que é necessária uma integração da escola com a família para a educação do aluno ser efetiva. “Cada aluno tem uma particularidade. O professor tem que buscar com a família conhecer o aluno”.
A professora diz que os pais trazem informações para subsidiar o contato com o aluno, o que facilita o trabalho do professor para desenvolver capacidades sociais e cognitivas. “Há uma conversa entre a sala de recurso, os professores e os pais”.
Segundo a professora, a inclusão existe por meio de recursos e estratégias para facilitar o entendimento do aluno. “Se o professor está fazendo uma aula de Matemática, mas o meu aluno ainda não criou essa habilidade numérica, eu tenho que criar uma estratégia que venha diminuir essa dificuldade”.
Jéssica Gauto explica que o preconceito pelo autismo existe nos adultos, e que as crianças e adolescentes não têm preconceito com os alunos especiais. “Meu aluno tem 17 anos e está no 4° ano e as crianças são super receptivas com ele, ajudam, elas não veem nenhuma dificuldade".
A bioquímica Isabella Vasconcelhos, mãe de uma criança autista de sete anos, aprova a criação dos centros de capacitação. "Isso nos dá uma sensação de segurança, sabe? Acho que o maior medo de um pai é que algo aconteça com a sua criança e a equipe da escola não consiga lidar. Espero que esse centro prepare os professores para cuidar bem das necessidades de nossos filhos".