Professores do ensino fundamental e superior de Mato Grosso do Sul foram impactados pelo ensino remoto e precisaram adaptar o modo de dar aulas durante a pandemia do Coronavírus. Essas mudanças repentinas causaram desafios aos profissionais pelas dificuldades tecnológicas do ensino remoto e a falta de interação com os alunos. A implantação do ensino remoto aconteceu em maio do ano passado por meio do Decreto nº 14.189 que suspendeu as aulas presenciais e instituiu o ensino remoto nas escolas públicas de Campo Grande.
Os profissionais da educação sofreram os impactos psicológicos do isolamento social causado pela pandemia e pelas mudanças repentinas das rotinas educacionais. Eles precisaram adaptar as aulas para o meio virtual, devido as necessidades do ensino remoto. Os educadores da Rede Municipal de Ensino atendem seus alunos por meio de ferramentas tecnológicas de comunicação, como a TV REME, que transmite as aulas para os estudantes pela TV Educativa.
A doutora e pesquisadora em Jornalismo, educação e tecnologia e docente na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Rose Mara Pinheiro destaca que precisou de muitas adaptações nesse primeiro momento. "Nós tivemos muitos desafios, desafios até que fogem dessa relação professor e aluno porque toda a sociedade foi impactada por um vírus desconhecido que a gente não sabia de que forma ele ia nos afetar. Ficamos ansiosos com medo das nossas relações com nossos pais, com nossos avós e com nossos filhos, então tudo isso reflete neste momento.”
Para o professor do ensino fundamental da rede privada, Lucas Andrade uma das maiores dificuldades foi a falta de retorno dos alunos. Ele relata que a saúde mental dos professores foi afetada por causa das mudanças ocasinadas pela pandemia. “É uma situação complicada quando a gente não consegue saber se o aluno realmente está aprendendo, porque a gente vai continuando os assuntos e precisa desse embasamento anterior para ir continuando. Então é um trabalho árduo que a gente tem que fazer para conseguir saber se esse aluno realmente está aprendendo, se as nossas aulas estão sendo efetivas.”
De acordo com o professor da rede pública de Campo Grande, Cristian Padilha a flexibilização do horário de trabalho foi necessária na mudança para o ensino remoto. Padilha ressalta que precisou aumentar o tempo de trabalho. “As aulas acontecem em horários que os pais estão trabalhando, então precisamos flexibilizar nosso horário para poder atender as dificuldades dos alunos e famílias. você acaba dobrando o horário ou respondendo também aos finais de semana para poder lidar com as famílias com falta de tempo, agora temos que estar constantemente grudados ao celular ou plataforma de ensino para que consigamos ensinar os alunos.”
A professora de Espanhol, Renata Menegalle relata que deixou de disponibilizar o Whatsapp para os alunos porque a escola forneceu um sistema no qual os alunos enviavam suas dúvidas para serem encaminhadas para o e-mail da professora. “No começo, as três primeiras semanas, quando a gente recebia fora de horário, aquilo me dava uma certa angústia. Mas aí eu falei “Até tal horário eu recebo, depois disso só vou responder no outro dia, combinado?”.
Para Renata Menegalle "o ponto principal da pandemia foi além da carga horária de trabalho ter aumentado ou precisar reinventar o modo de dar aula. A pior parte foi a falta de contato humano. É aquela coisa assim, eu e a máquina, me sentia muito estranha.”
A psicóloga e professora Alaine Amaral relata que no ensino presencial há dificuldades de atingir todos os alunos na sala de aula e isso aumentou com a distancia das escolas. Ela explica que os impactos do ensino remoto para os professores foram intensificados pela falta de interação social. “O isolamento acaba impactando na saúde mental dessas pessoas envolvidas. Inclusive essa é uma das maiores reclamações dos professores, que é a riqueza da interação, e que a gente não está conseguindo aproveitar neste método de ensino.”