BLOQUEIO DE VERBA DA UFMS

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul perde 30% do orçamento com bloqueio de verba

Bloqueios realizados pelo Ministério da Educação prejudicam mais de 23 mil alunos da Universidade, paralisam projetos sociais e suspendem atendimentos no Hospital Universitário

Ketlen Gomes, Lua Souza, Mariana Alvernaz20/05/2019 - 10h03
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A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) teve o segundo maior corte orçamentário entre as universidades federais do Brasil com o bloqueio de R$ 80,4 milhões em recursos não obrigatórios, além de investimentos do governo. A informação foi públicada na página da internet da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), após o anúncio do bloqueio de 30% dos recursos das universidades federais feito pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub no final de abril. Ao todo, foram suspensos R$ 1,7 bilhão destinados às instituições públicas de ensino superior do país.

De acordo com a nota oficial publicada pelo assessor de comunicação do Ministério da Educação (MEC), Josué Custódio a medida foi anunciada porque a arrecadação de impostos foi menor que o previsto nos primeiros meses do ano. Segundo dados do Painel de Cortes realizado pela Andifes, na UFMS são mais de 23 mil alunos prejudicados nas 11 unidades do estado, são 116 cursos de graduação e 61 cursos de pós-graduação na Capital, com 910 projetos científicos.

Conforme a secretária Especial de Comunicação Social e Científica da UFMS, Rose Pinheiro o orçamento das universidades é aprovado um ano antes de entrar em vigor pela Lei Orçamentária Anual (LOA), o orçamento de 2019 foi aprovado em 2018. "O Mec bloqueou 30% do orçamento de custeio e investimentos da Universidade. O custeio são recursos destinados ao funcionamento da instituição, como ar-condicionado, luz, água, esgoto, materiais de escritório, materiais de insumos para pesquisa e afins. Todo este material é custeio e tudo isso impacta no funcionamento da universidade". Segundo a secretária, a Universidade implantou medidas de economia para conter os efeitos do contingenciamento, como por exemplo, redução da quantidade de impressões.

Para a coordenadora do curso de Nutrição, Bruna Rafacho o bloqueio pode afetar todas as áreas em que o curso atua, em projetos de extensão, de ensino e de pesquisa. “A gente depende desse dinheiro para comprar os materiais, principalmente de aula prática, e também para execução de projetos”. O bloqueio também afeta o atendimento à comunidade externa, como por exemplo, redução do número de consultas realizadas por alunos do curso. “O corte pode impactar as contas de energia, manutenção, limpeza, isso afeta o funcionamento dos prédios, a partir do momento que a gente não consegue fazer a manutenção mínima, a gente pode ter que reduzir nosso horário de trabalho”. Além dos serviços de nutrição, a UFMS também realiza serviços de fisioterapia, odontologia, psicologia, entre outros, à população.

O coordenador do Hospital Veterinário, Diogo Helney Freire afirma que o bloqueio vai impactar diversas áreas do hospital, como na obtenção de insumos para realizar os atendimentos. Como medida de precaução, a instituição diminuiu o número de atendimentos para assegurar os materiais e atendimentos futuros. “O hospital realizava 30 atendimentos por dia, hoje estamos realizando cerca de 12. Os pacientes chegam às 5h30 para conseguirem a senha para atendimento, já não há senha para todos, estamos mandando gente embora sem atendimento,  às vezes aconselhamos as pessoas a procurarem uma clínica para conseguir atendimento”.

O cientista social Victor Miranda aponta que a atitude do governo pode resultar em uma menor capacidade tecnológica e competitiva do Brasil em termos de comércio e inovação produtiva. “É importante ressaltar que o corte leva a nós termos mais dificuldades de renovação, de promover saltos de melhora em nossa matriz produtiva, faz com que nós tenhamos um conjunto de atividades econômicas mais e mais dependentes de setores industriais ligados ao agronegócio e setores primários estritamente ligados ao agronegócio". Ele ainda ressalta que é preciso demonstrar a importância das instituições públicas de ensino superior para a sociedade. "O grande objetivo é a busca de adesão, de apoio externo, de suporte no restante da sociedade, de ampliação da nossa base, de conhecimento das pessoas, uma greve no modelo clássico não é capaz de prover esse esclarecimento ampliado a cerca da situação educacional do país".

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