O biólogo José Sabino é Graduado em Ciências Biológicas pela USP, com Mestrado em Zoologia pela UNESP e Doutorado em Ecologia pela UNICAMP. Ele é professor titular da Universidade Anhanguera-Uniderp e um dos responsáveis pelo projeto cenográfico do Aquário do Pantanal. Em entrevista ao Primeira Noitícia, ele explica a importância da obra para o Estado.
De que forma começou sua participação no projeto do Aquário do Pantanal?
Eu sou biólogo e meu trabalho principal é com comportamento e ecologia de peixes, há questão mais ou menos de uns dois anos eu fui contratado pela equipe que está na obra para compor uma outra equipe especializada de biólogos, e assim fazermos a estrutura que chamamos de "povoamento".
O que é povoamento?
O Aquário possui 25 tanques e cada um deles com uma temática, ou seja, um tipo de povoamento. Nós ajudamos a compor esses tanques para que eles contem um história natural, para que o visitante entenda o local ao adentrar nele. Nosso papel então foi dar solidez científica aos conceitos dos tanques.
O que compõe o projeto de cenografia?
O projeto de cenografia foi feito por mim e por mais quatro pessoas. Ele envolve cada um dos tanques com um tema, nós começamos a pensar no projeto como se fosse uma viagem pelo Pantanal, desta maneira nós começamos pelo planalto, após essa parte, nós teremos as veredas onde as águas serão filtradas por um sistema, e depois ressurgirão em outro espaço, para representar as águas de Bonito, na sequência elas caminham até o Pantanal elucidando rios com cachoeiras, e assim por diante. O objetivo é fazer o visitante ir evoluindo passo a passo dentro do passeio até chegar na planície alagada do Pantanal. É contar uma história com começo, meio e fim, seguindo uma tematização, para que as pessoas se sintam imersas nesse mundo do Aquário.
Os visitantes terão uma experiência interativa ao visitar o Aquário do Pantanal?
Exato, a ideia é que o visitante seja ele uma criança, adolescente ou adulto ou digamos de qualquer nível de aprendizado, consiga absorver e interagir com o conhecimento e da beleza do passeio dentro dos ambientes retratados.
E cada cenário será fiel aos ambientes do Pantanal?
Isso mesmo, cada cenário terá essa fidelidade percebida em seus espaços, é ai que surge o nosso conceito de uma exposição naturalística, ela vai reproduzir os ambientes com esse alto grau de veracidade, assim os peixes irão ficar confortáveis, pois se sentirão em um habitat natural. Essas características da cenografia possui elementos que faz parte do que chamamos de "Sistema de Suporte à Vida".
O que é o Sistema de Suporte à Vida?
Ele inclui a qualidade da água, a filtragem, a iluminação e a cenografia é o pano de fundo disso. Porque o peixe se está em um ambiente muito diferente de seu ambiente natural, ele se estressa com essa fator, mas se o ambiente é muito parecido, e é isso que estamos fazendo, consequentemente o bicho se sentirá em casa. É um sistema complexo, pois cada tanque terá um sistema independente de filtragem e manutenção, cada tanque com filtros proporcionais à seus tamanhos e quantidade de água. A iluminação mesmo fazendo parte da área cenográfica, também dará suporte também a limpeza dos tanques, por exemplo, as lâmpadas conseguirão combater a presença de bactérias e algas.
Como podemos ter uma noção das dimensões do Aquário do Pantanal?
Legal, então o Aquário do Pantanal que está sendo construído em Campo Grande é o primeiro aquário de categoria mundial da América do Sul. Existem aproximadamente 40 aquários dessa categoria no mundo, ou seja a capital entrará para um seleto grupo de cidades que possuem esse tipo de aquário. Em uma ordem de grandeza, estamos falando em 6 milhões de litros de água, em comparação, o maior aquário que opera na América do Sul hoje é o Aquário do Guarujá com 500 mil litros, ou seja, estamos construindo um local doze vezes maior nesse quesito.