100 ANOS DA FERROVIA NOROESTE DO BRASIL

Ferrovia NOB é tema de Semana de Arquitetura e Urbanismo na UFMS

Centenário da Ferrovia Noroeste do Brasil em Campo Grande serviu para discussões sobre patrimônio na Semana do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMS

Bárbara de Almeida e Natália Moraes23/09/2014 - 14h12
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Os 100 anos da Ferrovia Noroeste do Brasil (NOB) em Campo Grande foi o tema principal da Semana de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS. A NOB chegou em Campo Grande em 1914 para promover o desenvolvimento da região oeste do país e foi, durante muitos anos, o principal meio de transporte e ligação para os grandes centros urbanos.

A Semanau teve palestras sobre a relação da arquitetura com a memória, e discutiu como ocorre a preservação da ferrovia, quais as políticas públicas e ações de conservação, importância do tombamento. O professor coordenador do evento, Ângelo Arruda, destacou que “a ferrovia foi escolhida para justificar as discussões de patrimônio, preservação, e espaço urbano. Ela trouxe isso para o Estado em 1914, e em 2014, retomamos a discussão, com novos olhares deste mesmo evento”.

O acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMS, Luis Gustavo, acredita que o principal ponto da discussão foi “o que será preservado e o que será alterado da ferrovia”. Gustavo está no segundo semestre da graduação, e falou que é preciso refletir sobre os usos da Ferrovia Noroeste do Brasil em Campo Grande. “Como já não se utiliza mais a ferrovia como via de mobilidade, deve-se pensar valores que atendam a população, preservar esses traços culturais e históricos com aplicação para o cotidiano, é a principal dificuldade de um arquiteto e urbanista quando se fala de ferrovia hoje em dia”.

O Arquiteto Rubens Marques comenta que a Ferrovia provocou uma ansiedade generalizada na população, além do impacto na arquitetura da cidade. “Com a chegada dos trilhos houve um preparo urbanístico para receber esse contingente de desenvolvimento que viria”.

Marques é autor do livro “Trilogia do Patrimônio Histórico e Cultural Sul-Mato-Grossense”, obra que aponta e descreve onde estão localizadas as edificações mais importantes do Estado, entre elas, a Ferrovia Noroeste do Brasil. Para ele, o complexo ferroviário possui grande parte bem conservada, mas outras não. “A estação está bem preservada, há um ou dois anos foi revitalizada, já outros prédios, como a rotunda, estão péssimos”. O arquiteto acredita que o tombamento em instância nacional auxilia na fiscalização destes bens.

A Ferrovia Noroeste do Brasil foi tombada em todas as instâncias. No município de Campo Grande, em 1996. Em Mato Grosso do Sul, com o tombamento de todas as estações estaduais, e em 2010 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, como patrimônio histórico e cultural. Segundo Rubens Marques, o tombamento compreende o formato de um polígono em Campo Grande. Ele cita quais prédios foram tombados.

De acordo com a historiadora Madalena Greco, Campo Grande foi a única cidade que manteve o seu complexo ferroviário conservado. Para ela, houve uma mobilização dos campo-grandenses, de acadêmicos e historiadores a moradores do entorno para que houvesse essa preservação, "Campo grande tem uma memória afetiva com esta estação". Um exemplo dessa afetividade foi que no processo para o tombamento, em audiências publicas, Greco percebeu que "a ferrovia era uma unanimidade, toda vez que precisamos de apoio politico, todos discutiam com um posicionamento à favor dela".

Segundo a historiadora, um problema no Brasil é que “nunca se pensou o modal ferroviário como uma alternativa viável”. Para ela, a concessão foi um prejuízo que não foi mensurado. Madalena Greco comenta sobre o processo de declínio da Ferrovia Noroeste do Brasil, com críticas a forma como ela foi desestruturada.

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