JORNALISMO

Cibermeios jornalísticos de Mato Grosso do Sul fazem plágio de reportagem do Primeira Notícia

Notícia sobre implantação de cotas para LGBTQIA+ na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul é plagiada por vários cibermeios jornalísticos do estado e inclui fontes apuradas pela equipe de reportagem

Gerson Luiz Martins 6/07/2022 - 15h42
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O produto do projeto Ciberjornalismo, Primeira Notícia é focado em notícias e reportagens hipermidiáticas e teve, recentemente, no último dia 5 de julho de 2022, uma das notícias publicadas plagiadas pelos cibermeios jornalísticos Campo Grande NewsA CríticaTopMídia News e Rádio Ativa da cidade de Naviraí. O plágio ocorreu a partir, também de plágio, realizado pela Assessoria de Comunicação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) em notícia publicada no cibermeio da Universidade copiada de forma integral, sem qualquer critério e sem citação de fontes e referências do Primeira Notícia. Os textos dos cibermeios jornalísticos citam fontes e falas apuradas pela equipe de reportagem do Primeira Notícia, como se fossem produzidas pelos repórteres do jornal. 

Plágio é considerado crime conforme o artigo 184 do Código Penal brasileiro e é recorrente entre os cibermeios jornalísticos, pois publicam matérias, principalmente das assessorias de imprensa no formato conhecido como Ctrl C, Ctrl V, copia e cola sem citação da fonte, sem referências ao conteúdo original da notícia. Os jornalistas das assessorias de comunicação de empresas e instituições raramente consideram a prática como plágio, pois é forma de difundir informações de interesse das empresas, sem importar a ausência de referência à fonte da informação. As empresas jornalísticas, na maioria das vezes, sequer checam as fontes para verificar a credibilidade e a veracidade das informações publicadas.

Os repórteres do Primeira Notícia responsáveis pela notícia plagiada, Patrick Rosel e Mariely Barros  destacaram que o texto publicado pela Assessoria de Comunicação da UEMS foi a revelia da sua autorização. Segundo o repórter Patrick Rosel, "ninguém do meu grupo autorizou a reprodução deste conteúdo, ainda mais sem os devidos créditos". O repórter ainda destaca que "a foto é de autoria da Mariely Barros, eu estava com ela quando foi produzida. Há plágio total de alguns parágrafos e em outros pequenas alterações".

A notícia plagiada pelos cibermeios jornalísticos apura a adoção do sistema de cota para pessoas LGBTQIA+ em cursos de pós-graduação da UEMS. Os cibermeios jornalísticos que plagiaram a notícia fizeram algumas modificações, com parágrafos completos copiados e a utilização de foto produzida pela repórter Mariely Barros. De acordo com o editor chefe do Primeira Notícia, Gerson Luiz Martins deverá ser aberto processo no Conselho de Ética do Sindicatos dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) para apurar responsabilidades a partir das imagens das matérias publicadas com plágio.

O conselheiro, membro da Comissão de Ética do Sindjor-MS, Marcos Paulo da Silva destacou que "parece-me, à primeira vista, que o efeito dominó começou com a UEMS. Eles reproduziram o conteúdo no cibermeio institucional. Depois disso os veículos pensaram ser conteúdo de assessoria de imprensa. E virou um efeito cascata. Como diz Bourdieu, de tanto concorrer entre si, jornalistas acabam por fazer todos a mesma coisa", e reforçou que "a primeira vista parece um caso de plágio, que será avaliado pela Comissão de Ética, afinal não é apenas um caso de Ética, mas também de Legislação, pois plágio é crime no Brasil".

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