O Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) homenageou com uma placa os jornalistas e Sindicato profissional responsáveis pelo movimento que provocou a criação do curso. A cerimônia, realizado na dia 22 de outubro, aconteceu na Semana de Jornalismo. Participaram da cerimônia o diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS), Tonni Balejo, e o professor Edson Silva, docente do curso desde o primeiro ano.
Conforme o coordenador do Curso de Jornalismo da UFMS, professor Marcos Paulo da Silva, a homenagem foi direcionada à classe jornalística sul-mato-grossense que integrava o Sindjor-MS na época. “A Entidade teve atuação decisiva para criação do curso em 1985. Penso que essa é a forma de fazermos uma homenagem justa e coletiva à classe, sem citar nomes específicos, porque pessoas que foram fundamentais para a implantação, como a jornalista Margarida Marques e o reitor Jair Madureira, faleceram”.
Edson Silva afirma que a homenagem é um reconhecimento a todos que participaram do processo de criação do curso. “Esta placa é uma manifestação de agradecimento à luta de muita gente que esteve envolvida neste momento histórico do jornalismo no Estado. Aos professores, alunos e técnicos que também ajudaram a alçar o curso ao patamar que está hoje.”
Criação do curso
O processo de criação do curso iniciou em abril de 1984, quando foi eleita a primeira diretoria do Sindjor-MS. Edson Silva, primeiro presidente do Sindicato, afirma que neste período foi criada uma Comissão Pró-Faculdade de Comunicação Social. “Após a posse da primeira diretoria, tratamos de realizar uma grande reunião, onde uma das prioridades era a criação do curso de jornalismo na UFMS. A partir desta decisão toda a categoria se mobilizou para esta iniciativa e foi constituída uma Comissão para viabilizar a implantação”.
A integrante da Comissão responsável pela implantação da curso, jornalista Rose Rodrigues destaca que o Sindicato buscava a formação de novos jornalistas e a regularização daqueles que exerciam a profissão após o ano de 1979. “Quem provava que trabalhava antes de 1979 recebia da Delegacia do Trabalho um registro profissional definitivo, e quem começou a trabalhar depois deste ano recebia um registro “provisionado”, que concedia um tempo para ter a formação em jornalismo e não ficar irregular. Como não existia uma faculdade de jornalismo em Mato Grosso do Sul iniciamos o projeto de implantação do curso na UFMS”.
Segundo Rose Rodrigues, a ideia teve resistências dos veículos de comunicação e dos jornalistas. “Os donos das empresas de comunicação ignoraram a luta e a maioria dos profissionais temiam a concorrência dos novos profissionais”. Edson Silva afirma que as oposições na época eram normais. “As resistências encontradas eram naturais, porque queríamos fazer uma grande alteração no meio, que era melhorar a qualidade da informação em Mato Grosso do Sul”.
O Sindicato dos Jornalistas enviou no final do ano de 1984 uma solicitação à UFMS para implantar o curso na Instituição. Em 24 de outubro de 1985, o então reitor, professor Jair Madureira, publicou Portaria a criação do Curso de Comunicação Social implantando em 1989 depois que o Ministério da Educação autorizou a contratação de professores.
Início do curso
O Curso de Jornalismo, em seu primeiro ano, teve uma equipe formada por quatro professores Maria Francisca, Edson Silva, Mauro da Silveira e Mário Ramires. O professor Edson Silva relata que no início foi difícil dar aulas, por causa da falta de experiência. “Como vínhamos do mercado de trabalho, não tínhamos qualificação acadêmica, didática e pedagógica. Enquanto os alunos aprendiam a ser jornalistas, nós aprendíamos a ser professores”.
O jornalista Eli Moraes, integrante da primeira turma formada pelo curso em 1993, aponta que o corpo docente era um dos problemas. “Contávamos somente com o conhecimento profissional de bons jornalistas da época, que eram inexperientes como professores”.
As aulas eram realizadas em salas emprestadas de outros cursos. Lúdio Silva, integrante da primeira turma, afirma que a estrutura era precária. “Não tínhamos literalmente nada, nem sala de aula”. O professor Eron Brum, que ingressou no corpo docente no segundo ano do curso, destaca que as condições não eram as melhores. “Não havia redação e órgãos laboratoriais. As salas destinadas aos alunos eram sofríveis. Não havia ar condicionado, as janelas tinham de ficar abertas e a invasão de mosquitos era uma verdadeira ‘guerra’”.
No segundo ano do curso foi implementada uma redação com máquinas de escrever e surgiu o jornal laboratório Projétil. Gilmara Leite, integrante da primeira turma, afirma que a experiência no Projétil proporcionava a elaboração de matérias mais aprofundadas. “O jornal não exigia ritmo de jornal diário. Deu a oportunidade de tentarmos exercitar a matéria bem feita, que ouve várias fontes e considera vários aspectos de uma história”.
No terceiro ano, o curso recebeu uma redação informatizada e um laboratório de rádio. Eron Brum relata que “a redação tinha apenas dois computadores, presenteados pelo Curso de Computação. Eles só tinham um editor de texto, chamado Fácil, e sempre que eram ligados precisávamos fazer a programação. Depois veio a laboratório de rádio montada pelo professor Edson Silva que ficava no antigo AutoCine UFMS próximo do Estádio Morenão”.