A Frente dos Jornalistas pela Democracia de Mato Grosso do Sul organizou, na manhã do dia 27 de outubro, o ato denominado "Lugar de Repórter é na Rua", que objetivou esclarecer dúvidas dos transeuntes e desmistificar as principais notícias falsas que circularam nas redes sociais durante o período eleitoral de 2018. O ato foi realizado no calçadão da rua Barão do Rio Branco e se caracteriza como um evento suprapartidário. De acordo com a organização do evento, cerca de 30 jornalistas colaboram com a ação.
Segundo o jornalista e organizador do ato, Walter Gonçalves o intuito da ação foi conscientizar os eleitores por meio do diálogo com jornalistas sobre a importância de compartilhar informações de qualidade e com credibilidade. "Os profissionais estão aqui explicando, elucidando e esclarecendo o eleitor sobre vários fatos que foram discutidos durante a campanha eleitoral na base da mentira. Então estamos aqui falando sobre o Kit gay, sobre ideologia de gênero, Lei Rouanet. Então a gente tá explicando tudo isso aqui, para que o eleitor amanhã vote conscientemente".
Os temas foram divididos em mesas de discussão sobre notícias falsas que geraram polêmicas, como a falsa notícia de circulação de “kit gay” nas escolas. O evento também tratou da corrupção, votos brancos e nulos e liberdade de expressão.
Participantes
A iniciativa para esclarecer temas polêmicos das eleições de 2018 agradou quem participou do evento. Para o representante comercial Marino Silva, os esclarecimentos sobre discussões acerca da Lei Rouanet, ideologia de gênero e outros assuntos pode ser benéfico. "Eu até então não tinha visto nada parecido. Estão trazendo informações que até então eram fake news ou que se confundiam. Achei legal a abordagem e também o assunto".
A servidora pública aposentada Brauda Lima considera lamentável ver o cenário da eleições de 2018. Para ela, o ódio, a violência e as mentiras foram os pilares das campanhas. "É golpe sujo de tudo quanto é lado. Confunde a cabeça, ainda mais dos mais jovens. É um absurdo. Tem candidato que só vai para a televisão agredir o outro. Isso é muito triste para o Brasil". De acordo com a aposentada, o momento político atual nunca foi visto por ela anteriormente e o principal motivo são as notícias falsas.
As pessoas que participaram da ação Frente dos Jornalistas pela Democracia consideram um modo importante para combater a disseminação de notícias falsas, que foram disseminadas nas eleições de 2018 pelas redes sociais.
A iniciativa dos jornalitas
A Frente dos Jornalistas pela Democracia em Mato Grosso do Sul combate a disseminação de notícias falsas e a censura à imprensa. Em sua página na internet, o movimento é descrito como “um grupo de jornalistas profissionais que, preocupados com a atual conjuntura política do país, passível de afetar o exercício de nossa profissão, se reuniu pela defesa da democracia”.
O grupo foi organizado em outubro, após a convocação espontânea para uma reunião entre os jornalistas. O jornalista Walter Gonçalves participou da criação da Frente e ressalta que o movimento ganhou maior adesão dos jornalistas do estado por meio das redes sociais. “Naquele dia, mesmo sendo feriado prolongado, nós ligamos para alguns colegas e marcamos uma reunião. Foram 12 profissionais. Ali nascia a Frente dos Jornalistas pela Democracia MS. Depois disso, anunciamos nas redes sociais, convocando uma reunião mais ampla, aí mais de 30 colegas compareceram e o movimento se ampliou. Hoje somos quase 200 profissionais na frente”.
Os membros da Frente organizaram um manifesto que reafirma a importância da liberdade de expressão, igualdade e isonomia, liberdade de imprensa, direito de reunião, prevalência dos direitos humanos, direito à ampla defesa do contraditório, transparência e acesso à informação como forma de esclarecimento e demarcação de opinião. O movimento conta com 157 jornalistas que assinaram o Manifesto dos Jornalistas pela Democracia MS.
Profissão
De acordo com o jornalista Gerson Jara o combate à desinformação promovida pelas notícias falsas é um fator determinante para possibilitar a democracia no segundo turno nestas eleições. Jara afirma que também é necessário esclarecer o papel dos profissionais jornalistas. "Nós jornalistas temos o papel de mediar a qualidade da informação que o cidadão recebe, hoje no momento que o país está atravessando com uma nova ferramenta que são as redes sociais, nós estamos sofrendo um verdadeiro bombardeio de informações que nem sempre tem a qualidade de apuração e zelo necessário que os meios de comunicação tradicionais oferecem".
Jara ressalta a importância do evento "Jornalistas pela democracia" às vésperas das eleições. O objetivo é explicitar assuntos de notícias que geraram muitos compartilhamentos de notícias falsas nas redes sociais em todo o país para os eleitores. "Nesse momento iniciativas como nossa é no sentido de estabelecer um diálogo com a sociedade em temas que geram muitas dúvidas, muitas confusões e que são temas importantíssimos que faz com que o cidadão decida o seu voto".