PRESERVAÇÃO

Araras-Canindé são objeto de pesquisa em Campo Grande

Projetos de preservação ajudam espécies de Araras a se reproduzirem

2/08/2016 - 01h56
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A Arara Canindé (Ara ararauna) se tornou objeto de pesquisa em Mato Grosso do Sul para preservação da espécie, que está em extinção em alguns estados brasileiros. A ave é encontrada desde o leste da Amazônia ao norte do Paraguai, até a divisa entre Amapá e Guiana Francesa. A espécie é foco de projetos de pesquisa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e no Instituto Arara Azul para conhecer os hábitos das aves e identificar locais de reprodução, principalmente na área urbana.

O professor de biologia e atual coordenador do curso na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Rudi Ricardo Laps, afirma que “nenhuma cidade do tamanho de Campo Grande tem uma quantidade de Araras como vemos aqui, turistas e até mesmo biólogos que visitam a cidade ficam espantados com a quantidade de Araras-Canindés”.

 As Araras são monogâmicas, fiéis uma a outra. (Foto: Rafaela Fernandes)

De acordo com a professora Neiva Guedes, as araras pertencem a família Psitacídeas, junto aos papagaios, periquitos e maracanãs. São conhecidas por suas penas coloridas e por serem as aves mais inteligentes, devido ao cérebro mais desenvolvido. Possuem capacidade e habilidade de imitar vários tipos de sons e até mesmo palavras. Além disso, são monogâmicas, uma forma de relacionamento em que o indivíduo tem apenas um parceiro.

De acordo com Laps, é preciso entender como a espécie se comporta na natureza e o principal fator a ser identificado são as áreas que usam como ninhos. "Elas cavam um ninho, ou usam um que já usaram no ano anterior e colocam os ovos ali pra ficarem cuidando muito tempo dos filhotes". Ele também acrescenta que é fundamental o levantamento de risco no local. "Na verdade é preciso identificar as áreas que elas estejam em perigo e de que alguma maneira, através de um empreendimento ou plantio possa afetá-las".

  Ocos são ninhos de araras (Foto: Rafaela Fernandes)

Rudi Laps destaca que a principal iniciativa  para a preservação das araras é o Projeto Araras Urbanas, desenvolvido pela professora Neiva Guedes, para implantação de ninhos artificiais em Mato Grosso do Sul, tanto na capital, como no Pantanal. A falta de ninhos naturais é o principal fator que interfere na reprodução das araras porque elas precisam de ocos das árvores. Laps afirma que com a criação de gado no Pantanal, que se alimenta das mudas de Manduvi, acarreta um déficit dessas árvores que possuem cerne  macio, suscetível para formação de ocos. "Dessa maneira, se colocarmos os ninhos artificiais, a gente fornece o que falta. É uma maneira de você contornar um problema".

Ele ressalta que também existem no estado outros projetos como o buraco das araras, em Jardim para preservação, principalmente, de araras vermelhas, e o Projeto Arara Azul, que monitora mais de três mil espécies no pantanal sul-mato-grossense. Na UFMS, no câmpus de Campo Grande, foi realizado um levantamento para saber o que as araras comem e a partir desses estudos foi criado um projeto em parceria entre a professora Neiva Guedes e o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS),  para entender o comportamento e os hábitos das Araras-Canindés.

Laps afirma que as iniciativas e as características favoráveis do Cerrado, permitem que a espécie em Mato Grosso do Sul seja preservada. "Eu estou aqui há seis anos e sempre que eu vejo uma arara eu vou olhar. Ainda não consegui me acostumar, porque aqui é uma coisa comum e eu sou de Santa Catarina, onde a Arara-Canindé está extinta. Nós tínhamos duas espécies de Araras no estado e agora não temos mais nenhuma".

 
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