RURAL

Jardim de plantas tóxicas é cultivado na UFMS

Campo que comporta espécies de plantas prejudiciais ao rebanho é o primeiro do estado

Danielle Mugarte, Larissa Ferreira e Maria Carolina Lins16/08/2016 - 08h12
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Plantas tóxicas do cerrado e do pantanal são cultivadas na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Famez), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O projeto "Campo Agrostológico de Mato Grosso do Sul" cultiva e estuda 28 espécies. O jardim conhecido como “jardim perigoso”, um dos maiores do país, faz parte de uma pesquisa que iniciou em 2012 e pretende analisar plantas tóxicas que causam doenças, lesões, aborto e até a morte de animais.

De acordo com o médico veterinário, coordenador do projeto e professor da Famez, Dr. Ricardo Antônio Amaral de Lemos, o que motivou a pesquisa era o índice de animais mortos por plantas tóxicas no estado e como isso afetava economicamente o agricultor. O trabalho realizado por ele também serve para orientar produtores, veterinários e estudantes destas áreas sobre a toxicidade destas plantas e os males que podem causar aos rebanhos.

 
Fonte: Ricardo Lemos

 

Estas plantas, como a brachiaria, parecida com um capim e a vernonia rubricaulis, de folhas finas e flores lilases, ambas comuns no estado, prejudicam os rebanhos bovinos, ovinos, equinos e caprinos que ingerem as espécies tóxicas presentes no pasto. Existem as plantas forrageiras, geralmente, gramíneas e leguminosas usadas como fonte de alimento para os as animais e as tóxicas, espécies que apresentam princípios ativos com ação tóxica em alguma de suas partes.       

Lemos explica que a principal mudança vista foi que alunos e produtores conseguem identificar essas plantas com maior rapidez e certeza. Ele diz que casos que envolvem estas plantas começaram a ser registrados em 1993. Em 1985 existiam pesquisas sobre o assunto. “Provavelmente isso acontecia antes também, mas a partir do momento que esses casos são acompanhados e publicados em periódicos especializados é que temos acesso a esses registro”.

Segundo Lemos, o proprietário que tem problemas com essas plantas, enfrenta problemas econômicos diretos, com a perda de animais devido à mortes e abortos, e com prejuízos para recuperar o animal e para controlar e eliminar  as plantas do local.  “Além de serem nocivas, essas plantas, em sua maioria, não tem utilidade como forrageiras e ocupam um espaço que poderiam estar sendo ocupado por uma espécie que fosse benéfica para os animais”.

Lemos fala que existem vários métodos para controlar as plantas tóxicas. O mais tradicional e ineficaz é tentar eliminá-las com herbicida, arrancá-las, queimá-las, o resultado não é tão satisfatório, pois o custo é alto e contamina o meio ambiente. Outra forma é tentar isolar as áreas e limitar o acesso das animais, o que traz prejuízo, porque o fazendeiro tem que gastar com cercamento e muitas vezes não é viável, pois estas plantas estão no meio da pastagem, e os animais são impedidos de aproveitarem as plantas forrageiras que estão lá. “O foco está mudando para tentar entender melhor as condições em que ocorrem essas intoxicações e ai estabelecer essas medidas de controle”.

De acordo com o professor, teorias defendem que há duas formas de controlar as intoxicações nos animais por plantas. Uma delas é tentar selecionar geneticamente animais resistentes e a outra é tentar adaptar essas animais para se tornarem resistentes a esses elementos tóxicos das plantas.

 

 As características das plantas tóxicas é um dos fatores que influenciam na quantidade de morte dos animais . Lemos afirma que existem plantas que podem matar animais com uma dose de 1g ou 2g de planta por quilo do animal e outras que precisam de 40g/50g. “Se o animal consumir uma planta muito tóxica e estiver passando por carência alimentar, então o número de casos será maior. É um conjunto de fatores”.

 

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