MEIO AMBIENTE

Manifestantes protestam contra políticas ambientais e queimadas na Amazônia

Protesto ocorreu na região central de Campo Grande e mobilizou estudantes, pesquisadores, professores e organizações não governamentais contra o desmatamento sem controle

Guilherme Correia e Izabela Piazza24/08/2019 - 18h31
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Biólogos, estudantes e pessoas em defesa do meio ambiente realizaram protesto em Campo Grande na noite do dia 22 de agosto contra as queimadas na Amazônia. A concentração de manifestantes começou na Praça do Rádio Clube, na avenida Afonso Pena e prosseguiu até a Prefeitura Municipal de Campo Grande. A manifestação foi organizada por estudantes e divulgada nas redes sociais. Outras cidades do país tiveram passeatas e protestos contra as queimadas, como Salvador, Belém, Recife, Maceió, São Paulo, Brasília, Rio Branco, Rio de Janeiro. De acordo com base de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão responsável por registrar os focos de queimadas no Brasil, nos dias 23 e 24 de agosto cerca de 1.130 focos de incêndio aconteceram no país. Na região Centro-Oeste foram 299 pontos de foco.

 

 

A bióloga Isadora Caroline Oliveira Silva, presente na manifestação, afirma que a participação no protesto é importante para conscientizar a sociedade das medidas tomadas pelo Governo em relação às queimadas na Amazônia. “Ninguém aguenta mais esse desastre ambiental que o Governo Bolsonaro está fazendo em nosso país. A Amazônia já está em um período de seca e se você joga fogo nesse período, a floresta não consegue se reerguer". Ela ressalta que as políticas ambientais estão mais brandas com o atual Governo. "Ele [Bolsonaro] afrouxou todas as leis ambientais, isso juntou fazendeiros e ruralistas para causar esse grande destroço ambiental que está ocorrendo".

 

Cartazes são utilizados na passeata para mostrar a opinião dos manifestantes (Foto: Guilherme Correia)

O estudante do curso de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), Cleriston da Costa também esteve nos protestos em prol da Amazônia e alerta sobre o risco do uso de agrotóxicos ao meio ambiente defendidos pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. “No Brasil são liberados agrotóxicos proibidos lá fora, mas muitas pessoas não acreditam nisso. O que está acontecendo não é uma ação da natureza se auto regulando”. Segundo o Ato Nº 42, de 19 de junho de 2019 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, publicado no Diário Oficial da União (Dou), 42 agrotóxicos foram registrados pelo órgão, dos quais 22 são classificados como “Classe II - Produto Muito Perigoso ao Meio Ambiente”. Para Costa, os protestos são essenciais para proteger o meio ambiente e, principalmente, a Amazônia.

 

Gritos de manifestantes repudiam as atitudes do Governo Bolsonaro (Foto: Guilherme Correia)

 

A estudante do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Camila Ajara faz parte do Movimento Acredito e destaca que a manifestação é necessária para um desenvolvimento mais consciente do país. “O Brasil tem que se desenvolver sim, mas se desenvolver com responsabilidade, se desenvolver se comprometendo com o Meio Ambiente e crescer sustentavelmente”. Ela explica que o Movimento Acredito apresentou ao Congresso Nacional uma proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das queimadas. Segundo postagens nas redes sociais do Movimento Acredito, a CPI defende a investigação do aumento de incêndios na região amazônica. Camila Ajara ressalta que as declarações do governo Bolsonaro em relação às queimadas são atitudes irresponsáveis. “Ele não assumiu a postura de um governante, o grande dom de um político é fazer a conciliação, é fazer a política de confiança”.

 

A bióloga Larissa Cristina Hjort também aderiu ao movimento. Segundo ela, é necessário cuidado redobrado na região amazônica. “Se a Amazônia chegar a um nível de desmatamento grande, alguns especialistas apontam 27% outros 40% de desmatamento, o bioma amazônico não vai conseguir se sustentar, não vai conseguir ter essa produção, eficiência, em umidade para as outras regiões do país, e isso pode causar impactos biológicos e econômicos no Brasil”. De acordo com Larissa Hjort, as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul são dependentes da umidade produzida na região amazônica.

Ela afirma que as atitudes de Jair Bolsonaro representam um desgoverno e que o presidente tem seguido o discurso durante a campanha eleitoral. Larissa Hjort alerta que, atualmente, todas as discussões são confrontantes. A bióloga considera difícil indagar as colocações feitas por Bolsonaro. “Quando ele contra-argumenta de uma maneira esdrúxula, mais simples, as pessoas acabam acreditando no que ele diz. Fica muito mais fácil acreditar. É cansativo toda essa contra argumentação que temos que fazer, porque acreditam realmente nele, temos que ficar rebatendo tudo que ele [Bolsonaro] fala”.

O fotógrafo Gabriel Moreira, especialista em fotografias de natureza, acompanhou a manifestação e concorda com as críticas feitas pelos outros manifestantes presentes. Segundo ele, o Governo Bolsonaro é irresponsável e desorganizado.“Ele não sabe o poder do cargo que ele tem, ele fala da boca para fora para gerar polêmicas afim de ganhar atenção, ou até desviar a atenção de problemas mais graves”. Moreira também relembra que, nas eleições presidenciais do ano passado, Bolsonaro prometeu mudanças. “Ele [Bolsonaro] convenceu uma grande parcela da população de que o Governo seria diferente, e o que a gente vê é um Governo que em oito meses conseguiu ser pior do que qualquer Governo”.

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